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Abro os olhos muito lentamente e uma grande dor de cabeça atinge-me.

Olho em volta e não reconheço o local onde me encontro, uma espécie de sotão de madeira onde apenas uma pequena janela redonda transmitia luz para aquele local sombrio.

Tento andar mas sem sucesso, olho para cima encontrando os meus braços esticados por cima da minha cabeça e os meus pulsos amarrados com umas algemas de ferro que cobriam a zona do pulso.

Mexo os meus braços tentando-me soltar mas nem um centimetro eles se haviam movido.

Faço força para a frente mas acabo sendo puxada para trás batendo com as costas contra a parede com alguma força provocando-me algumas dores.

Desisto de tentar ficando apenas ali parada, como é que eu vim aqui parar?

O som duma porta a ranger é ouvido por toda a divisão fazendo-me colocar toda a minha atenção lá.

Um corpo surge através da velha porta de madeira caminhando na minha direção.

Os seus passos eram lentos e a  cada aproximação do seu corpo até mim era como se o meu coração fosse explodir de tão rápido que batia.

Fecho os olhos momentaneamente e quando os volto a abrir o seu corpo já está bastante perto para eu ver quem é.

"Olá Mary" Ele pornunciou-se devagar e pegou na sua caixa de cigarros tirando um, acendendo-o e colocando por entre os seus lábios.

Ele mantinha uma expressão indecifrável, soltou uma pequena nuvem de fumo e concentrou novamente o seu olhar em mim.

"Já me podes dizer o porquê de chorares?" Ele pergunta e caminha até um cadeira de madeira sentando-se lá.

Mantenho-me calada com a sua afirmação, as memórias de ontem parecem atingir-me como um flash na minha mente.

"Fiz-te uma pergunta" Ele rosna inclinando-se para a frente apoiando-se no seus joelhos "Se tiver que a repetir...as coisas não vão ficar bem para o teu lado" Ele diz ainda num tom aspro dando uma pequena pausa.

Os seus olhos transmitiam um pouco de raiva enquanto na sua cara permanecia a mesma expressão indecifrável.

A dor nos meus pulsos aumenta cada vez mais, o sangue antes presentes neles havia ido para o fundo dos meus braços, sinto-os dormentes e não pareço sentir mais nada nessa zona fazendo-me morder o lábio inferior de dor e da sensação desconfortável que estava sujeita.

"Eu já tinha dito que não sei" Afirmo num tom baixo.

"Achas mesmo que vou acreditar que não sabes"

"Eu não sei, mas também porque queres saber?" Pergunto claramente confusa.

Ele mantém-se calado deixando de fixar o seu olhar no meu.

"Vocês são todas iguais" Ele levanta-se e solta mais uma nuvem de fumo.

Caminha até mim devagar ficando assim perto do meu corpo.

"Mentirosas, manipuladoras e só querem uma coisa" Ele diz pausadamente. Aproxima-se da minha orelha e sussura "O prazer" Sinto algo quente e doloroso a embater contra o meu braço fazendo-me gemer de dor.

Olho para a zona e um pequeno buraco encontrava-se na minha camisola, um buraco do tamanho da base dum cigarro.

Ele atira o cigarro para o chão e calca-o.

"Tu não sabes nada sobre mim" Solto um pequeno gemido de dor ao sentir o seu dedo pressionar a minha pele queimada.

"Sei que mentiste, é suficiente, são todas iguais, não é muito difícil de saber como é a tua vida" Ele olha-me uma última vez nos olhos antes de abandonar o local sombrio, batendo a porta com força sem me deixar pornunciar nenhuma palavra.

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Oreo

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