Let It Snow - Conto de Natal

Parte III

Nenhuma das duas filhas contestou a mãe, ela claramente queria fazer as coisas darem certo e estava determinada a arrumar uma bagunça que nem foi a própria que causou, e ninguém ia contra Natasha Romanoff Rogers, principalmente quando a mesma estava determinada. Após agradecerem a vendedora, elas se encaminharam para o carro novamente em um silêncio sepulcral que não demorou a ser quebrado pela mãe extremamente zangada.

- Eu estou extremamente desapontada com as duas – ela continuava olhando para a frente, focando na estrada, enquanto as meninas se encolhiam em seus assuntos ao ouvir as palavras da mãe – Emma, você não deveria entrar no quarto dos outros sem permissão e eu sei que as coisas que aconteceram foram acidentes, mas eu também já tinha lhe dito que não mexesse no seu vestido justamente para que esse tipo de situação fosse evitada – ela para por alguns segundos somente para recuperar o fôlego – Sarah, as coisas que você disse dentro daquela loja foram horríveis e é bom que você peça desculpas em algum momento. Eu e seu pai nunca tratamos nenhum de vocês de forma diferente...

- Eu sei mãe, eu... – Sarah interrompe a mãe, mas não consegue falar tão pouco.

- É a minha vez de falar, então é bom que se mantenha em silêncio – óbvio que ninguém se atreveu a discordar – Eu não aguento mais as duas gritando uma com a outra, não aguento mais esse drama todo. Emma, cada pessoa precisa do próprio tempo para absorver e perdoar, as pessoas não funciona como um reloginho que vai atender aos nossos pedidos a qualquer momento. Sarah, gritar aquele tipo de coisa para sua irmã não é a solução mágica dos seus problemas, um vestido não vale tudo isso. O vestido nem deveria importar tanto assim, pelo amor de deus, não importa o que você vai usar para casar, ou o tamanho da festa, o que importa para um casamento é a certeza de que você ama aquela pessoa e que vocês irão se apoiar independente de tudo, da riqueza e da pobreza, na saúde e na doença, nos momentos bons e ruins – Natasha deixou suas palavras pairando no ar antes de por a mão no bolso e jogar o celular para a filha mais velha – Agora ligue para o seu pai e explique o que está acontecendo e para onde estamos indo.

- Porque nós estamos parando? – Emma questiona ao perceber que a mãe tinha diminuído a velocidade absurdamente.

- Eu preciso fazer uma coisa, esperem por mim aqui – e assim sem dar mais respostas Natasha simplesmente desceu do carro deixando as duas filhas lá dentro.

Mais uma vez o silêncio preencheu o ambiente, ambas as meninas absorvendo as palavras da mãe. Elas sabiam que, como quase sempre, Natasha estava certa e elas precisavam resolver aquele clima estranho entre as duas. Emma nesse momento repensava toda sua existência como irmã mais nova da família, e Sarah tentava entender o que tinha dado nela para ter gritado daquela forma com a irmã. Era quase natal e elas eram família, sim existem famílias tóxicas que é okay você preferir manter distância, mas isso estava longe de representar os Romanoff-Rogers.

Sarah se assustou com o toque do celular e mais ainda ao ver o nome do pai na tela. Tinha se esquecido do pedido da mãe e ficou imaginando que conexão estranha era aquela que os dois tinham que pareciam adivinhar quando um precisava do outro. "Eu quero algo assim para mim", foi o que ela pensou antes de finalmente atender o celular. Sua mãe tinha razão, ela estava focando nas partes erradas do casamento.

- Oi papai – ela tentou usar a mais feliz que conseguiu, ele realmente não precisava saber de toda a loucura que estava sendo aquela noite – Não, não conseguimos nada ainda.

- Onde vocês estão? – a voz de Steve parecia preocupada e é claro que ele estava, pelo tanto que nevava e três das suas pessoas preferidas do mundo inteiro no meio de uma nevasca, era um motivo de preocupação.

- Eu não tenho ideia – foi a primeira vez desde que o carro estava parado que ela teve a curiosidade de olhar onde estavam – Ainda em Nova York, não se preocupe assim que a mamãe voltar nós vamos voltar.