In the middle of the chaos

Velha cabana na floresta

Scarlett

Assim que guardei meus pertences no meu quarto, me despedi de Hazel e saí novamente. Nós morávamos juntas. Ela era mestiça, coreana e norte americana, já eu, apenas norte americana. Nascemos em Salem, cidade costeira no Condado de Essex, Massachusetts, e crescemos lá. É aquele famoso clichê, nos conhecemos nos primeiros anos do fundamental e viramos amigas inseparáveis desde então. Quando nos graduamos na universidade, Hazel veio morar na Coreia do Sul graças a uma oportunidade de ser quadrinista e editora numa famosa empresa de webtoons e a casa herdada de seus avós na montanha em Naejangdong, e eu, que não sou nem um pouco grudada com essa menina, vim morar com ela a fim de me aprofundar nos estudos de magia. As ruas na montanha eram estreitas, porém pouquíssimos carros passavam por ali. Seguindo ladeira abaixo da montanha, cheguei ao bairro e trilhei meu caminho até o coven. O relógio da praça central, onde se encontrava o meu destino, marcava sete horas em ponto.

Assim que entrava, dava de cara com o salão principal do agitado coven. Bruxos e bruxas deslocavam-se para cá e para lá freneticamente. Estavam com expressões para poucos amigos. Nas extremidades do salão havia pequenos escritórios responsáveis por cada grupo de bruxas. E não, não são aquelas bruxas narigudas e horrendas que aparecem em historinhas pra assustar crianças mimadas. São como pessoas comuns com poderes elementais, é isto. Lindas como eu, a propósito. Okay, brincadeiras à parte existem vários tipos de bruxas, mas os principais grupos são: água, fogo, terra e ar. Cada uma delas trabalha no campo que lhe foi destinado quando nasceu, por exemplo eu, que sou uma bruxa de terra, trabalho mais especificamente com ervas medicinais, plantas, cristais, fadas e divindades da natureza, porém também sei algumas coisas sobre magia de fogo, sobre como manipulá-lo e criá-lo. Demônios também trabalham com as bruxas, porém só se quiserem ou se têm dívidas com elas.

Andando no mesmo ritmo agitado do ambiente, me direcionei ao escritório de terra. O escritório também parecia estar turbulento com o barulho que vinha de dentro. Quando bati na porta, todos se silenciaram e um suave "entre" veio em seguida. No momento que entrei, todos na sala soltaram um suspiro aliviado.

— Que bom que chegou, Scarlett! – Minhyuk veio me abraçar instantaneamente. – Gostou do presente lá da floresta?

— Oi, Minhyuk, do que tu 'tá falando? – Olhei confusa para o moço de cabelos negros e depois de racionar um pouco, entendi. – Aquele susto foi você?! Pensei que fosse algo importante, quase matou minha amiga do coração! Você não tem jeito mesmo.

Ele sorriu maldoso. Minhyuk era um demônio, eu o conheci nas aulas de história de magias arcaicas e acabamos virando amigos. Me soltei dele para cumprimentar os outros.

— Olá, senhorita Emily, senhora Olivia, como vão?

— Não precisa me chamar de senhorita, Scarlett, pode deixar essas formalidades de lado. — Disse Emily, com um sorriso sutil nos lábios.

Emily era a mais jovem CEO do Hotel Marriott da área sudoeste da Coreia do Sul e, apesar de não ser coreana, falava muito bem o coreano. Seu hotel era localizado ao lado da montanha por ser um famoso ponto turístico. Emily era uma pessoa animada e amável, mas sua figura a mostrava apreensiva. Seu traje social elegante estava sujo, seu cabelo cor de mel preso num coque desarrumado e os olhos castanhos assustados. Havia algo de errado.

— Oi, Lett, quanto tempo, não? – Senhora Olivia, a qual era encarregada do escritório, finalmente se pronunciou. – Agora, vamos ao que interessa. Houve um homicídio no hotel da Emily e uma nota foi deixada ao lado da vítima escrita "Muitos de vocês ainda irão sangrar, humanos.".

— Mas como assim? Onde aconteceu isso? Em que lugar do hotel? – Perguntei.

— Ocorreu no meu escritório, enquanto estava numa reunião. Quando voltei ao escritório após a reunião, o corpo de um dos meus estagiários estava coberto de sangue e com queimaduras por todo corpo. – Respondeu Emily.