❞A escuridão é tão
tentadora, esse
é o
problema.❞
[AU]Will Graham já se 'aceitou' há muito tempo quando conhece Hannibal Lecter e sabe imediatamente o que ele é quando faz sua primeira refeição com ele. Segue-se um longo jogo, com o objetivo de f...
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Will, em retrospectiva, deveria ter esperado isso.
Mas ele é fácil de se adaptar. Esse é todo o seu dom, todo o seu ser - ele é moldável, rápido para ter ideias em situações novas e estranhas, empatizando com seu ambiente. Então, quando Beverly o segue noite adentro, ele age rápido, correndo pela neve, sabendo que Abigail já partiu há muito tempo. Ele está ali, com o rifle de Chiyoh, apenas para interromper e fazer com que eles se sintam tensos. Isso foi tudo, mas agora que ela o está seguindo, ele tem que pensar em outro lugar.
Ele tem que parar de correr, antes de tudo. Ele tem que mostrar a ela o que ela quer ver. Alguém traumatizado, alguém assustado, alguém entorpecido e quebrado. Alguém que foi moldado de acordo com o que outra pessoa deseja dele.
Ai sim. O Will Graham dos seus sonhos. Sua fantasia de salvador pessoal. Ele só pode imaginar como ela deve se sentir destroçada com o desaparecimento dele.
Ele para de correr e ela quase cai em uma raiz de árvore, os olhos arregalados. Ele desliza para a persona que fabrica durante aqueles dois minutos de perseguição - ele está com medo, está sozinho e Hannibal não está aqui. Sim, ele foi manipulado o suficiente para voltar para Hannibal mesmo estando longe dele. É ótimo, é ótimo, é ridículo. Claro que ela vai cair nessa, todas as provas apontam para ele ser uma vítima. Como ele poderia ser outra coisa senão isso? Como na Terra ele poderia ser outra coisa senão isso?
"Will?"
"Beverly", ele respira, os olhos tão arregalados quanto os dela.
"Will," ela diz novamente, se inclinando para agarrá-lo pelos ombros. Ela olha para ele, em busca de marcas de feridas que não existem, marcas de feridas que ela não encontrará em lugar nenhum. "Onde - você está bem? Onde está Hannibal?"
"Ele não está aqui", ele responde, a voz distante, sem emoção. "Ele não pode voltar aqui."
"Will, do que você está falando? Onde está Hannibal?"
"Ele não está aqui", ele insiste, com os lábios trêmulos. "Eu preciso voltar para ele." Ele sufoca um soluço falso, olha para ela e dá um passo para trás, tentando se afastar. "Eu não sabia mais o que fazer, então eu - eu apenas fiz o que ele me disse."
"Não", ela diz, agarrando-o com mais firmeza, quase implorando, tremendo de medo nos olhos. Ele pode sentir isso; ele pode se alimentar disso, dessa sensação de desespero. "Não, Will, fique comigo. Você está seguro. Jack e o resto estão bem aqui. Podemos ajudá-lo."
"Você não pode me ajudar", ele responde. Lágrimas escorrem pelo seu rosto. "Só ele pode."
"Wil-"
Ela grita quando ele a empurra duramente, correndo para a floresta, a escuridão o engolfando enquanto ele faz o seu caminho, um caminho que ele conhece desde os dias que passou ao redor dele, aprendendo o território até que caiu sobre ele como um segundo pele. Ele poderia andar com os olhos fechados.
