c a p í t u l o 3

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Acariciava o cabelo de Erik, que estava com a cabeça no meu colo e encolhido no pequeno sofá do meu apartamento, enquanto assistíamos Love is Blind

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Acariciava o cabelo de Erik, que estava com a cabeça no meu colo e encolhido no pequeno sofá do meu apartamento, enquanto assistíamos Love is Blind. Faziam meses desde a última vez que tivemos a oportunidade de aproveitar assim um com o outro.

Sempre tentava dar um jeito de voltar para casa ou Erik ia me ver na Coréia, mas sempre por poucos dias. Foram raras as vezes em que nossas agendas coincidiram e, se estivesse menos ocupada, poderia tentar culpar meu pai por isso para aliviar um pouco minha parcela de culpa.

Fiz tudo o que precisava fazer para ficar com Erik e a consequência dos meus esforços foi ficar cada vez mais distante dele. Fisicamente, falando. Tê-lo por perto já era bom, mas ainda não era o bastante. E não tinha nada a ver com o nosso relacionamento.

A distância e a saudade eram fatores relevantes, mas não os únicos. Eu nunca precisei estar com ninguém para me sentir completa ou feliz. Foi sozinha e do outro lado do planeta, sem nenhum dinheiro no bolso e sem ninguém para contar que descobri quem eu era. A única pessoa que foi capaz de preencher o vazio que sempre senti vivendo os planos dos meus pais foi eu mesma. E agora, o que preenchia a maior parcela da minha vida era tudo, menos isso.

Eu continuava me esforçando e me privando dos meus próprios planos, para continuar cumprindo minha parte no acordo que fiz com meu pai, mas avaliando a situação de forma prática, a regra não se aplicava mais.

O combinado foi claro; se eu quisesse demitir o antigo CEO traidor e salvar Erik de uma injustiça, precisaria assumir o meu papel como herdeira. Eu assumi o meu lugar e demiti o velho Beak.

Meu trabalho estava feito.

Me sentia um pouco mais tranquila em perceber que eu enfim mataria a maior saudade que vinha sentindo; a de mim.

— Você consegue se imaginar fazendo isso? — perguntei e Erik virou o rosto para me encarar em dúvida e inclinei o queixo em direção da televisão — Casar com alguém que você nunca viu ou tocou?

Erik ficou calado por algum tempo, avaliando a situação mais profundamente do que tinha sido minha intenção ao fazer a pergunta. Às vezes eu só queria uma abertura para fazer um drama, ou uma brincadeira e deixá-lo sem graça. Ele poderia cooperar e responder igual no meu script mental.

— Eu sou de uma época em que telefone era luxo, por muito tempo se quisesse namorar teria que ser pessoalmente. Então não — concluiu e enrugou sua testa daquela maneira que me fazia querer falar menos e gemer mais. — E você?

Respirei fundo e o encarei séria. Precisava de muita concentração para conseguir raciocinar com o seu perfume ao meu redor e seu corpo quente tão próximo ao meu.

— Com certeza não — resumi.

— Nem se fosse comigo? — perguntou fingindo estar ofendido e eu precisei rir.

— Principalmente contigo. Você já se ouviu falando no telefone? Um ogro, sempre de mau-humor — provoquei e ele se levantou do meu colo, com as sobrancelhas erguidas em surpresa.

— Você não se apaixonaria por mim sem ter me visto antes? — daquela vez parecia ofendido de verdade e ri sem saber como responder.

— Eu não acredito que você vai me fazer dizer isso em voz alta — sua expressão irritada me fez entender que eu teria sim e bufei. — Nunca escondi que para mim primeiro foi algo físico — tentei me defender, mas o estrago já parecia estar feito. — Erik, nós nos conhecemos na balada e transamos sem trocar nenhuma palavra, o conceito é o oposto de Love is Blind! — sua expressão já estava fazendo com que me sentisse uma péssima namorada.

— Entendi... Nosso amor é baseado em você me achar atraente — concluiu e tampei o rosto para não grunhir pelo rumo que a conversa estava tomando.

— Eu usaria o termo gostoso, para ser sincera — disse depois de olhar rapidamente dos pés à cabeça e me arrependi das minhas palavras assim que elas escaparam da minha boca grande.

Eu tinha que falar o que não devia.

Erik se levantou do sofá num pulo e imitei seu gesto com medo que ele estivesse chateado. Mal consegui ficar de pé e senti meu corpo ser erguido, e de repente eu estava sob seu ombro, encarando o chão. Esperneei e bati em suas costas tentando descer, enquanto ele ia em direção ao meu quarto. Ele fechou a porta atrás dele, me jogou na cama me tirando o fôlego e sua irritação incendiava seus olhos, que agora queimavam atentos pelo meu corpo. Ele passou o polegar pelo lábio inferior, pensando, e esse pequeno gesto desencadeou uma onda elétrica, arrepiando todo o meu corpo.

Que. Homem.

— Como parece que começamos da maneira errada — sua voz rouca estava perigosamente devagar — Podemos aproveitar a oportunidade e... — Erik estava bem em cima de mim e ele continuou sussurrando pausadamente até chegar perto do meu ouvido — Conversar o bastante para você se apaixonar por algo além do meu corpo gostoso — finalizou saindo de cima de mim com um sorriso confiante nos lábios.

Minha respiração estava irregular e a situação nas minhas áreas baixas era crítica.

Eu precisava dele.

— O que mais fizemos no último ano foi conversar sem nos tocar, não faça isso comigo... — tentei, mas Erik deu de ombros.

Ele correu para meu banheiro, trancando a porta. Fui até lá sem acreditar no charme que ele estava fazendo.

— Assim nós podemos conversar como se não nos conhecêssemos. Como se fosse aquela vez na balada — sugeriu rindo e eu estava quase chorando de frustração.

— Isso não é justo! Você também se interessou pelo meu corpinho primeiro. E Você também não disse nada naquela noite! — gritei para a porta. — Já nos amamos, que diferença isso faz agora? — eu o ouvia rir, mas a porta não se mexeu e tentei uma abordagem diferente. — Oppa... por favor? — tentei com a minha mais melancólica entonação, esperando que o meu esforço em soar fofa amolecesse seu coração e o fizesse sair e me dar o que eu queria.

— Hyuna... — respondeu e quando estava prestes a abrir um sorriso vitorioso ele continuou — Mas dessa vez não vai funcionar.

E eu gritei, o que mais eu poderia fazer se meu namorado não queria me jogar na cama e arrancar minhas roupas? Não poderia obrigá-lo se ele não queria.

Mas também não precisava fazer o que ele queria, então tirei as roupas e me deitei confortavelmente na cama, deixando minhas mãos percorrerem o caminho que eu queria que as de Erik.

Acho que nem ele queria mesmo conversar assim, com uma porta entre nós, já que depois de alguns minutos, ele saiu do banheiro e assim que percebeu o que estava acontecendo, engoliu o próprio orgulho e se juntou a mim. Sorri vitoriosa assim que seus lábios alcançaram meu pescoço e me inclinei para senti-lo ainda perto.

— Parece que dessa vez funcionou... — eu o provoquei e Erik me calou com a própria boca, irritado e excitado demais para discutir.

Perfeito.


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Tudo Por Você, Meu BemOnde histórias criam vida. Descubra agora