ANOTHER LIFE • Gaara + Lee

I

LEE

Eu amava aquele aroma doce do nosso quarto e adorava todas as sensações que isso me proporcionava naquele momento.

As cortinas estavam fechadas, apenas o clarão do céu azul escuro e vestígios das luzes que vinham da rua atravessavam o tecido branco, invadindo completamente o cômodo pequeno e aconchegante.

Os lençóis brancos se encontravam bagunçados e os travesseiros pareciam ter sido jogados de qualquer jeito sob o colchão.

Ele gemeu baixinho, falhando em tentar segurar enquanto apertava o cobertor entre seus dedos, sentindo mais uma investida.

Eu e Gaara faziamos amor de novo naquela noite, e em cada movimento, eu tentava mostrá-lo o quanto o amava, o quanto o queria tanto. O quanto desejava que ele fosse meu.

Já estávamos juntos à dois anos, mas tudo o que eu fazia com ele era como se fosse a primeira vez. O primeiro toque, o primeiro olhar, o primeiro beijo...

Meu corpo desabou sobre o seu quando o senti perder a força e ele também. Um último som abafado ecoou pelo quarto ao chegarmos em nosso ápice.

— Eu te amo muito. — ele disse, e saiu quase como um sussurro. Gaara mergulhou os dedos em meu cabelo, fazendo carinho, e na posição em que eu me encontrava agora, podia ouvir as batidas do seu coração que dançava em seu peito compondo aquela música só para mim.

Sorri ainda de olhos fechados, enquanto tentava me recuperar do que acabamos de fazer. Seu peito subia e descia conforme seus pulmões puxavam fôlego, e eu sabia que ele não estava esperando uma resposta porque meu namorado entendia que eu o amava como nunca amei ninguém, sempre entendeu. Mas isso não significava a falta das minhas palavras.

Com toda a força que me restava, o segurei pela cintura e inverti nossas posições, colocando seu pequeno corpo sobre o meu.

— Eu te amo muito mais. — respondi.

Ele me olhou de cima e esticou os lábios em um sorriso que me deixava tonto toda vez que Gaara o fazia. Diferente das outras inúmeras vezes, não entramos em discussão sobre quem amava mais e quem sentia mais, ele apenas se permitiu me ouvir antes de finalmente desejar:

— Feliz segundo aniversário de namoro...

— E feliz nosso primeiro ano morando juntos. — completei, colando nossos lábios em meio aos sorrisos que eu e ele demos em seguida.

Decidir que iria sair da casa dos meus pais para dar início à minha vida com ele nem sempre parecia ser um conto de fadas, às vezes discutíamos por coisas tão irrelevantes que eu ficava pasmo em como ele perdia a paciência.

"Deixou a toalha encima da cama de novo, porra?"

Então ele a arremessava em mim e cruzava os braços, fazendo um bico. Mas não durava muitos segundos até que ele desfizesse sua expressão de raiva quando eu o enchia de beijinhos pelo rosto e tudo virava uma bagunça de novo. A nossa bagunça, e eu adorava aquilo.

O envolvi em um abraço apertado e lembrei de todas as pequenas situações em que já tínhamos passado durante todo esse tempo. Soltei uma gargalhada que atraiu a sua atenção.

— O que foi? — questionou ele, confuso.

— Não consigo mais imaginar a minha vida sem você, sem a nossa casa, o nosso quarto. Não consigo imaginar um mundo em que o nosso amor não exista nele. — suspirei, acariciando seu braço que repousava em meu peito.

— E sabe o por quê?

— Por que? — direcionei meu olhar até ele, que se aproximava para esconder o rosto em meu pescoço. Perto o bastante para que eu pudesse sentir sua respiração quente na pele.

— Porque não existe uma outra vida em que eu não te ame. — meu namorado me beijou na boca pela última vez naquela noite. — eu te amo em todas elas, Rock Lee.

Puxei o edredom para cima, embrulhando nossos corpos que estavam juntos como um só e deixei um selinho em sua testa.

— Gaara, não importa quantas vidas eu viver. Em todas vou amar você. Mesmo que seja difícil, mesmo que você não me ame de volta. Eu prometo que vou fazer você se apaixonar por mim como se fosse a primeira vez. — finalizei.

Ele se aninhou ainda mais em meu abraço e nós adormecemos ali. Observando a textura da sombra que aparecia nos lençóis brancos formada pela luz da lua que foi testemunha da promessa mais sincera que já fiz para alguém.

Fechei os olhos por um tempo, até que o cansaço finalmente tomou conta.

Eu só não esperava que o que eu acabava de prometer realmente fosse acontecer.

Me encontrava cada vez mais perdido em meus sonhos, e por um segundo, senti estar em outro lugar. O calor do corpo dele não estava mais junto ao meu.

Talvez já esteja de manhã, talvez ele tenha ido à cozinha?

Não.

Exatamente no nosso segundo aniversário de namoro, o universo estava prestes a nos pregar uma peça.

Como eu poderia lidar com isso?

***

Senti uma luz muito forte atravessar minhas pálpebras, o que me fez levar as mãos até elas. Mas não pude, porque em seguida, meu corpo inteiro sentiu o choque do movimento rápido que tentei executar.

—  Ai... — berrei.

— Sobrancelhudo, você acordou! — uma voz ecoou por minha cabeça, e eu sabia que a conhecia de algum lugar. Tentei abrir os olhos mais uma vez.

Naruto. Meu amigo de infância, e ele parecia um pouco mais novo do que eu me lembrava.

— Ainda bem. Ficar olhando ele dormir é um saco. — logo me dei conta de que outro garoto estava lá também. Shikamaru, meu colega de trabalho no emprego que tinha conseguido logo quando eu e Gaara decidimos morar juntos. Mas, afinal, o que eles estavam fazendo aqui? Onde eu estava? Onde meu namorado estava?

Fiz menção para levantar e fui impedido pelo loiro.

— Calma! A vovó Tsunade mandou dizer que você ainda não se recuperou o bastante da luta, na verdade você ainda tá bem mal. Gaara acabou com você.

Gaara? Luta? O... que?

— O que tá acontecendo? Cadê o Gaara? — suspirei, meu coração parecia querer pular do peito.

— O cara tentou te matar e você ainda quer saber onde ele está? Que idiota. Se não fosse pela gente você já era. — Shikamaru declarou.

— Shikamaru! — o loiro repreendeu as palavras do moreno.

Minha visão começou a escurecer, sobrepondo todo o diálogo entre os dois garotos que estavam naquele quarto que eu não fazia ideia de como havia chegado.

Meu coração atropelou seus batimentos e imediatamente comecei a suar.

Só poderia ser uma piada, era isso.

— Não... V-vocês estão brincando comigo... Não pode ser...

— Lee, o que aconteceu? Calma! Naruto, chame a Hokage!

O loiro baixinho saiu as pressas da sala, derrubando tudo o que estava em sua volta. Minha mente repetia as mesmas palavras sem saber como reagir.

O Gaara?

Ele...

tentou me matar?