horrível perceber que eu não tenho mais nada a dizer, que a minha voz se foi, ou que talvez eu nunca tenha de fato tido algum talento nisso. talvez tenha sido só sonho, talvez seja pra sempre um desejo meu
horrível perceber que eu não tenho mais nada a dizer, que a minha voz se foi, ou que talvez eu nunca tenha de fato tido algum talento nisso. talvez tenha sido só sonho, talvez seja pra sempre um desejo meu
espero que deus me encontre, que ele me veja aqui, esperando por ele. espero que ele me contemple, que tenha piedade de mim. espero que ele me dê o que eu quero. e então talvez assim eu também saiba o que eu quero
espero me encontrar em 2025, me saudar, apertar minha mão e dizer que foi um prazer servir em meu nome. espero poder oferecer uma morte condecorada para que o meu novo eu, o eu descoberto, possa assumir com sabedoria e mais gentileza do que eu tive em 2024
aos que continuam e aos que ainda virão, peço apenas que, de todas as partes que tomarão de mim, me deixem um pedaço. também tenho fome de mim mesmo, ânsia em desbravar minha pele, meus tendões e vísceras. também quero me provar e saber o meu gosto
fim de ano e eu me sinto uma rosa no fim de inverno — murcha, gélida, ressecada como se fosse um corpo gasto que não consegue mais amparar a vida. me sinto um bilhete suicida, tudo o que fui e não fui, tudo que foi dito e tudo que não foi, tudo que deixei engasgar na garganta