Os Pais Nem Sempre Estão Certos

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505 – Arctic Monkeys

Quando eu o vejo eu não consigo imaginar nada que faça sentido um pai simplesmente desdenha-lo de sua família só por amar outro rapaz.

De todas as pessoas que já conheci nessa porra de cidade ele é a melhor delas, ganhando por muito. Ele é o tipo de pessoa que ajuda velhos rabugentos a atravessar a rua mesmo correndo o risco de ter seu traseiro chutado. O tipo de pessoa que fica estupidamente animado quando toca sua música favorita no rádio, ao mesmo tempo que goste secretamente de todas as músicas, até aquelas que ninguém mais gosta.

Quando Nick nota que estou aqui ele para imediatamente, descendo de seu skate pisando na ponta para pegá-lo e vir até mim, com um sorriso bobo e até um pouco constrangido.

_ O que foi? _ pergunto quando se aproxima me trazendo para um beijo suave e rápido e se senta ao meu lado.

_ Me diz você... Stalker. _ deixo escapar uma rizada sem graça. _ Está aqui a muito tempo? _ nego. Eu realmente não estou. _ Porque não me avisou que já estava aqui? _ ele sorri.

_ Não quis que parasse por minha causa. _ ele assente e pega em seu bolso um cigarro e o isqueiro se preparando para ascendê-lo. _ Urgh! Sabe que odeio quando faz isso. _ pego o cigarro de seus lábios o atirando ao chão.

_ Sabe que eu não ligo, Otto. _ ele pega outro.

_ Você as vezes é um cuzão, sabia? _ me levanto impaciente enquanto ele acende o cigarro tragando ruidosamente.

Eu odeio essa merda. Ele já não tem uma saúde razoável e ainda sim faz questão de piorar as coisas com cigarros e bebidas baratas, mas tenho de admitir que assisti-lo as vezes é fodidamente sexy. A forma com que deixa o cigarro entre os dedos, quando ele libera a fumaça como se fosse algo verdadeiramente prazeroso, a expressão suave em seu rosto... Seria mentira dizer que já não havia me pego pensando nisso enquanto me masturbava, mas ainda sim preferia que não o fizesse. _ O que vai fazer hoje? _ pergunto e ele dá de ombros soltando a fumaça aos poucos. 

_Acho que minha mãe quer que eu vá a igreja com ela ou algo assim. _ apenas concordo em silêncio. _ Mas não é como se não pudesse escapar. _ ele sorri maliciosamente.

_ Não sei não. Acho que faria bem para você ir a igreja. _ digo zombando dele. _ talvez eles te concertem. _ ele ri erguendo seu dedo médio me fazendo rir também. _ Sem pais em casa. _ eventualmente assumo deixando que tome suas próprias conclusões.

_ Okay... _ ele se levanta e começamos a caminhar rumo às nossas casas.

_ Sério cara... Acho que devia mesmo ir à igreja com sua mãe. _ digo quando nos aproximamos de sua casa. _ Ela já tinha te pedido antes, talvez ela só queira passar um pouco mais de tempo com você. _ ele solta uma meia risada cético.

_ Me chamasse para um filme ou sei lá, jantar? Ela sabe que não gosto de ir até lá.

_ Como se seu pai não fosse deixar o clima uma merda. Eu não estou implicando com você. Sei que não gosta mas é a única coisa que podem fazer sozinhos. Ela é sua mãe e está realmente tentando. _ ele fecha seus olhos por um instante considerado.

_ Tudo bem. A missa acaba as nove, vou para sua casa quando acabar. _ eu o puxo para um beijo antes de chegarmos a porta de sua casa e então o deixo ir.

_ Vê se reza um pouco também. _ digo seguindo meu caminho e nem preciso me virar para saber que está me mostrando o dedo médio.

***
Deitado sobre o sofá assistindo o filme Halloween pela milésima vez na TV, não mais que oito e quarenta da noite ouço a campainha tocar. _ Estou indo! _ grito da sala de estar tentando desamassar pelo menos um pouco minhas roupas no curto caminho até a porta. _ Achei que a missa acabasse as nove. _ abro a porta para encontrar Nick com uma mochila nas costas todo desarrumado e com um corte ainda vermelho vivo em seu lábio inferior. _ O que?... Que diabos aconteceu, Nickie?! _ seguro seu rosto em minhas mãos analisando o corte e o fazendo olhar para mim.

EU ODEIO TUDO E TODOS, MENOS VOCÊ - TRICK Onde histórias criam vida. Descubra agora