Extra: A Raposa Branca

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   A brisa batia em seu rosto e bagunçava seus cabelos prateados. Estava sentado em um dos enormes vãos da ponte, balançava seus pés junto com o ritmo da brisa.

   Encarava o céu azul. Perdido em suas lembranças do passado, lembranças que não marcaram só o seu corpo, mas também a sua alma. Cada treinamento, cada tortura que sofreu, mas todo esse peso era retirado de si quando sua avó vinha lhe confortar, mostrar que o mundo não é tão cruel.

   Resolveu fechar seus olhos castanhos. Deixar de ver uma bela vista de um enorme oceano em sua frente, para reviver uma amargura do passado. Sabia que tinha que enfrentar seus medos, não poderia ficar se lamentando e se escondendo para sempre.

   — Lyng, meu filho acorde, já está na hora de irmos. — A mulher sentada na beira da cama afagava os seus cabelos.

   — Eu tenho mesmo que ir? — O jovem indagou.

   — Sim, você tem que ir. — um homem de cabelos negros surgiu na porta. Mantinha uma postura autoritária. — Você carrega o nome desta família, então tem que passar por todo esse treinamento.

   — Mas... E a escola? — Indagou sem olhar diretamente para o homem.

   — Você receberá todo o ensinamento necessário lá — O senhor de idade afirmou.

   — E meus amigos?! — Exclamou. Estava inconformado com o fato de ter que viajar metade do mundo só para fazer um maldito treinamento.

   — Já falei que esse tipo de sentimento é inútil! — O velho se aproximou. — Os únicos sentimentos que você deve ter são: raiva, ódio, rancor. Sentimentos assim vão lhe fortalecer. Esqueça esse negócio de amizade, esqueça a alegria, esqueça o amor. Sentimentos assim não são necessários para ser um assassino.

   — EU JÁ FALEI QUE NÃO QUERO SER UM ASSASSINO! — O menor gritou.

   Sentiu a espinha gelar quando notou o olhar ameaçador que seu avô lhe direcionava.

   — Você carrega o nome da família Yamasaki. — O homem tinha mudado seu tom de voz, agora estava serena, mas ao mesmo tempo ameaçadora. — Por isso você irá fazer tudo o nós fazemos. — Se aproximava cada vez mais até ficar frente a frente com o menor. — Entendeu? —

   Lyng se manteve calado, apenas maneou concordando com o que foi dito. Não se importava em ter que sair da escola, já que praticamente tinha faltado todo o primeiro semestre, mas perder o contato com seus amigos era inaceitável.

   O menor sentiu seu corpo ser erguido no ar, não viu quando o soco de seu avô lhe acertou o rosto. Girou no ar por causa da potência do golpe.

   Sua mãe correu para lhe agarrar no ar, impedindo que seu corpo caísse no chão.

   — Akemi. — Chamou a mulher em sua frente. — Arrume as coisas dele, sairemos em uma hora. — Caminhou até a porta para se retirar do quarto.

   A mulher nada respondeu, estava se controlando para não começar uma briga alí mesmo com seu pai, ela sabia que não podia fazer isso agora, não tinha força o suficiente.

   — É melhor você continuar com essa moral toda quando chegarmos lá, isso aqui foi só o começo. — Fechou a porta.

   Se passaram alguns minutos, sua mãe ainda lhe segurava no colo o esperando acordar.

   — Me perdoe meu filho. A mamãe ainda não tem forças para impedir ele. Ainda não tenho, mas eu lhe prometo que eu vou ficar forte o suficiente para lhe proteger de tudo. — Sentia as lágrimas cair em suas bochechas. Era doloroso para ela saber que não tinha força para proteger seu próprio filho.

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