Parte II

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Algo enorme e prateado explodiu em frente ao seus olhos. Draco pestanejou, procurou em volta e chegou a conclusão de que tinha estado sonhando.

Ainda era cedo. A sala comunal estava em silêncio, exceto por Goyle roncando na poltrona ao seu lado e pelos estalos da lenha na lareira. Ele não escutava mais a chuva. Draco tirou o capuz, ergueu o olhar e franziu o cenho para a nuvem que continuava em cima de sua cabeça. No entanto, não estava chovendo, e embora suas roupas estivessem úmidas e incomodas, pelo menos não estavam encharcadas.

Draco se levantou, sorrindo, e saiu correndo da sala comunal. Ele quase tentou sumir com a nuvem sozinho no caminho para a ala hospitalar, mas decidiu não arriscar. Provavelmente era melhor deixar Pomfrey cuidar disso. Tinha certeza de que agora ela conseguiria. A chuva havia parado e a nuvem estava tranquila.

No entanto, suas esperanças foram prematuras. Pelo menos foi o que Pomfrey disse quando ela falhou em eliminar a nuvem (depois de ter resmungado e apontado que eram cinco da manhã; até sua rede de cabelo parecia olhar feio para Draco). Desta vez ela estava armada com feitiços dos quais Draco nunca tinha ouvido falar antes, mas nenhum deles funcionou. Quando ele saiu da ala hospitalar, com um novo frasco de Poção Calmante e vapor saindo de seus ouvidos graças a outra dose de Poção Apimentada, estava chovendo novamente.

Era sábado e o castelo estava silencioso, exceto por um trovão ocasional que Draco tinha certeza que vinha de fora, não de sua nuvem. Ele foi para seu dormitório e aproveitou para tomar um longo banho em paz. Trocou de roupa e relutantemente colocou de lado a capa de Potter. Não é que estivesse seca, mas lhe trouxera sorte; o manteve aquecido durante a noite. E cheirava bem. Não que as roupas de Draco não cheirassem bem, mas o cheiro de Potter era, de alguma forma, agradável.

Draco abandonou seus pensamentos inúteis e foi para a cozinha. Os elfos domésticos ficaram felizes em servir-lhe comida e um pouco de suco de abóbora, enquanto se curvavam e elogiavam a nuvem adorável que ele tinha, lhe perguntando se esta era a última moda bruxa. Três bolinhos de chocolate depois, ele se sentiu bem o suficiente para escrever para seus pais e pedir-lhes que mandassem capas, mantos e, se fosse possível, um profissional para curá-lo, caso pudessem encontrar um.

Ele voltou para a sala comunal — "Poderei sorrir quando todo meu trabalho eu terminar" o centauro lhe obrigou a recitar antes de deixá-lo passar —, convocou pergaminho, tinta e a pena de repetição de Susan Bones. Então começou a escrever uma carta para sua mãe.

— Sofri um pequeno acidente em uma das aulas. Nada com o que se preocupar, mas preciso que me mandem roupa nova — disse em voz alta.

"Por favor, mãe, me mande uma capa. Estou cheio de ódio e desespero. Meus colegas acham que sou uma piada; tenha piedade da sua prole e não deixe que eu padeça essa condenação", escreveu a pena de repetição.

Draco jogou o pergaminho no fogo e se rendeu. De qualquer forma, não tinha vontade alguma de choramingar para sua mãe mesmo. Em vez disso, bebeu todo o frasco de Poção Calmante e voltou a dormir.

No que pareceu pouco tempo, Draco foi acordado por um terremoto. Um terremoto que dividiu o terreno lamacento de Hogwarts ao meio e abriu um abismo de boca gigantesca, grasnando:

— Malfoy. Maldito seja, Malfoy!

Draco franziu o cenho e abriu os olhos. O abismo se transformou em Potter. Seus dedos se cravaram nos ombros de Draco, sacudindo-o impiedosamente.

— O que diabos você fez? — Potter gritou. Ele parecia apavorado. E encharcado.

Draco tentou se endireitar, mas seus membros estavam pesados ​​e sua cabeça parecia grande demais para seu pescoço suportar. Ele olhou em volta com a visão turva. Estava cercado por pelo menos vinte alunos, todos de pijama, ensopados, com o cenho franzido e os olhos arregalados.

Then Comes a Mist and a Weeping Rain » drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora