25 de Dezembro - Eren

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Eren

O apartamento de Levi era como as manhãs de domingo. Aquela sensação quente no peito e um aroma familiar nunca identificado. O lugar era uma sombra lúcida de Levi.
O natal na casa de Hanji fora sem dúvidas, o meu melhor. Por volta das duas e meia Levi e eu voltamos para o seu apartamento.
Sei que Mikasa não ficou muito feliz com isso, apesar de não dizer nada. E talvez nem fosse preciso, conheço minha irmã o suficiente. Em compensação, Hanji lançou seu típico olhar malicioso em direção a Levi, e Armin somente nos pediu cuidado.
- Deixe os sapatos na entrada. – avisou Levi quando passamos pela porta de entrada.
Obedeci e deixei meu casaco no gancho da parede ao lado.
Petra correu para entre as minhas pernas e esfregou a cabeça em minha canela. Me curvei apenas o suficiente para afagar seu pelo macio.
- Vem. – Levi estendeu a mão para mim e me guiou pelo corredor, até uma porta fechada.
Como eu imaginava, era o quarto de Levi. O cômodo era totalmente composto por cores neutras e o cheiro de Levi pairava por todo lugar, atordoando meus sentidos.
Ele apontou para a cama e então me sentei. Levi puxou seu cachecol lentamente, o tecido de algodão deslizando sobre a pele do pescoço.
Ele estendeu o tecido e vendou meus olhos, amarrando suas pontas na parte detrás de minha cabeça.
- O que é isso? – perguntei tentando enxergar através do pano escuro.
- Você fica aqui até eu voltar – Levi segurou meu queixo e selou nossos lábios. – E nada de espiar, Jaeger.
Sorri ladino e concordei com a cabeça, ouvindo os passos leves de Levi se afastando pelo cômodo.
Minha perna tremia em ansiedade e a necessidade de inspirar fundo foi necessária de forma consecutiva.
Eu apertava o tecido da calça em minhas mãos, tentando descontar meu nervosismo em algo além de mim.
Eu não fazia ideia do que Levi planejava para mim. Que tipo de presente requer tanto suspense assim?
Minha cabeça rodava em círculos, buscando sentido para minhas teorias ridículas. Até que por fim desisti, e apenas esperei.
Não tenho certeza por quanto tempo esperei, pois perdi a noção do tempo por conta da minha inércia em pensamentos aleatórios.
Um barulho mínimo me puxou de volta para a realidade de forma brusca.
- ... Levi? – chamei baixo e não obtive uma resposta direta, apenas um suspiro alto.
Pude ouvir os passos curtos de Levi se aproximando, e então pararam a minha frente.
- Uau, que bom garoto Jaeger. – Levi elogiou e pude visualizar seu sorriso ladino em minha mente. – Não sabia que você podia ser tão obediente assim.
A presença de Levi era forte, e o fato de não poder ver seus movimentos me deixava ainda mais nervoso.
- Se eu soubesse que você era tão bom cumprindo ordens... – pude sentir sua respiração em meu rosto. – Teria feito isso antes.
Tentei aproximar meu rosto, na tentativa de obter algum contato. Mas pude sentir Levi se esquivando.
- O que você está fazendo? – murmurei virando o rosto para o lado oposto.
Dito isso, Levi pegou minhas mãos e as ergueu. Meus dedos tocaram algo que pude identificar como um tecido de seda. As mãos de Levi ainda repousavam sobre as minhas, as guiando e me encorajando a explorar o território desconhecido no qual eu me encontrava.
Percorri alguns centímetros pelo tecido até que meus dedos encontraram algo diferente, macio e quente. Ouvi Levi suspirar, e então pude perceber que estava tocando sua pele, mais especificamente sua cintura.
Não pude conter o pequeno sorriso que surgiu em minha boca quando finalmente percebi quais eram as intenções de Levi.
- Então você é meu presente? – ergui o rosto mesmo de olhos vendados.
Sorri e apertei sua cintura, o puxando para mais perto. Levi entendeu e se sentou em meu colo, passando as mãos pela minha nuca até alcançar o cachecol em minha cabeça.
A luz me cegou momentaneamente quando a venda improvisada foi retirada dos meus olhos.
Quando finalmente pude enxergar Levi em meu colo, perdi o fôlego.
Ele estava me observando, trajando apenas uma cueca box preta e um roupão de seda avermelhado. A pele pálida do tórax estava completamente exposta, e eu realmente não esperava tal estrutura corporal.
O seu peito e abdômen eram bem definidos, mas não de forma exagerada. Era como se fosse algo natural dele, e eu não duvidaria se de fato fosse.
- Não me olhe assim sabe que eu odeio isso. – reclamou agarrando os cabelos em minha nuca.
