Capítulo 2

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A pior cegueira é a mental, que faz que com que não reconheçamos o que temos a frente.

Ensaio sobre a Cegueira

Pela primeira vez na vida, Louise não estava em sua rotina...

A garota estava deitada em sua cama, sem sono. Apenas pensava no episódio que havia lhe ocorrido.

- ... Me encontre amanhã, neste mesmo horário, no parque nacional."

Aquela frase não saia de seus ouvidos, ela jamais se esqueceria da entonação ou de cada palavra, jamais, nem que se passasse a eternidade.

Como alguém poderia ter um cabelo daquela cor? E mais, como ela poderia reconhecer a cor daquele cabelo? Era como uma chama azul incendiando todo o cinza a sua volta. Todo o cinza da sua vida.

...

...Me encontre amanhã, neste mesmo horário, no parque nacional...

Louise acordou de supetão com o despertador tocando. E pelo horário cravado no relógio, estava 10 minutos atrasada do seu habitual, ou seja, já havia tocado o despertador duas vezes e ela não tinha acordado.

A garota resmungou e se levantou da cama indo para o banheiro. Eram 7:30 quando saiu do banheiro. 14:45 era o horário que precisava estar no parque nacional.

Se arrastou para o pátio enquanto aquela maldita frase não saia da sua cabeça. E o azul cobria cada pensamento. O que estava acontecendo com ela?

- Bom dia Louise. - cumprimentou Karina animada enquanto se suspendia por apenas uma perna.

Louise não respondeu, ela nem ouviu, para se falar a verdade. Seus pensamentos borbulhavam em sua mente.

- Ei! - falou Milena estalando os dedos na frente do rosto da garota. - Tá tudo bem com você?

- Oi. - respondeu a garota piscando os olhos. - Me desculpe, eu não dormi bem esta noite.

- Ah estava pensando nos testes? - perguntou Karina.

Louise iria negar e contar o acontecido na tarde anterior, mas ela duvidava que entenderiam, e não precisava ser taxada de louca já de manhã. - É esses testes estão me deixando maluca. - mentiu.

Milena entrelaçou o braço pela cintura fina de Karina e soltou. – Vamos nos dar bem, ninguém faria mal a mulheres lindas como nós. - E depositou um beijinho no rosto de Karina, que riu.

Logo os assuntos mudaram e Louise esqueceu, por hora, do que tanto afrontava sua mente.

...

13:10

Louise olhava o papel de autorização de saída em suas mãos e não acreditava no que tinha acabado de fazer. Havia mentido dizendo que não tinha achado o livro e que precisaria ir em outra biblioteca procurar o exemplar. Ela nunca havia mentido antes e algo dizia que não seria a última vez. Se apressou em sair pelas portas do instituto antes eu a culpa lhe assolasse.

Pegou o mesmo ônibus, mas invés de descer no centro, foi até o final da linha parando próximo ao parque nacional. Desceu, caminhou, os olhos ávidos procurando por toda parte aquele azul inconfundível que havia transformado seu mundo em uma grande incógnita.

A garota já estava se frustrando, quando avistou, encostado em uma das arvores, a sombra, o rapaz de cabelos azuis. Caminhou o mais rápido que suas pernas permitiam até ele, que permaneceu imóvel.

Assim que Louise chegou próximo ao rapaz, notou que ele era um pouco mais alto que ela. E que não era só o azul que ela podia enxergar, mas também o seu tom de pele claro, seus lábios rosados e seus olhos estreitos e castanhos. Tudo em perfeita harmonia.

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