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Estava fazendo brigadeiro na cozinha enquanto os meninos levavam um colchão grande para o meio de nossa sala. Eu posso estar aprendendo a conviver com o infantil do Lorenzo, ate ri de uma de suas piadas dentro do mercado. E nem ao menos tentei joga-lo em frente a um carro no estacionamento. Não que nao tivesse me passado pela cabeça querer atira-lo na frente de um carro prata que passou rapido por nos enquanto chegavamos com as compras. Mas ao todo, ate que aturei bem.

-Você quer ajuda? - falando no palhaço.

Tiro a atenção de meu lindo brigadeiro na panela e olho para o garoto em minha frente franzindo minha testa.

-Desde quando mimadinho ajuda? - pergunto dando um sorrisinho de lado.
Ele por sua vez revira seus lindos olhos enquanto chegava mais perto.

-E desde quando animal aprendeu a falar - ele rebate dando um sorriso provocativo.

-Será que não dá pra falar com você sem ter vontade de cortar sua garganta?

-Mas foi você quem começou.

-Mas foi você quem começou - digo com uma voz esganiçada tentando imitar sua voz - Sinceramente quanta infantilidade - termino e apago o fogo ao sentir cheiro de queimado do meu brigadeiro.

-Eu so perguntei se você queria ajuda - ele diz logo depois de um suspiro dramatico.

-Que seja - respondo ainda olhando para seus olhos.

Passamos alguns segundos nos encarando em silencio. Não estava nada mal encarar Lorenzo com a boca fechada. Mas esse momento nao durou muito mais que alguns segundos.

-Que tal nos beijarmos para acabar com essa tensão - ele diz sorrindo mostrando suas lindas covinhas.

-Você me dá nojo - eu digo enrrugando o nariz.

Ele dá um pequeno riso enquanto sai em direção ao balcão, pegando de dentro um pote vermelho de plastico. Ele vem ate mim segurando o pote com uma das mãos e solta em cima do balcão ao qual eu estava com minhas costas inclinada. Ele ficou ali me encarando de perto, eu sentia seu cheiro suave de ortelã e seu perfume levemente amadeirado, uma combinação muito boa para falar bem a verdade.

-Vocês garotos nao tem algum ditado do tipo: irmã de amigo pra mim e cara? - pergunto enquanto ele me encarava com um pequeno sorriso desenhado em seus labios.

-E desde quando Chris tem ciumes de você? - ele pergunta chegando seu rosto mais para perto do meu me fazendo sentir sua respiração contra meu rosto.

Observando ele mais de perto pude perceber algumas sardas discretas pelo seu rosto, me fazendo dar um pequeno sorriso ao reparar em seus detalhes.

-Vocês preferem assistir o chamado ou jogos mortais - Chris entra na cozinha segurando um controle de TV. Pisquei varias vezes como se tivesse saido de algum tipo de tranze. Olho novamente para Lorenzo e reparo que o mesmo esta sutilmente corado. Pergunto-me se acabei de presenciar Lorenzo ficando envergonhado.

-O chamado - respondo engolindo em seco.

-Eu atrapalhei alguma briga? - Chris pergunta arqueando uma de suas sobrancelhas.

Eu e Lorenzo nos entreolhamos e logo olhamos para Chris novamente.
-Vem, vamos arrumar a sala - Lorenzo vai ate Chris empurrando o mesmo ate nossa sala.
Fecho meus olhos abrutamente e suspiro alto. Se Chris não tivesse chegado a tempo o que poderia ter acontecido? So de pensar me dá vontade de vomitar.

...

Depois de algum tempo de filme, Chris ja havia dormido no colchão que estava no chão em que ele e Lorenzo iriam dormir.

Eu e Lorenzo continuavamos prestando atenção no filme. Quer dizer, eu estava prestando atenção no filme. Durante maior parte do tempo Lorenzo ficou me encarando. Eu percebi em uma hora mas decidi não falar nada, so olhei, o que fez com que Lorenzo virasse seu rosto para a tv tão brutalmente que seu pescoço estralou.

-Perdeu alguma coisa aqui - pergunto num tom bem arrogante.

-Não, por que? - respondeu no mesmo tom.

-Porque pelo o que eu saiba o filme ta pra la.

-Obrigada por me avizar. Eu nao conseguiria descobrir sozinho - ele respondeu debochado.

Revirei os olhos e me deitei no sofa ficando de costas pra ele.

-Idiota metidinho de merda - sussurei em um tom que ele pudesse escutar.

Escutei seu riso fraco e fechei meus olhos. Mas como não se tem descanso com esse garoto por perto sinto um travesseiro bater em minhas costas. Atiro novamente com toda minha força. E ele novamente atira o travesseiro em mim.

-Ja que ta me atirando seu travesseiro acho que nao vai precisar dele - digo abraçando o travesseiro e sentindo o cheiro de seu perfume.

-A não melanie. devolve - ele diz autoritario.

-Não - respondo apenas.

-É serio - ele diz em tom de choro.

Ui parece que alguem esta de tpm.

-Toma seu idiota - falei em tom agressivo atirando seu travesseiro.

-Eu sabia que por dentro desse monstro havia um coração bom.

Dou um pequeno sorriso e fecho meus olhos.








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