Encaixei meu rosto na curva de seu pescoço, sentindo seu perfume forte e beijando sua clavícula demoradamente.
Levi arfou e pendeu a cabeça para trás automaticamente, se remexendo um pouco em cima do meu colo.
Eu sabia que Levi era um artista nato. Mas olhando por esse ângulo, ele era a própria obra de arte tão perfeitamente traçada como uma estátua de mármore.
Quando nossos olhos se encontraram novamente pude capturar seus lábios por entre os meus, e como esperado suspirei em satisfação ao sentir seu gosto.
Deslizei o roupão de seda pelos seus ombros até o mesmo atingir o chão. Ergui os quadris de Levi e nos virei na cama, deitando Levi e ficando por cima de seu corpo.
Eu não conseguia parar de beija-lo, era como uma nova espécie de frenesi.
Suas pernas se entrelaçaram nos meus quadris e puxaram meu corpo para baixo, pressionando nossos corpos juntos. Soltei um pequeno gemido pelo atrito criado entre nós, e Levi respirava ofegante.
Senti suas mãos adentrarem minha camisa e passearem pelas minhas costas, puxando o tecido para fora de meu tronco devagar.
A protuberância em minha calça por conta de minha ereção era evidente demais, vez ou outra se esfregando contra a de Levi.
Eu não sei na realidade, em qual momento Levi trocou de posição e se colocou entre minhas pernas. Somente o fato de ter Levi Ackerman entre minhas pernas era suficiente para fazer meu pênis pulsar em antecipação.
- O que foi? – perguntei quando ele parou de braços cruzados e me encarou.
Ele não respondeu, apenas alternou o olhar para o botão da minha calça. Suspirei e entendi o recado.
Ele ainda estava no comando. Como sempre.
Sorri e movi meus dedos até a barra da calça a desabotoando e abaixando minha cueca cinza até metade das coxas. Levi sorriu pela visão de meu corpo exposto e com um revirar de olhos sarcástico, puxou o resto da calça para fora de minhas pernas.
Então eu estava completamente nu, vulnerável ao seu olhar predatório, que nunca admitirei ser o maior motivo da minha excitação.
Eu não conseguia pensar direito, porque Levi era extremamente bom com a boca. Tudo que eu conseguia fazer era gemer e segurar seus cabelos pretos para empurrar minha glande até o fundo de sua garganta.
Ele conseguiu me empurrar para o limite tão fácil, quase sem esforço nenhum. E eu estava quase, por Deus, só mais um pouco...
- Levi... – resmunguei em reclamação quando o mesmo parou o que fazia e se afastou.
- Não acredito que pensou que iria ser tão fácil assim, pirralho. – um riso malicioso escapou de seus lábios enquanto ele limpava o canto da boca com o polegar.
Levi caminhou vagarosamente até sua mesa de cabeceira e vasculhou seu interior até encontrar uma pequena embalagem de lubrificante, e com isso as posições foram invertidas novamente.
E lá estava eu, puxando a cueca de Levi pelas suas pernas para ter um acesso total ao seu corpo. Eu poderia toca-lo por horas, somente para ouvir o som melódico dos seus gemidos.
O lubrificante era gelado em contato com nossos corpos quentes e com isso, Levi se contraiu um pouco.
- Eren! – a voz de Levi escapou em surpresa.
Eu havia fantasiado esse momento tantas vezes, imaginando como seria e agora, tendo Levi Ackerman gemendo meu nome era uma realidade surreal para mim.
Tudo que vinha de Levi era inexplicavelmente bom. Seu toque, seu cheiro, seu gosto, seus sons... Tudo.
E quando nos conectamos, quando finalmente adentrei seu corpo, foi quase prazeroso demais para aguentar.
- Mexa-se. – ordenou Levi ofegante, enquanto eu esperava seu corpo se acostumar com a intrusão do meu sexo.
No início meus movimentos foram lentos e profundos, mesmo sabendo da personalidade agressiva de Levi, eu não queria correr o risco de o machucar.
Quando percebi que meu pênis já deslizava em Levi com certa facilidade, e seus gemidos estavam mais frequentes, mudei de posição.
Agarrei a cintura de Levi e acenei com a cabeça para que ele se virasse, e assim o vez. Ele se apoiou nos joelhos e nos cotovelos, deitando o peito na cama e erguendo o quadril para mim, na altura perfeita da minha pélvis.
E então não me contive mais, agarrei a cintura de Levi e o preenchi novamente, fundo o suficiente para que nenhum centímetro ficasse de fora. Os movimentos agora eram fortes e o tempo entre as estocadas eram quase mínimas.
Levi não continha os gemidos e deixou que eles lhe rasgassem a garganta. Suas costas estavam num declínio belíssimo e suas omoplatas estavam completamente demarcadas.
