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Suspirei, cansado. Era véspera de Natal e, eu e toda a minha família estávamos indo para o teatro. Embora eu não gostar de apresentações de ballet, eu havia comprado ingresso na primeira fileira para "O Quebra-Nozes" porque minha mãe adora essa peça, todos os anos ela assiste gravações pela internet ou em canais de televisão. Quando dona Mariana soube que teria a oportunidade de assistir uma ao vivo no teatro, ficou em êxtase total. O que não fazemos para agradar nossa família? Eles fizeram tanto por mim e isto é o mínimo que eu poderia fazer para agradecer!
Enquanto meu pai, Fabrizio, abanava minha mãe, que estava visivelmente nervosa, mais do que o normal e minha irmã, Manu, segurava e brincava com meu irmão mais novo, Lorenzo, eu olhava meu reflexo no espelho grande e emoldurado em dourado havia ali, na parede. Arrumei minha gravata borboleta preta que estava torta, não tinha nenhum costume com elas, e por fim passei meus dedos pelos meus cabelos, tentando arrumar alguns fios rebeldes que nunca me obedeciam.
— Assim a senhora vai desmaiar e não vai conseguir assistir o espetáculo! — disse, me aproximando por trás de minha mãe
Coloquei minhas mãos, uma de cada lado de seu ombro e comecei a fazer uma leve massagem no local. Ela dizia que eu era ótimo para fazer isso e que sempre a acalmava, é claro, era a mais pura verdade.
— É muita emoção para mim, filho! Este foi o melhor presente de Natal que eu poderia receber! — ela dizia um pouco fanha, já que lágrimas estavam começando a se formar em seus olhos — Isso deve ter custado o olho da cara...
— Nem comece, Dona Mariana! — repreendi-a — Este é o meu presente de Natal! O que adianta toda essa fama se não possamos ver as pessoas que amamos felizes? É Natal, tempo de união e família!
Então os olhos de minha mãe começaram a marejar mais do que esperado. Ela estava muito emocionada.
— Mãe! Isso vai borrar sua maquiagem — disse com um tom brincalhão, enquanto passava meu polegar, onde uma lágrima havia insistido em cair, fazendo ela sorrir — E eu sei que sou o melhor filho — disse, alfinetando minha irmã que ouvia nossa conversa.
