Capítulo 2

1.1K 54 6
                                    

        - Vai logo, Bill! - Nina gritou, impaciente. 

A tamanha delicadeza com que Bill a tratava, incomodava-a. Ele estava demorando demais para passar o produto em seu cabelo. Logo sua mãe chegaria e não daria tempo. Tom os observava, sentado na cama em sua frente, rindo. 

- Tá rindo do que? Bill tá me pintando de palhaça por acaso? 

- Ele não precisa pintar, você já parece uma. 

- Vai se catar...

Tom e Nina trocaram elogios durante os 20 minutos que Bill demorou, como sempre. Logo após prender os longos cabelos loiros da menina com uma piranha, limpou suas mãos. Ela ficaria ainda mais linda.

- Pronto, agora só esperar mais uns 40 minutos... Acho que sua mãe não chega antes disso... - Disse sorrindo.

- Eu espero que não! - Pegou o espelho que Tom segurava e observou, para ver se não faltava nem uma mecha. - Você faz isso muito bem, Bill! Não faltou nada! 

A menina levantou-se e abraçou o amigo, dando-lhe um beijo no rosto. Tom apenas observava quieto. Não sabia o porque, mas sempre que via seu irmão muito próximo de Nina, sentia algo estranho. Como se fosse uma pequena quantidade de aborrecimento queimando em seu interior. 

Bill retribuiu o abraço com um intenso sentimento de amizade. Gostava muito de Irina. Quando ele escrevia sobre amor em suas canções, pensava na menina. Ela era tão perfeita em tudo o que a rodeava...

- Obrigado! Você vai ficar mais linda...

- Graças a você!

- Tá, chega desse mela-mela. - Tom falou, exasperado, levantando-se da cadeira. - Vai ficar a mesma coisa horrorosa de sempre. Nada muda.

- Sua opinião pra mim não conta, Tom. - Disse, olhando-o de braços cruzados. 

- Problema seu. 

- Chega de briga vocês dois! Isso enche o saco! - Bill bateu as mãos ao lado do corpo, inconformado. Há dez anos conhecia Tom e Irina. Há dez anos eles falavam daquela jeito um com o outro. - Vão acabar namorando desse jeito!

- ECA! - Ambos gritaram em coro. 

-  Com ele nunca. - Ela disse.

- Jamais vou namorar com essa aí.

- Sei. - Bill levantou uma sobrancelha. - Enquanto esperamos pra lavar seu cabelo, poderiamos fazer alguma coisa...

- Tipo o quê? - Ela indagou, sentando-se na cama de Tom.

- Vamos ver um filme, cantar algumas músicas, sei lá... Pra passar o tempo mais rápido. - Ele se sentou na cama ao lado.

Tom pegou a guitarra ao lado de sua cama e começou a tirar algumas notas. Logo, Bill e Nina cantavam, enquanto ele tocava. Nina possuía uma bela voz, mas não era tão ligada a música como os dois meninos. Escrevia algumas letras e as jogava fora depois. Acreditava que não nascera para aquilo. Bill não se conformava. 

Passado os 40 minutos, Bill a levou para o banheiro do quarto e a fez colocar a cabeça embaixo do chuveiro. Demorou quinze minutos até que tudo  tivesse saído. Lavou os cabelos como de costume e secou-os numa toalha velha dada por Tom. Nina olhou-se no espelho e amou o que viu. Deu um grito de empolgação e saiu do banheiro, correndo para os braços de Bill, com um sorriso enorme. Mais uma vez, eles haviam satisfeito sua vontade. 

- Ficou lindo! Eu amei! Obrigada, obrigada, obrigada! - Beijava o rosto de Bill inteiro.

- Que bom! - O menino riu. - Deixa eu ver.

Unendlichkeit [Tokio Hotel]Onde histórias criam vida. Descubra agora