As mãos de Levi apertavam o lençol a medida que tudo ficava mais intenso, como quando minhas palmas desferiam tapas estralados em suas nádegas e coxas.
Escorreguei meus dedos para seu pênis, o masturbando enquanto preenchia a extensão de suas costas com beijos e mordidas.
Aquilo era demais, para ambos.
A espinha de Levi se arqueou quando seu orgasmo chegou, um pouco antes do meu. O orgasmo foi simplesmente avassalador, trazendo espasmos musculares por todo o meu corpo enquanto minhas juntas se contraiam.
Posso dizer que fodi Levi com decência até o final, até a última gota de suor.
- Eu não sabia que esse natal iria ser tão bom. – sussurrei para mim mesmo enquanto me jogava na cama com Levi ao meu lado, ambos tentando recuperar a respiração.
- Eu ainda odeio o natal mas esse com certeza foi o melhor que eu já tive. – Levi rebateu erguendo o tronco e estalando o pescoço. – E não deixe isso te subir a cabeça, Jaeger.
- Tarde demais. – falei divertido, abraçando o quadril de Levi. Ele bufou e se levantou. – Onde você vai?
- Tomar banho. – falou simples, vestindo a cueca jogada no chão.
- Pensei que você já tivesse tomado um. – provoquei já imaginando sua resposta.
- Sim Jaeger, eu tinha tomado banho – respondeu irritado. – mas isso foi antes de você gozar em mim.
Não contive a gargalhada e Levi jogou um dos travesseiros no meu rosto em resposta.
- Seu pirralho de merda. – resmungou já saindo do quarto.
- Posso ao menos ir com você? – gritei e pude ouvir minha voz ecoar pelo cômodo.
- Não! – Levi gritou de volta, arrancando um sorriso do meu rosto enquanto eu o seguia.
Ele de fato não me deixou entrar no banheiro, então tive que esperar até que ele saísse, já que eu também necessitava de um banho quente.
Quando saí do banheiro com apenas uma toalha enrolada na cintura, pude visualizar Levi já vestido com roupas quentes, sentado na cama, com uma das mãos escondidas atrás das costas.
- Use essa troca de roupa. – ele apontou para um punhado de roupa dobrada cuidadosamente na ponta da cama. – São as maiores que eu tenho.
As roupas surpreendentemente ficaram num bom tamanho e agradeci mentalmente por isso, já que o frio ainda permanecia intacto.
- O que foi? – perguntei me aproximando de Levi, que evitava contato visual e mordia insistentemente o lábio inferior. – Levi?
Ele suspirou e tirou a mão detrás das costas, erguendo um envelope amarelo mostarda na altura de meu rosto.
- O que é isso? – perguntei automaticamente ao pegar o envelope.
- Seu presente.
- Pensei que meu presente fosse... – comecei porém Levi me interrompeu.
- Não seja idiota Jaeger, não sou sua puta. – revirou os olhos pelo meu sorriso.
Rodei o envelope em minhas mãos até achar sua abertura, puxando um pedaço grosso de papel de dentro dele.
Era um desenho, com traços fortes de grafite, sombreado de forma simples porém ainda muito realista. E só depois de alguns segundos pude perceber que estava olhando para mim mesmo.
- Isso é...? – perguntei tentando achar as palavras certas.
- Foi o desenho que eu fiz quando te vi na cafeteria pela primeira vez. – confessou Levi finalmente encarando meus olhos. – Eu apenas imaginei que fosse algo que você iria querer.
Fiquei um bom tempo segurando o papel em minhas mãos, admirando o trabalho incrível de Levi e completamente apaixonado.
- É... Perfeito. Obrigado Levi. – foi tudo o que consegui dizer antes de tomar seus lábios para mim.
Não sei exatamente o porquê do beijo. Talvez gratidão, satisfação, ou apenas algo automático. Acho que é algo que nunca saberei exatamente.
Levi apenas sorriu, observando meu cuidado ao guardar o desenho de volta no envelope.
- Vem, vamos descansar. – ele disse olhando o relógio no celular antes de colocar o envelope na mesa de cabeceira. – Já é bem tarde.
Apenas balancei a cabeça em concordância, me aninhando na cama com Levi e puxando seu corpo para mim.

Despertei pela manhã com a sonata de Beethoven ecoando pelo quarto. O celular de Levi estava tocando e resmunguei algumas vezes até Levi acabar com a tortura sonora e atender a ligação.
- Isabel? – Levi perguntou com a voz rouca. – O que você quer?
Pude ouvir uma voz feminina e um tanto quanto animada ecoar do outro lado do celular.
- Feliz natal para você também. – Levi suspirou e se sentou na cama, arrumando os fios negros de seu cabelo. – Sim eu estou bem, Petra também.
Só então pude perceber a pequena bola de pelos enrolada no cobertor ao meu lado, ronronando enquanto dormia.
