In the middle of the chaos

O início dos problemas

Hazel

Acordei com feixes de luz tremeluzindo sobre meu rosto, dando a entender que já havia amanhecido. Relutando em me levantar, me encolhi como uma bola e me escondi de baixo da coberta, daí, lembrei que não havia dormido com uma coberta e meu livro não estava perto de mim e sim em cima da mesa. Confusa devido ao sono, me sentei no sofá e tentei relembrar a noite passada. Provável que Scarlett tenha feito isso, pensei. Em falar na garota, ela entrou na sala com uma expressão sonolenta e uma xícara na mão, dizendo:

— Resolveu acordar também, é?

—Com essa luz na minha cara, não tem como não acordar. — Respondi também sonolenta.

Scarlett riu de leve e se sentou na poltrona ao lado do sofá em que eu estava.

— Acabei de fazer o café, vai tomar um pouco pra acordar.

Obedecendo, fui até a cozinha e aproveitei peguei, além do café, alguns pãezinhos doces e voltei para sala. Ofereci a ela e assim continuei a conversa:

— Por que chegou tarde ontem? Aconteceu alguma coisa na cidade?

— Tudo 'tá uma grande bagunça, na verdade. – Ela se afundou na poltrona e prosseguiu, já irritada. – O coven 'tava de pernas pro ar! e pra completar, mais tarde teve um tumulto na praça principal. Lembra que eles tinham me convocado porque algo estranho estava acontecendo? Pois bem, alguns sobrenaturais idiotas estão tentando bancar os "revolucionários" e estão, literalmente, matando humanos porque querem vingar seus antepassados que sofreram na Guerra das Raças. Eles mataram um dos funcionários do hotel Marriott e, pelo o que parece, o tumulto na praça também era por conta deles.

— Era só o que faltava, – suspirei tensa. – Mas é só aqui que isso 'tá acontecendo?

— É essa a pior parte, não é só aqui e 'tá se alastrando pelo país.

— E são só humanas as vítimas?

— Creio que sim.

— Engraçado sair matando humanos que não tem culpa nenhuma por conta de grupo de pessoas ruins do passado. – Eu disse sarcástica. – Se for assim, ataquem os políticos, eles que trazem essas discórdias pra cima do povo.

— É um absurdo realmente, mas agora você não precisa se trocar pra ir trabalhar? E é melhor deixar essas energias ruins pra trás porque só 'tá começando.

Bufei e mordi o pãozinho já enfezada. Por que eles estão atacando humanos? Agora vou ter que me esconder ou ter um guarda-costas? Eu não mato nem uma mosca direito, pensei revoltada. Terminei de tomar meu café, levei a louça até a pia e fui para meu quarto me trocar. Um suéter de gola alta, jeans e tênis sempre caem bem no outono. Após a higiene matinal, arrumei minha bolsa e quando ia-me despedir de Scarlett, a garota me impede gritando do outro cômodo:

— Espera! Eu vou junto com você!

— Vai ser minha guarda-costas agora? – Zombei.

Scarlett veio de encontro a mim na porta de entrada.

— Sim, porque esse nenezinha humana precisa ser protegida. – Ela forçou uma voz de criança e, ao me ver revirar os olhos, riu. – 'Tô brincando, preciso ir ao coven me informar melhor sobre como vamos prosseguir com os eventos recentes.

— Mas que bruxa mais importante você, mona.

— É porque sou incrível, querida.

— Esnobe.