Capítulo 2

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Sempre que começamos um novo caso fico animada, é como um quebra cabeça da vida real e a solução é prender o culpado.
- Senhora Riggs, precisamos saber se sua filha tinha algum tipo de inimigo. - Comecei observando a casa.
- Como assim inimigos?
- Qualquer coisa pode servir, ex pacientes, antigos namorados ou alguém que tenha feito alguma ameaça recentemente.
- Não, não tinha nada. Minha filha era uma pessoa boa, deu a vida para ajudar os outros, não havia uma única pessoa que não gostava dela. - Respondeu a mulher calmamente.
- Sua filha era influente nas redes sociais, essa fama costuma trazer haters junto. Ela não comentou nada sobre alguém que ficava a incomodando?
- Não, quando vinha para cá só falávamos do meu neto e do casamento dela.
Observei o rosto da senhora a minha frente, maquiagem demais para a idade e as rugas eram evidentes, e um sorriso grande demais para alguém que acabou de perder a filha.
- Certo, nós agradecemos a sua ajuda. Se lembrar de mais alguma coisa por favor nos ligue. - Entreguei a ela o cartão de contatos do escritório.
Sai da casa em direção ao carro, Jeremy permanecia em silêncio ao meu lado.
- Percebeu o mesmo que eu? - Falei quando nos afastamos o suficiente para não sermos ouvidos.
- Para alguém que acabou de perder a própria filha e corre o risco de perder o neto na disputa pela guarda ela está muito feliz. E com certeza estava escondendo alguma coisa.
- Também acho. - Confirmei. - A morte foi a dois dias, então o garoto deveria estar ficado aqui por esse tempo, mas não há sinal nenhum da criança em lugar nenhum. Sem brinquedos espalhados, ou comida para crianças na cozinha.
Peguei meu celular e disquei o número de Isa.
"Pode falar." - Disse ela através da ligação.
- Conseguiu alguma coisa?
"A autópsia não indica nada demais, os documentos sobre a primeira autópsia ainda não chegaram, mas saberei o que tinha no sangue dela no dia da morte em algumas horas."
- Me enviei toda a informação que receber, não conseguimos nada com a mãe, mas tem alguma coisa estranha, talvez os exames digam o que é.
Entrei no carro tentando respirar fundo, sempre tento segurar meu instinto durante as investigações, minha vontade era de voltar para aquela casa, prensar a mãe da vítima contra a parede e força-la a contar a verdade, mas nessa situação isso não seria bem visto.
- Podemos ir até o apartamento da vítima e tentar encontrar alguma coisa que passou despercebida. - Comentou Jeremy.
- A cena só crime já foi limpa, mas podemos conversar com alguns vizinhos para saber se viram alguma coisa. - Falei dando partida no carro.

+

Não encontramos absolutamente nada no apartamento ou escritório da vítima. Não é como se antes os criminosos fizessem fila para confessar seus crimes, mas não costuma ser tão difícil.
- Como foi a investigação? - Isa Perguntou quando entramos no escritório.
- Apenas perdemos tempo. Não encontramos nada no apartamento ou escritório da vítima e a mãe dela estava mentindo sobre alguma coisa. - Jeremy começou.
- Sorte a nossa que eu consegui entrar em contato com o ex marido, o nome dele é Henry Smith, e ele é advogado da firma Are. - Néssa disse se juntando a nós em volta da minha mesa.
- Não. - Praticamente implorei para que ela dissesse ser mentira.
- O que tem de tão ruim nessa empresa? - o capitão perguntou se aproximando.
- Os meus pais são sócios da empresa e eles não gostam muito do meu trabalho. - Respondi francamente, me espalhando na cadeira.
Todos me olharam com dó, e eu sabia onde isso ia dar. Jeremy havia passado o caminho inteiro de volta para o escritório dizendo que iria checar a cena do crime mesmo se já tivesse sido limpa, então eu tinha que ir para a sede das empresas Are sozinha.
- Tudo bem eu vou. - Disse aí me levantar.
Peguei meu casaco e avancei até a porta enquanto nós outros se disipavam pelo escritório.
Passos ecoaram atrás de mim, virei me deparando com o capitão vestindo o próprio casaco.
- Carter, eu vou te acompanhar até a empresa. Não deixo meus agentes sozinho quando estão em desvantagem.
- Não precisa. Tenho certeza que você tem muito trabalho a fazer. - Respondi sem esconder meu encômodo.
Não importava o argumento que eu usava ele ainda insistia em ir comigo.