- Tudo bem eu ligo pra você mais tarde, eu acabei de acordar. – sorri minimamente pelo seu comentário. – Tchau.
- Tudo bem? – perguntei após Levi desligar o celular.
- Sim, era só minha irmã me desejando feliz natal. – deu de ombros. – Ela faz isso todo ano.
- Ah, você tem uma irmã. – ponderei e ele concordou. – Posso vê-la?
Levi pegou o celular novamente e depois de alguns segundos me mostrou a foto de uma mulher com os cabelos castanhos avermelhados e olhos verde claros.
- Ela não parece nada com você... – falei franzindo o cenho em confusão.
- Claro que não. – respondeu guardando o celular. – Ela é adotada.
- Por que não me disse que também tinha uma irmã adotada?! – perguntei incrédulo erguendo o tronco da cama.
- Porque você nunca perguntou. – falou simples, me dando um selinho em seguida. – Aliás, Hanji está chamando a gente para comer num restaurante na Midtown.
- Na Silver Dollar City? – minha animação se tornou perceptível quando imaginei que voltaríamos para o mesmo lugar em que nos beijamos pela primeira vez.
- Sim, podemos ir se você quiser. – Levi se levantou e alongou as costas.
- Mas é claro! Eu adoro aquele lugar...
- Por que exatamente, Jaeger? – o tom de Levi era desafiador.
- Bom, tirando a parte de ser muito bonito... – caminhei até Ackerman e agarrei sua cintura. – Foi onde eu te beijei pela primeira vez, e isso sempre me trás memórias boas.
- Você consegue ser incrivelmente gay as vezes. – resmungou se esgueirando para fora de meus braços enquanto eu gargalhava.
- Sim é verdade, mas eu sei que você gosta! – provoquei vendo Levi rumar para fora do quarto.
- Nos seus sonhos Jaeger!

Na Silver Dollar City encontramos Hanji, Armin e Mikasa novamente. Nós almoçamos num dos restaurantes rústicos que havia por lá e depois andamos pelas ruas do parque, conversando e tirando fotos.
Levi segurava minha mão a todo momento, mantendo seu corpo próximo ao meu e eu jamais reclamaria disso.
- Olha, a Roda Gigante está funcionando! – Hanji exclamou apontando para o brinquedo iluminado em movimento. – Eu quero ir, vamos!
Rumamos para a fila do brinquedo, esperando a nossa vez após comprarmos as fichas, Levi e eu fomos os primeiros a entrar em uma das pequenas cabines.
Levi deitou a cabeça em meu ombro e segurei sua mão, entrelaçando nossos dedos novamente.
- Você está sem luva de novo. – observou Levi afagando meus dedos desnudos. – Você nunca vai aprender?
- Talvez eu só queira que minha mão se aqueça entre as suas. – sussurrei beijando o topo de sua cabeça.
- Idiota. – rebateu rindo baixo.
Ao longe era possível ver as casas envoltas em neve e pisca-piscas, como se tudo fosse um pequeno globo de neve natalino e nós estávamos no centro de tudo... Pelo menos era assim que eu me sentia com Levi ao meu lado, no centro do mundo.
A medida que subíamos ao topo da roda, a vista do horizonte ficava cada vez mais bonita e o vento mais gélido, pois apesar de não estar nevando, o frio ainda era cortante.
- Levi. – o chamei automaticamente, encarando o mais longe na paisagem.
- Sim, Jaeger? – senti sua respiração em meu pescoço.
Virei meu rosto para ele e seus olhos fitaram os meus em expectativa e curiosidade.
- Eu... – sussurrei como se estivesse contando um segredo, não ousando desviar meu olhar do seu. – Eu amo você.
Levi arregalou os olhos e se afastou minimamente, me encarando confuso.
- Desculpe, eu sei que é tudo tão cedo e rápido demais.. – suspirei baixando o olhar para nossas mãos. – Mas é verdade e eu...
- Cala a boca Eren. – retrucou Levi revirando os olhos e puxando minha nuca para um beijo intenso.
- Eu não sou bom com essas coisas, mas eu já aceitei meus sentimentos em relação a você. – ele encostou nossas testas enquanto falava. – Então eu entendo... Eu também.
Sorri abertamente e o puxei para outro beijo, como se selássemos um juramento.
Fazia tanto tempo que eu não sentia uma felicidade genuína invadir meu peito, ardendo como uma lareira antiga.
Quando olho para trás e reflito sobre o passado, chego a pensar que o universo é um jogador solitário e que nós somos apenas peões meramente manipulados, feitos para esbarrar uns nos outros. Ou talvez a coincidência seja a resposta para tudo no final, como jogos de probabilidade.
Mas na realidade, isso de fato importa?

Five days of DecemberOnde histórias criam vida. Descubra agora