Cecília Kupper era uma mulher de poucas palavras, aparentava ter seus quarenta e poucos anos. Seus cabelos prateados e ondulados, com cumprimento médio, sempre caído aos ombros, lhe davam um tom de seriedade. Seus olhos eram grandes e dissimulados, com uma mistura de castanho com lilás.Apesar de ser uma pessoa muito comunicativa, nunca se preocupou em ter amigos, ou ter contato com qualquer outra pessoa da cidade onde morava. Via-se de longe que era uma mulher culta e sempre estava com vestimentas modernas que valorizavam seu corpo alto e esbelto.
Livros era a sua principal paixão, seguidas de pintura e música clássica. Amava se perder em longas histórias, e vivia em prol da sobrinha, que muitas vezes tinha dificuldade, ou até medo em demonstrar seus sentimentos a ela.
A morte dos pais da sobrinha lhe causara uma imensa dor. Sabia que deveria protegê-la em sua ausência, e sua missão, a partir daquele momento, seria a manter segura, afastando-a de qualquer um que pudesse machuca-la. Sua proteção era tão doentia que a mansão tornara a prisão da pequena Alice.
A fim de garantir segurança e bem estar, Cecília se desfez de seu pequeno Chalé, e comprara uma enorme mansão. A escolha foi feito a dedo, precisava de um lugar imenso em que a menina pudesse correr e se esconder. Um lugar onde ela não sentisse necessidade de sair, ou sentisse falta de conhecer outros lugares.
A mansão Kupper já tinha sido habitada por várias famílias importantes, como duques e imperadores. O valor desembolsado fora extremamente alto. Não existia nenhum valor que Cecília não pudesse comprar. Seu sobrinho, o pai de Alice, deixara várias pedras preciosas. Diamantes e Rubis se tonaram a garantia de uma vida confortável à filha em sua morte.
O passado de Cecília era um mistério guardado a sete chaves. Seus olhos demonstravam uma tristeza tão profunda, que por vezes se perdiam num vazio de melancolia. Sentia-se desconfortável a cada pergunta feita por Alice, conforme surgia curiosidade sobre sua família. Sempre encontrava uma desculpa, um desvio para mudar a conversa. Algo muito ruim lhe tinha acontecido e não deseja lembrar ou compartilhar. Talvez seja um dos motivos de sempre estar só.
Quando Cecília decidiu comprar a mansão onde atualmente vive, preocupações tomaram conta de si. Quem iria ajudar a cuidar daquele imenso lugar, por exemplo. O seu chalé era tão pequeno que nunca houvera esse tipo de preocupação. Por sorte, quando se mudara para a mansão, um homem se apresentou a ela em seu primeiro dia.
Alfred, era seu nome, era o antigo mordomo da família anterior que vivera naquele lugar. A intenção do homem era continuar servindo os novos proprietários da casa em que vivera por mais de 30 anos servindo. E, não haveria outro lugar que aceitasse os serviços de um velho senhor, que muitos não o viam com qualquer utilidade, como se o ser humano fosse um objeto descartável.
De imediato, Cecília não se sentiu confortável com a ideia de mais uma pessoa residindo com ela e a sobrinha, embora fosse necessário ter alguém que cuidasse do lugar. A atenção que dirigia à sua sobrinha já era o suficiente para ocupar seus dias e por vezes noites, consumindo todo o seu tempo.
Sem escolhas, Cecília se vira obrigada a contratar os serviços de Alfred, e não demorou muito para perceber quão maravilhosa decisão teria tomado.
O mordomo era excepcionalmente um grande profissional, não se deixava ser impedido de exercer suas funções devido à sua idade avançada. Pelo contrário, a sua experiência adquirida no decorrer dos anos, demonstrava o seu diferencial se comparado a qualquer pessoa na flor de sua juventude.
O velho senhor conseguia manter a ordem da casa numa facilidade excepcional, e a escolha de profissionais para exercer as demais funções nem precisava ser questionadas por sua patroa.
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Crônicas de Kimera
FantasyNum reino muito, mas muito distante do mundo dos homens, existe Kimera, um lugar repleto de ninfas e criaturas de todas as espécies, algumas estranhas, outras espetaculares. Sem qualquer guerra ou destruição, o povo de Kimera vivia em total harmonia...