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Não sabia se havia de falar alguma palavra, a sua altura era deveras intimidadora, mas não devemos achar isso duma pessoa apenas pelo seu tamanho.

Não havia nada a perder em falar com alguém neste momento, é sempre bom falar com desconhecidos, eles ás vezes compreendem-nos melhor do que os mais próximos.

"Olá" Disse baixo quase num susurro. O ar que saia da minha boca ficava em pequenas nevoas brancas por causa do frio. O sol já se estava a por e a escuridão já começava a aparecer no céu.

Olhei para o rapaz e observeio a retirar o cigarro dos seus lábios e deitá-lo ao chão pisando de seguida.

Ele avança na minha direção fazendo a sua aparência visivel. Ele não aparenta ser velho muito pelo contrário. A sua cara é bela e jovem, na sua sobrancelha encontrasse um piercing tal como no seu lábio. O pouco dos seus braços que eu vi estavam cobertos de tatuagens que se enquadravam bem no seu estilo. Tinha cabelos encaracolados castanhos puxados para cima, uns olhos verdes lindos mas no entanto sem brilho, como se estivessem apagados no escuro e a coisa pela qual fiquei mais fascinada, o formato dos seus lábios, uns lábios perfeitos em forma de coração duma cor rosada.

"Então queres diversão é, boneca?" Ele disse duma forma indiferente mas ao mesmo tempo como se o quisese ter dito.

Arregalo um pouco os olhos com a sua afirmação. Desencosto a cabeça da parede e coloco os meus joelhos contra o meu peito abraçando-me a eles.

"Não" Respondo rapidamente fazendo-o encarar-me em confusão.

"Não?" Ele franze a sobrancelha agachando-se á minha frente.

Encaro o seu rosto e vejo que este também me encarava.

Os seus olhos verdes sem vida olhavam diretamente nos meus azuis e por alguma razão não me deixava encomodada.

"Vejo que és difícil" Ele afirma.

"Eu a propor-te de livre vontade, enquanto podia estar a fazer outra coisa, e tu respondes-me não" O seu tom de voz eleva drasticamente dando-me algum receio de continuar aqui.

Ele aproxima-se mais um pouco de mim fazendo-me fechar os olhos com força.

Sinto uma lágrima involuntária rolar pela minha bochecha.

"O que é isto" Ele questiona fazendo-me abrir os olhos lentamente.

"O quê?" Susurro confusa com a sua pergunta.

"Isto" Ele aponta para a pequena lágrima que ainda se encontrava na minha cara.

No meu rosto havia uma expressão confusa com a sua pergunta. Levo lá a mão e limpo a lágrima rapidamente.

"Como assim o que é?" Pergunto baixinho encarando as minhas mãos.

"O que significa essa água que saiu dos teus olhos?" Ele levanta-se e eu encaro-o.

Como assim ele não sabe o que é chorar?

"Bem normalmente quando um pessoa quando está triste ou sente medo chora" Disse-lhe e ele olhava-me atentamente.

"Ou então se as acumulares desde muito tempo, pode alguma escapar sem querer" Completei e soltei um suspiro.

"Tu tens medo de mim?" Ele pergunta lentamente olhando fixamente para a parede negra que estava na sua frente.

"Não, porque haveria?" Disse baixinho.

"Então...porque choraste?"

"Eu...eu não sei" Minto mas ele parece não acreditar, mesmo assim não pronunciou mais nada.

Ele estica a sua mão na minha direção e eu fico a olhar para ela.

Amarro-o pelo pulso e exerço força para me por a pé com a sua ajuda.

Ficamos frente a frente e os nossos olhares não se descolavam como se estivessem presos com uma corrente.

"Sou o Harry" Ele murmura.

"Mary" Respondo no mesmo tom.

Ele desvia o seu olhar do meu ficando a encarar o chão parecendo bastante pensativo.

Do nada sinto uma mão na minha boca e sou encostada brutamente á parede fria daquele beco.

Fecho os olhos devido á dor do impacto.

Sinto algo ser injetado na minha perna e a minha cabeça parece andar á roda deixando-me tonta.

Sinto o meu corpo perder forças e a escuridão doma a minha visão apagando-me do mundo.

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Oreo

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