c a p í t u l o 1

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O vento frio chicoteava o cabelo ao meu redor, enquanto tentava desviar das pessoas que caminhavam no sentido contrário

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O vento frio chicoteava o cabelo ao meu redor, enquanto tentava desviar das pessoas que caminhavam no sentido contrário.

Respirei aliviada pelo calor assim que meus pés tocaram o amplo saguão da Thousand Corp, e precisei correr para alcançar o elevador antes que as portas fechassem. Algumas pessoas me cumprimentaram e respondi delicadamente.

O último ano foi cruel em todos os sentidos possíveis, tudo bem, talvez não em todos os sentidos — já que pouca coisa era pior que levar um tiro —, mas cheguei ao que alguns chamariam de limite.

Tudo o que sempre quis foi independência, fazer próprio nome e que ele não tivesse relação com o da minha família. Mas depois do meu milionário-casamento-arranjado ter sido cancelado, de quase ter morrido e acabar concordando em assumir a posição do meu pai na empresa, cheguei à conclusão de que eu precisava de um tempo.

O trabalho de repente se tornou muito maior do que eu imaginei que pudesse ser.

Pela primeira vez pude entender sobre o que papai queria dizer quando chegava em casa exausto depois de um dia de trabalho. Sou hipócrita sim, mas não vou negar que me perguntava "qual é a dificuldade em sentar numa mesa e ouvir outros velhos ricos resolverem seus problemas?".

E agora eu entendo. Porque, no fim do dia, sou eu que preciso decidir e essa decisão vai impactar a vida de milhares de pessoas no mundo todo.

Alice Walton querida, eu te entendo perfeitamente. A vida de herdeira só me parece fácil quando você não precisa fazer o trabalho do parente que construiu toda a fortuna. E, talvez, essa percepção tenha sido responsável por balançar um pouco uma das poucas certezas que tinha na vida.

Os sorrisos familiares me acolheram assim que adentrei o andar que fez com que eu me apaixonasse pela empresa da família, e cruzei o longo corredor distribuindo cumprimentos, mas estava focada na sala de vidro na extremidade oposta do andar. A porta ostentava o título que me arrancou um sorriso nostálgico e fiz questão de não pedir para ser anunciada.

Ser a atual dona da porra toda ainda tinha lá suas vantagens.

Ele falava animado no telefone e quando finalmente notou minha presença, assobiou e começou a rir. Finalizou a ligação com uma desculpa esfarrapada antes de esticar as mãos para um high-five entusiasmado.

— E olha só se não é minha coreana preferida! — Bill quase gritou — Quer dizer, minha admirável chefona — se corrigiu e joguei o cabelo por cima dos ombros com ar de superioridade

— O que você anda aprontando para começar o dia puxando meu saco? — perguntei desconfiada e ele abriu o seu característico sorriso de orelha a orelha.

— Sei que você já disse que não é para misturar as coisas, mas sinceramente, não sei mais o que fazer com O homem — suspirou e desabei na poltrona em frente à mesa.

Tudo Por Você, Meu BemOnde histórias criam vida. Descubra agora