No carro o silêncio é constrangedor, cada respiração do capitão fazia meu coração palpitar. Qualquer pergunta que ele fizesse seria melhor que isso.
Observei o homem sair do carro ajeitando o distintivo preso ao cinto da calça.
- Uma dica, o distintivo a mostra não adianta de nada, eles ainda vão achar que são melhores que a gente só porque usamos armas. E com "eles" eu quero dizer meus pais.
- Você diz como se eles fossem horríveis.
- E são. - Falei friamente.
Entramos no prédio graças a uma carteirada, os agentes vermelhos ficaram conhecidos em Nova York graças a termos impedido um ataque terrorista a um aeroporto.
- Com licença. - Falei me aproximando de uma secretária que eu ainda não conhecia. - Pode nos dizer onde está Henry Smith?
Ela apontou para um grupo de homens conversando em um canto.
O capitão Fitch me permitiu tomar a liderança da situação então me coloquei a frente no caminho até os homens.
- Senhores. - Falei o mais cordealmente que conseguia nessa situação.
- Quem são vocês? - Disse um deles.
Ele usava um terno cinza engomado demais com gravata preta, com o cabelo penteado de uma forma milimétrica, no rosto as marcas de agulha eram evidentes como se ele não se preocupasse em mostra que faz aplicações de botox.
- Agentes Carter e Fitch, precisamos falar com Henry Smith. - Disse o capitão
- Sou eu. - Declarou outro dos homens ríspido
- Senhor Smith precisamos falar com você sobre sua ex esposa. - Falei avançando alguma passos. - Teria algum lugar em que possamos falar a sós?
- Eu já disse tudo o que sabia a dizer a polícia. - Declarou mais alto que eu esperava, chamando a atenção de todos.
- Senhor se acalme, queremos apenas... - começou o capitão.
- Se não tem nada a esconder porque ignorou nossas ligações? - Falei sem me preocupar com os olhares de desgosto.
- O que? Eu não fiz isso. - Disse forçando uma indignação na voz.
Peguei um post-it, que tirei da mesa da secretaria com quem conversei a pouco, do meu bolso.
- Então porque sua secretária estava com esse bilhete na mesa dela? É a sua letra não é? - Falei mostrando as palavras para os homens a minha frente.
"Não atender as ligações do número ****"
O olhar do capitão em minha direção era uma mistura de desaprovação e surpresa. Escutaria o sermão dele depois, agora estava mais preocupada em não esmagar o rosto do homem a minha frente contra uma janela.
- Então, senhor Smith, creio que tenha tempo para falar conosco? Ou vamos precisar tomar medidas oficiais o que nos dois sabemos que dará muito trabalho para ambos, eu terei que preencher uma imensidão de documentos e você precisará comunicar seus chefes e sabe advogados com escândalos não são muito bem vistos. - Conclui me apoiando em uma mesa e fazendo expressões exageradas durante todo o discurso. - A escolha é sua.
Henry me olhava espantado, provavelmente por não esperar tal coisa de mim, mas dá montanha de músculos parado ao meu lado.
- Por favor, me sigam a sala de reuniões. - Disse ele.
O escritório todo me virou quando o segui em direção a aquela sala, não tenho certeza se pelo escândalo que acabamos de fazer ou por me conhecerem de longa data.

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⏰ Última atualização: Dec 26, 2020 ⏰

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