Capítulo 2 - Ajuda

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Ele não é meu

Capítulo 2

Não sei como isso aconteceu, mas agora estou numa lanchonete comendo um x-salada com uma coca, ao lado de Kuroo Tetsurou.

Como em silêncio. Ele está pagando e isso é bom. Só gostaria saber qual o motivo de ele ter me convidado ontem para sairmos.

- Quantos anos você tem mesmo? - apoia o rosto na mão.

- Vinte. - tomo um gole de coca. - E você? - chuto que ele tem entre vinte e cinco e trinta anos.

- Vinte e seis. - Não é nem de longe o namorado mais novo da minha mãe. Minha mãe já saiu com caras de quinze anos, é uma papa anjo.

- Por que me convidou para sairmos? - limpo a boca com o guardanapo.

Eu não queria sair com ele, mas depois de tanta insistência, eu acabei me deixando levar. Não se deve recusar um lanche grátis.

- Eu quero te conhecer melhor.

- Você não deveria fazer isso com a minha mãe?

- Não sei. Você é bem mais verdadeiro do que ela, não me sinto conversando com alguém que quer me dar.

- Pensei que alfas não perdessem a oportunidade. - arqueio a sobrancelha.

- O que você sabe sobre alfas, garotinho?

- Nada, na verdade. - volto a comer meu lanche. Kuroo não para de me olhar, o que é desconfortável. - Minha mãe sabe que você está comigo?

- Ela precisa saber? - reviro os olhos, sem dar uma resposta verbal. - Vocês dois são bem parecidos.

- Só na aparência. - termino de comer. - Você quer dicas para deixá-la ainda mais caidinha por você?

- Sinceramente? Acho que não preciso disso.

- Então o que quer comigo? Você não me pagaria um lanche sem motivo.

- Nossa, você me pegou, gatinho.

Gatinho?! Eu tô vermelho demais!

- Para de gracinhas.

- Você é um ômega lindo, com cheiro de maçã e mel. E seus olhos são com os de um gato. Você é lindo.

Onde posso enfiar a minha cabeça e não sair nunca mais?

- Como assim? Você quer me pegar?

- Não. - ufa. - Eu só fiquei com pena do jeito que a sua mãe te trata. Não gosto de ver uma pessoa magoando seu filho.

- Você fala como se fosse pai.

- Eu não sou, eu acho... - reviro os olhos novamente. Acabou de confirmar que é um galinha sem controle. - Eu gostei de você. Não quero te ver triste.

- E o que você vai fazer para mudar isso? - pergunto desconfiado. Kuroo sorri e leva a mão até meus cabelos pretos e lisos.

- O que acha de pintar o cabelo e fazer sua mãe surtar?

- Kuroo, acho que essa não é uma boa ideia. - digo sentado na cadeira do salão de beleza. - Eu nunca passei química no cabelo.

- Acredita, vai ficar lindo. Moço, faz umas luzes no cabelo desse garoto, deixa ele lindo.

Medo.

Depois de horas no salão de beleza, fico impressionado com a minha aparência no espelho.

- Wow! - digo assustado. Toco minhas mechas que estão loiras, sem acreditar que realmente fiz isso.

- Gostou? - pergunta o cabeleireiro.

- Eu adorei. - sorrio. Estou tão diferente, pareço mais velho, mais maduro, mais bonito.

- Falei que iria gostar! - diz Kuroo. - Você fica lindo de qualquer jeito, gatinho.

Fico vermelho. Por que o Kuroo tem que ser tão sexy? Ele é muito gostoso. Queria que ele fosse meu alfa, não o alfa da minha mãe.

Kuroo paga pelo trabalho do cabeleireiro. Ele me leva até em casa e ficamos conversando na sala. Até que tenho uma dúvida.

- Kuroo, o que você viu na minha mãe? - parece surpreso, mas logo sorri.

- Absolutamente nada.

- Então por que está com ela? Dinheiro?

- Porque eu não tinha nada melhor programado para aquela noite. Eu transaria com ela apenas para suprir meu desejo, mas acho que encontrei algo melhor aqui…

- O que? - Ele não responde, apenas da uma risadinha. - Ei, fala!

- Você é bem mais divertido que sua mãe. O que acha de passarmos mais tempo juntos, afinal, eu serei o seu padrasto, pelo menos por enquanto.

- Sim, será. Por isso pode me defender quando ela passar por essa porta e ver meu cabelo. Sinto que estou com um pé na cova.

- Não seja exagerado. - ri. - Eu te defendo, você ficou uma gracinha ter cabelos loiros.

Por que ele consegue mexer comigo? Eu me sinto tão envergonhado com as coisas que Kuroo diz, que não sei o que fazer. Devo apenas agradecer ou dizer que ele também é muito lindo?

- O-Obrigada. - escolho a opção um. - Você até que é legal. - dou um leve sorriso.

- Você também é legal. Só é bem quieto.

Antes que eu responda, minha mãe entra em casa, surpresa ao nos ver. Sorri para Kuroo, mas quando me vê, fecha a cara.

- O que você fez com o seu cabelo, Kozume Kenma?

É agora que eu morro.

Kuroo Tetsurou

O olhar da Mahi é de ódio, parece que ela vai pular em cima do Kenma sem pensar duas vezes. O loirinho apenas a encara em silêncio, deve estar esperando o sermão.

- Eu vou te matar. - diz irritada e anda na direção do Kenma, mas eu me coloco na frente dele. Se eu não salvar o Kenma agora, acho que ele vai morrer.

- Gostou do cabelo dele, amor? Eu que dei a ideia.  - Ela para, arqueia a cabeça para o lado. Logo sorri novamente.

- Você tem ótimas ideias, Kuroo. Ele ficou lindo. Talvez assim consiga chamar mais atenção de alfas.

Você não imagina quem é o alfa que ele está conquistando assim.

Kenma é tão perfeito. Eu acho que talvez, só talvez, eu sinta atração por esse garoto. Sempre prefere homens do que mulheres, e essa situação não é exceção.

- Que bom que gostou, Mahi. Deu trabalho para convencer ele a mudar a cor do cabelo, mas consegui convencê-lo.

- Entendo. Vai ficar para jantar? - noto um pouco de receio na sua voz. - O que acha de uma pizza?

- Eu cozinho para vocês. - diz Kenma. Ele sabe cozinhar? Parece um garoto que não chega nem perto de um fogão. - Hoje estou de bom humor. - se levanta e vai para a cozinha.

Depois de mais ou menos uma hora, Kenma serve uma refeição maravilhosa. Ele cozinha super bem, está tudo delicioso. É bem diferente da comida claramente comprada que a Mahi serviu no nosso último jantar.

Já faz uma semana que não vejo o Kenma, estou com saudades de conversar com ele. A Mahi só tem marcado encontros fora de casa, dizendo que o Kenma incomoda nosso relacionamento. Eu me seguro para não falar "ele é bem melhor que você".

Minha "namorada" foi viajar a negócios, vai ficar fora por dois dias, por isso é mais difícil ainda que eu veja o Kenma.

Estou na minha casa, comendo pipoca e vendo um filme no meio da noite. Não espero visitas, muito menos mensagens. Apenas estou aproveitando meu momento sozinho no meu apartamento.

Meu celular começa a tocar. Nossa, quem será?

Quando atendo, escuto uma voz abafada.

- Kuroo, eu preciso da sua ajuda.

É o Kenma.

Ele não é meu - KurokenOnde histórias criam vida. Descubra agora