Céu de tutti-frutti, nuvem de canela

Capítulo 2

No domingo seguinte, convidamos nossos pais para um almoço no pequeno apartamento de Meaghan e anunciamos nosso noivado. Tina, minha sogra, chorou um rio e abraçou sua filha com força. O pai de Meaghan, Jensen, fingiu ser contra e pegou todos de surpresa. Assim que assistiu nossas expressões chocadas e tristes, caiu na gargalhada e abraçou sua filha e eu, depositou um beijo na cabeça de cada um e me ameaçou dizendo que se eu fugisse no grande dia, eu teria um descanso eterno. Eu ri, pois todos sabiam que eu jamais fugiria do futuro que eu sempre desejei ter ao lado de minha doce Meaghan.

Durante a semana, eu tinha corrido atrás de um anel de noivado para lhe entregar ali, na frente de todos, e pré-oficializar o nosso amor. Meaghan chorou lágrimas de tutti-frutti ao me ver ali, colocando o delicado solitário em seu dedo longo e fino.

Nenhum diamante conseguiria brilhar mais que minha amada.

No fim da tarde, nos reunimos os seis na pequena sacada, estávamos um pouco apertados, mas ninguém pareceu se importar.

Contemplamos o céu de tutti-frutti, rosado e amarelo. Meu amor por Meaghan era como aquele céu, me fazia ter a sensação de flutuar naquela mistura doce de sabores.

— Quando nos casamos, o céu estava assim. Você se lembra, Peter? — Minha mãe perguntou ao meu pai que mantinha o queixo apoiado no ombro de sua esposa.

— Sim, eu nunca tinha visto o céu de Nova Iorque daquele jeito!

— Ah, eu me lembro tão bem, estava calor e o céu bem rosado com uma faixa amarela. Lizzy, o casamento de vocês foi incrível. — Tina se intrometeu de maneira gentil.

Eu sempre via as fotos do casamento dos meus pais, todos os anos eles comemoravam o aniversário de união. Mamãe fazia um jantar especial, os dois tomavam vinho e eu, quando criança, era servido com suco de uva na taça para não ficar de fora.

Essas memórias tinham um sabor aveludado, algo que me lembrava merengue. Era deliciosamente nostálgico lembrar desses momentos.

— Eu espero que o céu esteja assim quando nos casarmos, parecendo uma foto! — Meaghan sussurrou no meu ouvido.

Não respondi, não era necessário. Meaghan sabia que eu desejava o mesmo.

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Segunda-feira eu iniciaria minha carreira na American Airlines, minhas mãos suavam só de pensar. Não é como se eu já não tivesse trabalhado antes, eu já tinha atuado como estagiário em algumas pequenas empresas, mas aquilo era diferente. Eu de fato seria contador e em uma grande empresa. E para piorar minha situação, eu era o famoso QI. Eu realmente me sentia ansioso e incapaz, com medo de decepcionar meu pai e não durar neste emprego.

Acordei com seu rádio relógio me despertando ao som de Blow Your House Down de U2. Meaghan abriu os olhos imediatamente, eles brilhavam assim como sorriso que surgiu em seus lábios. Ela amava aquela música. Em um pulo, ela saiu da cama buscando sua peça íntima e abrindo o guarda-roupa atrás de toalhas. Jogou uma das toalhas em minha direção enquanto cantarolava "she's gonna blow your house down, she's gonna turn your head around, she's gonna blow your house down". Seu bom humor matinal sempre foi algo que eu invejei, eu nunca conseguiria ser tão feliz as seis da manhã, sendo obrigado a sair de uma cama quentinha e de seu abraço.

— Vamos para o banho, senhor Baker. — Me puxou pela mão, mas meu corpo permanecia pesado na cama, eu ainda estava tentando abrir os olhos de verdade.

A música acabou e logo em seguida tocou alguma do R.E.M, mas eu realmente não consigo lembrar qual era, por mais que eu tente, meu cérebro apagou a melodia da minha mente. Porém, me recordo que quando a respondi de maneira bem sonolenta, eu disse "futura senhora Baker", o que fez Meaghan pular em cima de mim e distribuir mil beijos de tutti-frutti em meu rosto. Confesso que o roçar dos seus seios no meu peitoral foi o que me despertou, mas não tentei nada, sei que ela recusaria por medo de se atrasar para seu trabalho. Naquela época, Meaghan estava estagiando em um restaurante alemão que ficava em escondido em uma rua sem saída perdida em Nova Iorque.