Meus livros são como meus amantes. Eu os leio como quem faz amor e, por isso, para cada livro, assim como que para cada amante, há um ritmo diferente. Alguns eu simplesmente devoro com paixão, coisa de pele, com aquele suor, gemidos incompreensíveis, respiração descompassada. Devoro-os em pouco tempo. Como se ao devorá-los eu pudesse tê-los vivendo dentro de mim.
Outros livros eu amo pausadamente. Como quem deseja aproveitar cada momento, fazendo-o durar para sempre. Cada página, cada parágrafo é como uma parte do corpo do meu amante... assim, em alguns casos, eu vou sentindo-os devagar, pouco a pouco, me deliciando com cada expressão, com o detalhe.
Para outros livros, ajo como uma canalha. Simplesmente eu os "relaxo", os abandono, os ignoro, mas quando me sinto na solidão abrasadora dos dias tediosos, eu os procuro e satisfaço, mesmo que só naquele pequeno instante, minha carência.
Isso mesmo, sou uma amante profissional de livros. 
Eu leio livros como quem faz amor e, para cada livro, assim como que para cada amante, eu empreendo um ritmo diferente. 
Há amantes que deixam marcas profundas e inesquecíveis, por isso, vez ou outra retorno para suas páginas. Mas, há amantes que nos ferem de forma tão dolorosa, que nunca mais se quer tornar a vê-los, mesmo sabendo que eles estão lá, em uma prateleira, ao alcance de nossas mãos. E há os amantes perfeitos. Aqueles que deixam uma saudade quase infinita, que nos fazem pensar como a vida através dos olhos da literatura, pode ser, na maioria das vezes, muito mais prazerosa.