Capítulo 01: Graças a Maya.

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Stella

      Sempre achei o Natal a melhor época do ano. Quando eu era criança, meu pai costumava enfeitar nosso telhado com pisca pisca de vários tipos e formas, enquanto eu e Maya, minha irmã mais velha, ajudávamos mamãe a montar nossa árvore de Natal. Começávamos no início de Dezembro, era como uma tradição. Mamãe e papai sempre nos enganavam, dizendo que naquele ano não tinha presentes. Maya e eu acreditávamos como duas tontas. No dia 24 reuníamos toda a família, isso incluía nossos avós, tios e primos para começar nosso Natal.
Era sempre muita comida, risadas e trocas de sorrisos... foi assim durante toda nossa infância e adolescência. Até que crescemos e Maya arranjou um namorado, Martino. A princípio papai era contra o namoro deles, porque o cara é da Roma. Eles se conheceram numa viajem. Mamãe apoiava, já que Maya ficara quase três meses enchendo a cabeça dela com a ideia de que o italiano era um bom partido. Maya é três anos mais velha que eu... tenho 25 anos; mas às vezes ela parece ser mais nova, pela imaturidade. Ela só não pode me ouvir dizer isso.
       Bem, deixe eu me apresentar. Sou Stella Baxter e como eu disse, tenho 25 anos. Nasci e cresci em Washington. Sou formada em Moda na Fashion Institute of Technology, de Nova York. Depois da minha formação, continuei morando em Nova York e resolvi abrir uma loja com Bonnie, uma amiga que conheci na faculdade. Na época não tínhamos muita confiança se daria certo ou não, mas decidimos arriscar. Unimos toda nossa grana e sabedoria adquirida na faculdade e abrimos uma loja de roupas, com marca própria. Eu desenho todos os nossos modelos e ela produz com a ajuda de algumas fábricas de amigos próximos. Posso dizer que temos uma união! Mas essa união custa caro. Estamos crescendo aos poucos, recentemente recebemos uma proposta da marca que Maya é sócia administradora. Eles querem fazer uma Colab com a gente. Se dependesse de Bonnie, já tínhamos aceitado. Mas eu sei que é uma responsabilidade muito grande, visto que sou eu que terei que desenvolver os modelos da Colab, então preciso de mais tempo pra pensar. Não vejo Maya pessoalmente desde o Natal do ano passado, quando passamos juntas, com nossa família, em Washington. Ano retrasado perdi meus documentos e achei só dois dias depois do Natal; cheguei na casa dos meus pais quase na virada do ano. Já ano passado, fui roubada assim que cheguei em Washington. Perdi meu celular e todas as coisas importantes. Nossa família teve uma briga por causa dos biscoitos amanteigados e o Natal foi extremamente irritante. Esse ano eu estava decidida a não sair de casa, mas Maya me convenceu a viajar para o Canadá. Nossos pais decidiram viajar para o Havaí. Foram espertos, estamos todos saturados dos últimos natais.

— Vai, Stella! Vamos? O Natal é lindo no Canadá. Ficaremos em Quebec! O Martino tá viajando a trabalho, provavelmente não vai ter voltado até o Natal, e eu não quero ficar sozinha.

— Por que não podemos passar em Nova York?
Se a vontade for a neve, aqui tem de sobra.  —Olho para a janela da loja e vejo a Times Square branca de tanta neve.

— Santo Deus! Larga de ser chata. Quebec é a coisa mais linda! Você precisa ver, como a neve cai por lá. É diferente de Nova York. — Ela solta um longo suspiro. — Por favor! Vamos? Eu farei nossas reservas hoje mesmo, se você aceitar.

— Tudo bem! Vamos! — ouço um gritinho abafado de comemoração e acabo rindo. — Mas escuta, só podemos embarcar no final de semana. Preciso finalizar algumas coisas aqui na loja, antes de fechar totalmente. Ainda mais que Bonnie já viajou para visitar os pais.

— Sem problemas! Embarcaremos no sábado, dia 10. Assim a gente aproveita mais a viajem! Agora preciso desligar... to morrendo de sono. Amo você, falamos por mensagem amanhã.

— Também te amo! Boa noite! — respondo e ela desliga. Vejo as horas na tela inicial do meu celular: 5:17 PM em Nova York... 11:17 PM em Roma.

       Nosso fuso horário era completamente diferente. Roma está 6 horas à frente de Nova York. Isso com certeza faria efeito no dia do embarque. Bem, hoje é dia 8, quinta feira. Preciso terminar de organizar algumas coisas aqui na loja e ir pra casa arrumar as malas. Bonnie viajou no início de dezembro, eu já deveria ter fechado a loja antes mesmo dela viajar... mas insisti em adiantar algumas coisas. Agora é definitivo, a loja só reabrirá ano que vem! Vendemos bem esse ano e estou feliz com meus resultados pessoais. Agora vou
aproveitar meu Natal, em Quebec. E de verdade, to torcendo pra dar tudo certo!

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Cartas de um Natal AnormalOnde histórias criam vida. Descubra agora