Tudo a desmoronar

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Às sextas-feiras nós dois costumávamos ir ao restaurante da sua mãe, a senhora Kim sempre nos recebia com um enorme sorriso no rosto e uma vontade gigantesca de me encher de comida, você ria sempre das caras e bocas que eu fazia quando ela dizia que queria um netinho de cabelos cacheados e olhos como os seus, e bem, eu não gostava nada dessa conversa. Em uma sexta-feira durante o regresso do restaurante para casa conversámos sobre coisas banais do nosso cotidiano e tudo parecia tão bem até aquela ligação, maldita ligação. Você pareceu mudar o semblante na hora, e eu como uma namorada preocupada e uma mulher curiosa perguntei quem era, você simplesmente desconversou dizendo que era alguém do trabalho e que depois acertaria com o supervisor do setor que você trabalhava, eu sabia que não era alguém do trabalho, você nunca recusaria uma ligação do serviço, mas eu tentei não pensar no pior.
Sabia que poderia confiar em você, você me amava mais do quê tudo. Porém, eu não consegui dormir bem àquela noite, tive pesadelos os quais você me abandonava e partia com outra pessoa, alguém que o fizesse mais feliz do que eu o fazia.
No sábado pela manhã, você me acordou com beijos e abraços e eu recuei falando que estava com dor de cabeça, pois não queria parecer indefesa e aceitar que você havia mentido para mim.
Mas o quê mais dói em mim, é que eu tive oportunidade de vencer o meu orgulho e te dizer o que eu realmente sentia, mas eu não fiz a tempo de ouvir o seu perdão. A partir daquele sábado nossas histórias se desconectaram, nossas vidas foram em busca de perspectivas diferentes, e eu sei hoje a dor que tudo isso nos causou, pois foi ali que tudo começou a desmoronar.

Atenciosamente, sua girassol

Cartas Para Meu AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora