Sempre que começamos um novo caso fico animada, é como um quebra cabeça da vida real e a solução é prender o culpado.
- Senhora Riggs, precisamos saber se sua filha tinha algum tipo de inimigo. - Comecei observando a casa.
- Como assim inimigos?
- Qualquer coisa pode servir, ex pacientes, antigos namorados ou alguém que tenha feito alguma ameaça recentemente.
- Não, não tinha nada. Minha filha era uma pessoa boa, deu a vida para ajudar os outros, não havia uma única pessoa que não gostava dela. - Respondeu a mulher calmamente.
- Sua filha era influente nas redes sociais, essa fama costuma trazer haters junto. Ela não comentou nada sobre alguém que ficava a incomodando?
- Não, quando vinha para cá só falávamos do meu neto e do casamento dela.
Observei o rosto da senhora a minha frente, maquiagem demais para a idade e as rugas eram evidentes, e um sorriso grande demais para alguém que acabou de perder a filha.
- Certo, nós agradecemos a sua ajuda. Se lembrar de mais alguma coisa por favor nos ligue. - Entreguei a ela o cartão de contatos do escritório.
Sai da casa em direção ao carro, Jeremy permanecia em silêncio ao meu lado.
- Percebeu o mesmo que eu? - Falei quando nos afastamos o suficiente para não sermos ouvidos.
- Para alguém que acabou de perder a própria filha e corre o risco de perder o neto na disputa pela guarda ela está muito feliz. E com certeza estava escondendo alguma coisa.
- Também acho. - Confirmei. - A morte foi a dois dias, então o garoto deveria estar ficado aqui por esse tempo, mas não há sinal nenhum da criança em lugar nenhum. Sem brinquedos espalhados, ou comida para crianças na cozinha.
Peguei meu celular e disquei o número de Isa.
"Pode falar." - Disse ela através da ligação.
- Conseguiu alguma coisa?
"A autópsia não indica nada demais, os documentos sobre a primeira autópsia ainda não chegaram, mas saberei o que tinha no sangue dela no dia da morte em algumas horas."
- Me enviei toda a informação que receber, não conseguimos nada com a mãe, mas tem alguma coisa estranha, talvez os exames digam o que é.
Entrei no carro tentando respirar fundo, sempre tento segurar meu instinto durante as investigações, minha vontade era de voltar para aquela casa, prensar a mãe da vítima contra a parede e força-la a contar a verdade, mas nessa situação isso não seria bem visto.
- Podemos ir até o apartamento da vítima e tentar encontrar alguma coisa que passou despercebida. - Comentou Jeremy.
- A cena só crime já foi limpa, mas podemos conversar com alguns vizinhos para saber se viram alguma coisa. - Falei dando partida no carro.+
Não encontramos absolutamente nada no apartamento ou escritório da vítima. Não é como se antes os criminosos fizessem fila para confessar seus crimes, mas não costuma ser tão difícil.
- Como foi a investigação? - Isa Perguntou quando entramos no escritório.
- Apenas perdemos tempo. Não encontramos nada no apartamento ou escritório da vítima e a mãe dela estava mentindo sobre alguma coisa. - Jeremy começou.
- Sorte a nossa que eu consegui entrar em contato com o ex marido, o nome dele é Henry Smith, e ele é advogado da firma Are. - Néssa disse se juntando a nós em volta da minha mesa.
- Não. - Praticamente implorei para que ela dissesse ser mentira.
- O que tem de tão ruim nessa empresa? - o capitão perguntou se aproximando.
- Os meus pais são sócios da empresa e eles não gostam muito do meu trabalho. - Respondi francamente, me espalhando na cadeira.
Todos me olharam com dó, e eu sabia onde isso ia dar. Jeremy havia passado o caminho inteiro de volta para o escritório dizendo que iria checar a cena do crime mesmo se já tivesse sido limpa, então eu tinha que ir para a sede das empresas Are sozinha.
- Tudo bem eu vou. - Disse aí me levantar.
Peguei meu casaco e avancei até a porta enquanto nós outros se disipavam pelo escritório.
Passos ecoaram atrás de mim, virei me deparando com o capitão vestindo o próprio casaco.
- Carter, eu vou te acompanhar até a empresa. Não deixo meus agentes sozinho quando estão em desvantagem.
- Não precisa. Tenho certeza que você tem muito trabalho a fazer. - Respondi sem esconder meu encômodo.
Não importava o argumento que eu usava ele ainda insistia em ir comigo.No carro o silêncio é constrangedor, cada respiração do capitão fazia meu coração palpitar. Qualquer pergunta que ele fizesse seria melhor que isso.
Observei o homem sair do carro ajeitando o distintivo preso ao cinto da calça.
- Uma dica, o distintivo a mostra não adianta de nada, eles ainda vão achar que são melhores que a gente só porque usamos armas. E com "eles" eu quero dizer meus pais.
- Você diz como se eles fossem horríveis.
- E são. - Falei friamente.
Entramos no prédio graças a uma carteirada, os agentes vermelhos ficaram conhecidos em Nova York graças a termos impedido um ataque terrorista a um aeroporto.
- Com licença. - Falei me aproximando de uma secretária que eu ainda não conhecia. - Pode nos dizer onde está Henry Smith?
Ela apontou para um grupo de homens conversando em um canto.
O capitão Fitch me permitiu tomar a liderança da situação então me coloquei a frente no caminho até os homens.
- Senhores. - Falei o mais cordealmente que conseguia nessa situação.
- Quem são vocês? - Disse um deles.
Ele usava um terno cinza engomado demais com gravata preta, com o cabelo penteado de uma forma milimétrica, no rosto as marcas de agulha eram evidentes como se ele não se preocupasse em mostra que faz aplicações de botox.
- Agentes Carter e Fitch, precisamos falar com Henry Smith. - Disse o capitão
- Sou eu. - Declarou outro dos homens ríspido
- Senhor Smith precisamos falar com você sobre sua ex esposa. - Falei avançando alguma passos. - Teria algum lugar em que possamos falar a sós?
- Eu já disse tudo o que sabia a dizer a polícia. - Declarou mais alto que eu esperava, chamando a atenção de todos.
- Senhor se acalme, queremos apenas... - começou o capitão.
- Se não tem nada a esconder porque ignorou nossas ligações? - Falei sem me preocupar com os olhares de desgosto.
- O que? Eu não fiz isso. - Disse forçando uma indignação na voz.
Peguei um post-it, que tirei da mesa da secretaria com quem conversei a pouco, do meu bolso.
- Então porque sua secretária estava com esse bilhete na mesa dela? É a sua letra não é? - Falei mostrando as palavras para os homens a minha frente.
"Não atender as ligações do número ****"
O olhar do capitão em minha direção era uma mistura de desaprovação e surpresa. Escutaria o sermão dele depois, agora estava mais preocupada em não esmagar o rosto do homem a minha frente contra uma janela.
- Então, senhor Smith, creio que tenha tempo para falar conosco? Ou vamos precisar tomar medidas oficiais o que nos dois sabemos que dará muito trabalho para ambos, eu terei que preencher uma imensidão de documentos e você precisará comunicar seus chefes e sabe advogados com escândalos não são muito bem vistos. - Conclui me apoiando em uma mesa e fazendo expressões exageradas durante todo o discurso. - A escolha é sua.
Henry me olhava espantado, provavelmente por não esperar tal coisa de mim, mas dá montanha de músculos parado ao meu lado.
- Por favor, me sigam a sala de reuniões. - Disse ele.
O escritório todo me virou quando o segui em direção a aquela sala, não tenho certeza se pelo escândalo que acabamos de fazer ou por me conhecerem de longa data.
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Agentes Vermelhos
ActionMeu nome é Amberly Carter. Sou uma Sniper de alto escalão do exército dos Estados Unidos da América, quer dizer, eu era. Após seis anos servindo fui atingida pela explosão em um ato terrorista o que fez com que fosse obrigada a me aposentar. Isso nã...