Demonic Souls

Prologue

"Não existe triunfo sem perda, não há vitória sem sofrimento, não há liberdade sem sacrifício."

O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

Atlanta, Geórgia - Estados Unidos

09 de Fevereiro de 2014

02:15 A.M.

POV Alexia Johnson

— Claro que eu não deveria estar aqui — Falei após tomar a minha décima dose de tequila, meu corpo inteiro fervia enquanto Kimberly dançava com um copo de vodca em mãos

— Lexie, você ficou tentando fazer o seu TCC durante a semana inteira! Precisa relaxar —

— E não consegui chegar em lugar algum! Amiga, você já está no que... no quarto capítulo da sua história? NEM TENHO UM TEMA AINDA! — Senti o choro subir na garganta, ótimo, desmorone no meio de uma boate, Johnson!

— Mas você vai conseguir, já te disse que tem que deixar fluir naturalmente! — Revirei os olhos focando na bandeja de doses a frente, minha melhor amiga que diferentemente de mim sabia mexer o corpo como ninguém, se encontrava em pé, rebolando sensualmente com a cabeça tombada para trás e os longos fios vermelhos jogados pelos ares, chamando a atenção da maioria dos homens por ali

— Eu vou é encher a cara — Me pronunciei virando mais três doses de uma vez

Não seria insana ao ponto de tentar dançar, todavia, encostei o corpo no tronco do sofá e fechei os olhos pensando no quanto os últimos meses vem sendo difíceis de superar.

A música alta me impedia de conseguir raciocinar direito, o álcool correndo pelo meu sangue só me fazia querer beijar e transar com o primeiro cara que passasse na minha frente, precisava relaxar e gozar talvez fosse uma boa ideia.

O problema? Raramente homens como os que estão aqui no dia de hoje, sabem como satisfazer uma mulher.

Não que eu fosse uma atriz pornô na cama, minha experiencia se baseava em um cara, em um maldito cara

Balancei a cabeça em negação, Mike era a última pessoa que eu queria lembrar naquele momento.

Esperei que a batida alta tomasse conta de meus pensamentos, mas de nada adiantava, tudo me fazia voltar ao trabalho de conclusão de curso

Sonhos, eles fodem a gente, não é mesmo?

Tendo como o maior objetivo de vida me tornar uma jornalista de prestigio, sigo presa em um dilema graças ao TCC imposto para mim, a tarefa na teoria era simples, teríamos que criar uma história, ponto, só isso. Porém, eles não queriam um conto comum, exigiram criatividade, exigiram inovação, exigiram algo que conquistasse o leitor e o fizesse delirar, exigiram, nada mais nada menos do que a perfeição.

Se isso já não fosse pressão o suficiente, ainda afirmaram que o dono da melhor narrativa ganharia a chance de participar de uma entrevista na maior emissora da cidade, não sabia como e nem o que faria para conseguir conquistar isso, mas tinha certeza de que aquele título, era meu.

Desde pequena, minha avó Mercedes costumava dizer que não havia nada que eu não conseguisse conquistar se lutasse o bastante para isso, vindo de uma pobreza extrema, a mulher possuía uma boa carga de experiencia para me passar, já que graças aos próprios esforços, se tornou uma advogada renomada na área criminal. Hoje, vivo da herança deixada por ela graças a anos e anos de trabalho. Sim, herança. Infelizmente, minha avó materna, a mulher que me criou e me ensinou a ser quem sou, veio a falecer no fim do ano passado. Ela era tudo o que eu tinha, a ultima peça familiar de pé, meu ultimo laço sanguíneo vivo. Um acidente de carro a matou na hora, até hoje as autoridades não sabem direito o que aconteceu, dizem que ela perdeu o controle e acabou atravessando o sinal no farol vermelho, mas é difícil acreditar quando convivi com a Johnson maior e sabia que ela não suportava quando eu ultrapassava os 100km/h. Sobreviver ao luto fora uma tarefa difícil, cheguei a ficar sem comer, me recusava a continuar a viver sem ela, parei no hospital por exatas duas vezes, até que percebi que não poderia entregar os pontos assim, Mercedes era uma guerreira e me moldou a sua semelhança, apesar de ter plena convicção de que nunca conseguiria chegar aos seus pés, acabei por me reerguer.