1. Cold

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Estava frio. Frio o suficiente para fazer Wei sentir calafrios toda vez que a brisa forte batia contra seu rosto pálido. 

Não era muito tarde quando o mesmo fugiu de casa, talvez o dia nem sequer tivesse começado quando ouviu sua mãe gritar alto o bastante para acordar todos que estavam na moradia. Se perguntassem para si qual era o motivo para todo aquele alvoroço, Wei Wuxian não saberia responder. E talvez, não quisesse realmente alguma resposta. 

Agora o mesmo estava perambulando pelas ruas que começavam a despertarem de forma lenta e preguiçosamente, podia ouvir claramente alguns pássaros clamando por algo além daquele frio desgastante. 

Ah sim, deveria ter pegado uma blusa antes de sair. 

Os pensamentos do jovem o levava até sua cama confortável, mas que infelizmente, naquele momento estava fora de sua realidade. Talvez se fosse um pouco mais corajoso para então confrontar sua mãe e enfim ter um bom sono, todavia sabia que jamais iria acontecer. Era muito cedo para ser expulso definitivamente de casa. 

Sentiu seus braços formigarem, seus ombros encolheram e seus dentes rangerem. Já não sabia se aguentaria mais um pouco, sentia que com aquele frio estava cada vez mais difícil de andar. Não tinha um rumo, estava apenas caminhando esperando até que pudesse voltar para casa. Mas aquilo já não parecia funcionar, se permanecesse por apenas mais alguns minutos fora de qualquer lugar que não tivesse um ar-condicionado, provavelmente desmaiaria. 

De repente a solução veio como um cheiro forte de café, o barulho alto das folhas contra o vento e um estabelecimento recém-aberto que lhe chamou a atenção mais genuína. Estava salvo. 

Correu com certa dificuldade até a cafeteria, por fora pode notar a simplicidade daquele lugar, seria estranho dizer que era mais familiar que sua própria casa? Caso fosse, Wei Wuxian jamais diria algo assim em voz alta, mas era a sua mais pura sensação naquele instante. Sem mais delongas, o garoto que quase estava congelado abriu a grande porta de vidro ouvindo o som clichê de um sino que anunciava sua chegada. Assim que seus pés alcançaram o lado de dentro, o ar quente pode ser sentido em todo o seu corpo. 

"Talvez eu esteja no paraíso?"

Era fácil de confundir os sentidos de Wei, agora que estava dentro do local pode notar a decoração dali e também perceber que era o único cliente naquele lugar. Talvez eu tenha chegado cedo demais? Se questionava alcançando o relógio em seu pulso, não, já não era tão cedo assim. Possivelmente era porque o estabelecimento era novo, ou Wei que era corajoso o suficiente para sair neste frio mortal. 

Não sabia muito bem o que fazer, mas de uma coisa tinha certeza, não iria sair até que seu corpo estivesse aquecido. Pensou em sentar em algum daqueles bancos estofados de uma cor que adivinhou ser bege. Nunca foi bom nessas coisas. Mas antes que seu corpo pensasse em fazer isso, pode ouvir alguns passos atrás de si e logo após isso uma voz. 

— Perdido? 

Virou-se rapidamente, quase antes da pessoa atrás de si terminar de falar e, assim que virou esqueceu que precisava respirar. Era um homem, mas disso Wei com certeza já sabia, porém não esperava algo como aquilo. O rapaz a sua frente mantinha uma expressão neutra e, ao contrário  de sua feição, sua voz era firme, baixa, porém grossa. Era alto, todavia podia notar um pequeno salto nos sapatos do outrem, ficaria mais baixo que se caso estivesse descalço. O mesmo vestia um tipo de uniforme na qual Wuxian só via em filmes, então um avental que ia até seus joelhos. 

Apesar da total atenção que Wei estava dando à aquele homem, não foi capaz de ouvir direito o que havia lhe dito.

— O que disse? Eu não ouvi. — Se sentiu constrangido, não sabia o porquê, mas na frente daquele rapaz, pela primeira vez se importava de passar uma boa impressão.

