III

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A situação havia tomado proporções que ninguém esperava. Tobirama encarava o forro no modo vegetativo, o olho ainda estava inchado por conta da briga na noite passada com o desgraçado filho da puta que roubou seu marido. Mas não era o inchaço do tamanho de uma laranja que incomodava, seu coração era o que mais doía. 

— Você precisa comer. — Ouviu a voz pesarosa de Hashirama ainda sentado na beira da cama com um prato de sopa. 

Lembrava das palavras de Kakashi, aquele piolho maldito: "Um chifre é capaz de minar o orgulho de qualquer homem". 

E Minato, tornando tudo ainda pior: "Você vai ter que ser forte, Tobirama".

— Vai ser melhor pra vocês. Izuna encontrou uma pessoa melhor pra ele, se as preferências dele mudaram... 

Tobirama não queria ouvir nada daquilo, menos ainda as palavras de autoajuda de Hashirama que não sabia o que era ser trocado por um cu. De qualquer forma, a hora da autocompaixão era só às 16h00.

Nunca mais comemoraria o Natal.

Bufou e amassou o travesseiro abaixo de sua cabeça.

— Eu vou me matar.

Com um grunhido de repreensão, Hashirama nem pensou duas vezes. Meteu a tapa na cara dele, por cima do olho inchado ainda. Fez Tobirama grunhir de dor, mas não era isso que doía. Seu coração partido doía mais do que qualquer outra coisa quebrada em seu corpo.

Ele foi trocado tão facilmente por um cu?  

Era inadmissível.  

— Que se matar o que?! Tá doido?  Não fala besteira, vida que segue.

Suspirou e virou de lado na cama procurando uma posição mais confortável, mas nada era confortável desde o momento que Izuna o deixou. E por quê? Só por causa de uma estúpida posição na cama? Ele nunca pensou que iriam chegar àquele ponto depois de tantos anos juntos. 

— Me deixa, anija.

— Tobirama…

— Me deixa. — pediu outra vez e fechou os olhos. 

Então sentiu outra tapa vindo do espaço direto na sua cara. Na verdade, parecia mais um soco. Arregalou os olhos em um espasmo nervoso, assustado, e Izuna deu um berro. 

— Venci, porra! — gritou batendo nos bíceps comemorando e virou o rosto com um sorriso do tamanho da sua falta de vergonha na cara, encontrando um Senju meio puto, meio nervoso, olhando de volta para ele. 

Bastou Izuna juntar 1 + 1 que entendeu tudo. 

— Eu te acordei? — O Uchiha perguntou alarmado.

Ele deixou o controle do ps4 sobre a cama e se debruçou sobre Tobirama,  que ainda estava no modo introspectivo, voltando gradativamente da estratosfera e olhando para Izuna como se não o visse há anos. Ele suspirou esfregando o rosto. O lugar onde levou a tapa ardia, mas se sentia completamente anestesiado. O alívio percorria seu corpo como um raio de felicidade e orgulho recém restaurado.

Não era corno!

Fora tudo um maldito sonho, talvez provocado por tantas conversas no grupo do Whatsapp envolvendo Izuna ir procurar cu na rua. O inferno era pouco perto do que aqueles desocupados mereciam.

— Olha, eu venci. — Ele disse indicando a TV com o queixo e voltou a afagar sua bochecha.

Izuna jogava com Sub Zero no Mortal Kombat porque dizia que ele deveria ser Tobirama no multiverso.

Flex (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora