Capítulo Único - Homosexuality.

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As luzes coloridas piscavam e refletiam nos corpos suados que se remexiam ao som de uma música eletrônica, em uma sala a qual cheirava a bebida e maconha. Não havia motivos para fazer uma festa em plena quarta-feira, mas eram universitários, afinal, o que esperar de pessoas que tinham acabado de sair da escola?

Jongin era um exceção: odiava o gosto amargo da maior parte das bebidas, tendo experimentado maconha apenas uma vez, nunca mais querendo fumar a erva. Teve que se acostumar a ser o único sóbrio nas festas e nem mesmo o seu melhor amigo, Baekhyun, era útil nesses momentos. E, embora soubesse sobre vários tipos diferentes de bêbados, o Kim nunca tinha conhecido alguém que ficasse como o ele quando afetado pelo álcool. O baixinho, por algum motivo inexplicável, ficava extremamente carente e beijava pessoas aleatórias.

Nada parecia especial naquela noite, apesar da casa parecer um pouco mais lotada do que o normal. Todas as repúblicas eram do mesmo tamanho, então tinha uma boa noção disso. Espremeu-se entre as pessoas que dançavam enquanto procurava por Baekhyun para que pudesse avisá-lo que estava indo embora. O encontrou com certa dificuldade, tendo que apertar a cintura do garoto para conseguir a sua atenção.

— Baek, eu já vou indo — informou quando Baekhyun finalmente se virou para encará-lo, os olhos pequenos e avermelhados. Ele passou os braços por seu pescoço e se aproximou.

— Não vá, Jongin! — suplicou. O moreno soltou uma leve risada e murmurou algo sobre ter tido um dia cheio e precisar de descanso.

Aproveitando da proximidade de seus corpos, Baekhyun não hesitou em erguer a cabeça e tocar os lábios do amigo com os seus, os dedos finos embrenhando-se nas madeixas castanhas. Jongin, em completo choque, não sabia o que fazer. Estava completamente imóvel, apenas sentindo a maciez da boca do Byun. Entreabriu os lábios relutantemente, as línguas se encontrando.

Não era a primeira vez que beijava alguém, mas a primeira que esse alguém não era do sexo oposto — isso porque ele não considerava aquele selinho que foi obrigado a dar em um menino quando tinha doze anos um beijo de verdade, embora tivesse se sentido muito melhor com ele do que quando beijou algumas garotas — e aquilo o deixava apavorado. Porque, ainda que Baekhyun não estivesse ciente de suas ações, ele beijava muito melhor do que tais mulheres.

O beijo não durou muito, mas por tempo o suficiente para que surtasse mentalmente por diversas razões. Sentindo-se sujo, fechou os lábios e delicadamente afastou o amigo. Nunca o culparia por aquilo, apenas a si mesmo. Engoliu em seco antes de acenar e finalmente deixar a festa.

O sono demorou para arrebatá-lo naquela noite. Rolou pela cama, esticou o corpo e até mesmo se levantou para tomar um copo de leite quente — funcionava quando era uma criança sem preocupações. Dormiu às quatro e acordou às seis e meia por causa da faculdade.

Sabia muito bem que a sua reação ao beijo não era comum. Também tinha conhecimento de que aquela não era a primeira vez que sentia algo por alguém do mesmo sexo, porque já tinha se pegado olhando para homens durante mais tempo que o necessário. Enquanto os seus colegas, desde a adolescência, falavam com entusiasmo sobre como haviam tocado os seios de uma garota e outros diziam que queriam ter aquela experiência, nunca pensou na hipótese.

No fundo de sua mente, sabia o que aquilo significava.

Demorou bastante tempo até que descobrisse o que era a homossexualidade. Uma vez, aos quinze, viu um homem apanhando na rua enquanto os agressores o chamavam de bicha e diziam que ele deveria virar homem. Outra vez, enquanto assistia algo na televisão, uma das cenas mostrava uma garota chorando após ter beijado uma das amigas.

Não queria passar por isso. Jongin via a homossexualidade como algo que apenas o traria sofrimento, algo que poderia destruir a sua vida. Não queria olhares de repulsa por gostar do mesmo gênero. Por isso apenas ignorava a sua situação, esperando que, talvez, um dia se sentisse quente enquanto olhava para uma garota.

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