— Nada. Já sabe o que vai pedir? É para a viagem? — O homem de avental negou com a cabeça, logo após isso caminhou até que estivesse atrás de um grande balcão de mármore escuro, abaixo dele havia uma vitrine com vários doces postos a amostra. 

Wei abriu e fechou a boca algumas vezes para então suspirar. Se aproximou do balcão e pode sentir aquele rapaz lhe encarando com uma das sobrancelhas arqueadas. 

— É que… Bem é minha primeira vez aqui. — Riu levemente, mas apesar disso a feição do outro não mudou, estava ainda mais desconfortável. 

— Eu sei. — Foi tudo o que o outro disse, virando de costas para si e pegando uma xícara. — Açúcar ou sem? — Questionou sem olhar para Wei, esse que estava tão confuso que demorou alguns segundos para entender e enfim dar alguma resposta. 

— Ah! Com açúcar. Por favor. — Comprimiu os lábios em linha reta, não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas deixou que o outro terminasse o que estava fazendo, planejava ficar quieto até que o rapaz terminasse, todavia sua curiosidade foi maior que seu lado racional. — Como sabe que é minha primeira vez aqui? 

— Você disse. — Curto, direto e talvez grosso? Aquela resposta fez Wuxian piscar algumas vezes, viu o mesmo virar com a xícara que agora continha chá, aquilo aqueceu sua garganta e nem havia tomado ainda. — Pronto. — O homem colocou a xícara no balcão e permaneceu parado. 

— Obrigado. — Bebeu o chá de uma vez, murmurou em pura satisfação, nunca mais havia bebido algo tão bem feito como aquele chá. Sentiu-se feliz. — Whoa, isso é muito bom! — Encarou o rapaz a sua frente, esse que assentiu sem dizer nada. — Esse lugar abriu recentemente? — Resolveu arriscar, de alguma forma estava curioso sobre aquele lugar e ainda mais sobre o garoto à sua frente. 

— Três dias. — A resposta demorou para vir, e assim que veio foi de forma tão direta que Wei riu, fazendo o homem de avental franzir o cenho. 

— Sério? Eu não vi ninguém aqui, além de mim claro. — Brincava com a xícara vazia em suas mãos. — Irei recomendar esse lugar para meus amigos, tenho certeza que vão gostar. — Sorriu de forma gentil, todavia se assustou quando o rapaz tirou o copo de suas mãos e o colocou na pia atrás de si. 

— Não precisa. — O outro virou-se de costas e ligou a torneira, deixando Wei confuso encarando suas costas esguias. 

— Como? — Ousou perguntar, mesmo que estivesse claro para si a resposta do rapaz, não era surdo. Após alguns segundos ouviu o outro soltar um suspiro. 

— Eu disse que não é necessário. Se não tem mais nada que lhe interesse, por gentileza se retire. — Ah, Wuxian reconhecia aquela feição, serio, era como o outro se encontrava. 

Apesar das palavras duras, Wei não se abalou, sorriu gentilmente e assentiu. 

— Bem, eu irei agora. — Deu batidinhas no balcão, era um aviso, já que o rapaz de avental ainda estava de costas. — Logo mais clientes irão aparecer, conte com isso! Até mais. — O sino soou novamente, e então uma brisa adentrou o local. 

Ainda estava frio, mas Wei já não tremia como antes. 

O rapaz de avental continha uma expressão indecifrável, porém o sorriso que brincava em seus lábios contradiziam o que sua mente gritava. 



Notas:

Hey Hey Hey!

n tenho muito oq dizer, apenas q essa shortfic saiu de uma loucura após eu escutar "Before you go" do Lewis Calpadi (sugiro q escutem, se alguem ler isso claro.)

bem eu realmente espero continuar isso aq msm se ninguem chegar a ler, pq achei muito divertido de qualquer maneira.

enfim, até logo!







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⏰ Última atualização: Dec 21, 2020 ⏰

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