[1.5] puxe o gatilho, prometo não gritar

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                                 🚬

Eu tinha uma arma apontada para minha cabeça, e disse "atire", sentindo minha garganta arder, parecia que todas as dores haviam rasgado meu ser. Minha alma sangrava e eu não sabia que era possível sentir aquilo tudo.

No final, eu era fraco, e faria de tudo para fugir de mim mesmo.

                                [...]

— Como foi?

— Ele está bem, sorria que nem um besta quando se olhou sem os curativos. — Jimin tinha um sorriso no rosto também, era lindo.

— Vai me contar como conseguiu o dinheiro agora? — falei baixo, não querendo causar emoções extremas como quando daquele dia. 

— Seokjin me emprestou. — parecia tranquilo ao falar, indiferente.

Eu não sabia o que dizer, não tinha nada o que acrescentar. Então apenas balancei a cabeça, voltando a descansar minhas costas no chão gelado. Jimin havia voltado aquela noite, apesar de estar contente pelo sucesso da cirurgia de Jaeho, parecia aéreo e ansioso. Tentei perguntar, mas seu silêncio serviu de resposta.

Ele se deitou ao meu lado, sem camisa, assim como eu. Iria juntar nossas mãos, porém Jiwoo entrou pela porta, sendo intrometido como nunca foi, na verdade. Ao seu lado estava Minho, o menino que tinha apanhado do irmão. Depois que o salvamos ele nos contou a história por trás do escândalo, estávamos tentando arrumar uma solução. Tudo estava uma bagunça.

— Quer ir chapar com a gente? Vamos estudar para as recuperações também. — Woo parecia bem como não estava há semanas, ver seu sorriso diariamente me fazia bem.

— Podem ir, vou ficar um pouco com o Jimin. — eles concordaram e saíram, batendo a porta no processo.

— Você vai continuar no colégio por uma semana. — sim, eu sabia. — Queria curtir com você antes de ir. — aquilo era novidade, "antes de ir".

Ele falou baixo, como se estivesse falando sozinho. Pensei que não deveria questionar, mas o barulho desconfortável que ele fez com a boca atiçou minha curiosidade. Virei meu rosto para visualizar o dele, os fios laranjas desbotados e sem vida, me fazendo sentir falta da cor chamativa que residia anteriormente.

— Ir para onde? Do que está falando? — toquei sua bochecha, subindo para a testa e parando na franja que estava grande.

— Faculdade. 

Eu sabia que ele havia tentado algumas universidades, mas não que havia sido aceito. Nem mesmo tive tempo para pensar naquilo.

— Você foi aceito? — tive que sentar, a tensão tomou domínio dos meus músculos e de repente minha cabeça doía.

— Sim.

— Eu estou feliz. — e ansioso também, nunca havíamos falado realmente sobre aquilo.

Eu e Jimin vivíamos o momento, realmente, não conseguia me lembrar de um dia que paramos para falar sobre aquilo. Quando eu era menor desejava ser pintor, por causa dos meus desenhos, mas então eu entrei no ensino médio e vi que passar mais anos estudando não era para mim. Eu não me via mais dois, três ou talvez mais preso em uma vida acadêmica. Não era para mim. 

Entretanto, eu também não havia pensado sobre a opinião de Jimin. Ele não falava muito sobre suas ambições, e até certo ponto eu entendia, jamais forçaria a barra. De certa forma, saber daquilo fora um baque.

— Você nunca falou sobre isso... — uma risada fraca soou para esconder meu nervosismo. 

— Eu fiz essa escolha alguns meses atrás, foi de repente. — ele estava sentado agora, as mãos inquietas passando pela nuca e cabelo. 

Erva, love e você | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora