1- Adaptação

881 52 10
                                    

Ninguém jamais poderia imaginar em como aquela batalha acabaria. O monstro Cell parecia impossível de ser derrotado. Todos os guerreiros haviam tentado, cada qual com seus poderes e técnicas, mas ninguém, nem mesmo Vegeta havia conseguido. A sensação era de incompetência para todos. Mas, no último minuto de luta, quando tudo parecia perdido, um bravo e forte Gohan, até antão sentindo-se incapaz de vencer o tal monstro, ganhou reforços e surpreendentemente derrotou Cell, jogando nele um imenso KAMEHAMEHA que explodiu e eliminou o monstro de vez.

Infelizmente Goku havia morrido e os únicos representantes da raça saiyajin agora eram Gohan, Vegeta e Trunks, que era apenas um bebezinho, embora sua versão futurística alí tivesse permanecido durante a batalha, morrido e depois revivido ao final.

Após os desejos feitos a Shenlong, para que revivessem os mortos durante a batalha e para que retirasse a bomba dos Andróides, muita coisa mudou. Gohan tornou-se mais confiante em si, nos seus poderes e em quem ele era naquele mundo.Os guerreiros Z, mais tranquilos pela paz na terra naquele momento, ainda pensavam que o treinamento contínuo era o único caminho a seguir para futuros problemas que pudessem ocorrer. E Vegeta... Bem, este, com toda a certeza, a partir daquele momento não era mais o mesmo.

***

Todos ainda estavam reunidos no lado externo da Corporação Capsula. Bulma, seus pais, Vegeta, e todos os amigos de Goku estavam se despedindo de Trunks, que se preparava para voltar para seu futuro, cheio de felicidade pela experiência que teve ao lado de todos aqueles de quem só ouvira falar por sua mãe, e totalmente realizado ao poder conviver com seu pai, mesmo que por tão pouco tempo. Trunks sabia que mesmo que Vegeta não voltasse a existir em seu futuro, no passado ele seria constante em sua nova vida.

E foi assim que o rapaz olhou para ele numa ultima tentativa de mantê-lo gravado em sua memória, sendo correspondido por um gesto inusitado de cumprimento que o pai lhe fizera com a mão, e que o garoto jamais esqueceria. Alçou voo instantes depois e perdeu-se com sua nave pelos céus, num brilho que marcava o recomeço para todos.

Vegeta, ali, encostado na árvore, permaneceu pensativo. Olhou para o chão, fixando os olhos em um ponto qualquer, e depois para o céu. Pareceu um tanto analítico, os braços ainda cruzados, a cara ainda fechada. A aparente paz, no entanto, fora interrompida por um leve empurrão de algo macio que sentiu nas pernas. Fitou de imediato a figurinha que havia engatinhado até ele e agora sentava-se de forma atrapalhada sobre seus pés, após um leve tombo, a olhar para ele com face carrancuda e ao mesmo tempo doce e dependente - completamente dependente. O sayajin respirou fundo, numa mistura de emoções que nem ele soube o que era. O coração disparara como um tambor no peito, os dedos chegaram a se afrouxar ainda escondidos no cruzar de braços que a postura mantinha. Quis abaixar-se e erguer aquele moleque com nunca antes o fizera, olhar nos olhos dele e tentar entender como pôde passar a gostar tanto da idéia de ser pai. Mas, a seu ver, ainda havia muita gente alí, o que ainda reprimia muito a forma com que ele tinha de transmitir e demonstrar seus sentimentos. Sem muita alternativa, ele conteve-se e permaneceu parado, até que Bulma viu a situação e correu para pegar o filho.

- Está tudo bem? – A figura dela veio sorrindo e se aproximando de Vegeta, abaixando-se para pegar Trunks no colo. Diante da falta de resposta dele, ela apenas seguiu com o filho nos braços e começou a se distanciar, sorrindo e jogando o menino para o alto, pegando-o em seguida, numa cena de brincadeira que Vegeta julgou como boba. Aquilo arrancou sorrisos do menino, que mesmo com a feição dura que herdara do pai, conseguia demonstrar que estava feliz. De repente, Trunks desviou o olhar da mãe, cessando as gargalhadas e erguendo para trás de Bulma o braço e abrindo a mão como se para agarrar algo. Era a inconfundível figura do pai que o atraía, e o pequeno esticava-se para retornar para Vegeta, que mesmo que disfarçasse, olhava de canto para eles. O pequeno abriu a boca e balbuciou com muito esforço as palavras que a apurada audição de Vegeta pôde de forma contundente contemplar:

Que seja um novo diaOnde histórias criam vida. Descubra agora