Postei o segundo conto da série Quarentena.
O grande cemitério cósmico
Última entrega do dia. 222 dias de quarentena. Dias que são noites sem lua ou estrelas, ciclos de 24 horas de luto pelos mais de 300 mil mortos na cidade. Me despeço dos companheiros entregadores e parto rumo à farmácia, onde um pacote de remédios me aguarda. Reconheço quem fez o pedido por nome e endereço, colei na casa dele algumas vezes, ali na região do cemitério da Zona Sul. Seu Firmino, coveiro: um cara durão, cascudo, bom de papo e gente fina demais. Começou a usar o aplicativo no início da pandemia, pra minimizar o contato com outras pessoas, tá ligado? Só sai de casa pra trampar, como eu. Seu serviço, como o meu, não pode parar. Nos chamam de 'trabalhadores essenciais'; 'descartáveis' pega mal.
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