O início da Tormenta

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 A mansão do Kazekage era uma construção com as características tradicionais de Suna. Com o formato arredondado e paredes da cor ocre. Localizava-se no centro da Vila, com uma visão de 360º que beneficiava o monitoramento das equipes de vigilância e segurança da família do Kazekage. No último andar da mansão, foi recentemente construído um terraço coberto com painéis de vidro temperado, muito bem climatizado para dar conta do calor daquele país. Uma piscina de borda infinita foi projetada especialmente para Temari aproveitar os banhos de sol que tanto gostava. O local ainda possuía uma área de descanso com poltronas confortáveis e um bar. Em dias de festa, o terraço era palco de diversas reuniões.

Era o caso daquela noite, onde ocorreria uma celebração com importantes representantes de vários países do continente, para dar as boas-vindas ao mais novo país que conquistou sua independência. Muita burocracia estava envolvida naquela noite, assim como o destino de milhares de pessoas. Dessa forma, era preciso que o ambiente fosse totalmente seguro.

Sentado em uma poltrona verde escuro, diante do Kazekage, e com uma expressão tranquila, o Rokudaime Hokage ouvia o plano que Shikamaru apresentava para a segurança daquela noite. Era preciso um plano para conter discussões acaloradas ou até mesmo uma invasão inesperada, e Kakashi possuía plena confiança no trabalho do Nara.

A equipe que fazia parte do esquema de segurança dentro da festa, estava toda presente na sala. Ainda havia outras equipes espalhadas pela vila, cada qual com missões específicas.

— Vamos formar duplas e se espalhar pela festa. — Shikamaru falava com seriedade, mesmo considerando festas uma distração muito problemática, como ele estava ali em missão, então analisava tudo de forma lógica. — Sakura, preciso que você acompanhe Naruto, ele ainda não chegou, mas quando aparecer na festa, vai acabar chamando muita atenção das pessoas por sua popularidade. E você é a pessoa mais indicada para mantê-lo na linha.

— Hai! Pode contar comigo. — Sakura moveu a cabeça, confirmando.

— Hinata e Neji, vocês dois são importantes para rastrearem qualquer tipo de movimentação estranha por toda a mansão, então gostaria que formassem uma dupla.

— Hai! — Os dois responderam juntos.

— Ino, vai acompanhar o Rokudaime Hokage, você poderá conectar todos com a técnica de transmissão de mente, além de ajudá-lo a conhecer melhor os convidados. — Shikamaru suspirou, ainda havia mais duas pessoas para designar dupla, entretanto, só restara Temari.

— Você não está pensando em me obrigar a ficar toda a noite ao lado do meu irmão, como se eu fosse sua babá, não é? — Temari cruzou os braços, fuzilando o shinobi com seus olhos faiscantes.

— Temari, por favor, não criemos um conflito neste momento. — Gaara intercedeu, tentando apaziguar os ânimos da irmã. — Além do mais, não há nada de errado em passarmos algum tempo juntos, não é?

A kunoichi revirou os olhos, não queria parecer grossa com o irmão na frente de todos.

— Você terá que acompanhar a filha do Daimyo, ou se esqueceu disso? — Ela alfinetou, fazendo Shikamaru encerrar a discussão, solicitando que ela o acompanhasse, enquanto Gaara fazia as honras de acompanhar a herdeira do País do Diamante. Temari não conseguiu evitar um sorriso, deixando o shinobi constrangido.

Após a reunião, todos foram dispensados. Kakashi foi o primeiro a sair, seguido por Shikamaru, eles ainda teriam mais algumas reuniões com as outras equipes de segurança. Gaara também os acompanharia, mas precisava de alguns minutos para resolver algo pessoal, como informou.

Assim que todos deixaram a sala, o Kazekage se levantou e caminhou pelo corredor, por sorte, encontrou Yamanaka Ino sozinha.

— Podemos conversar? — Gaara aproximou-se dela.

— Como quiser, Kazekage-sama. — Ino respondeu, polida, guardando um papel no bolso da longa saia roxa que vestia. — Precisa de alguma coisa? — A pergunta soou mais como um aborrecimento para ela.

— Precisamos mesmo de todo esse comedimento em um encontro a sós? — Gaara estudou a expressão rígida da kunoichi. Talvez incomodada com sua presença. E isso só deixava a curiosidade fluir em seu âmago.

— Acredito que seja adequado, pois estamos em uma missão. — Ela falou, um olhar impassível que deixava Gaara estimulado em saber o que se passava em sua cabeça.

— Gostaria de poder conversar com você a sós, em algum lugar mais reservado. Não quero manchar a missão com questões triviais em um corredor.

— Muito bem, podemos retornar para aquela sua sala de descanso. — Ino caminhou na frente, movendo seu corpo elegantemente pelo corredor, entrando na sala em que estavam alguns minutos atrás.

Gaara fechou a porta e notou que ela possuía o corpo tenso. E mesmo que o olhar desviasse do seu, e a mão segurasse o braço como forma de segurança, Gaara não deixava de eliminar aqueles sinais de desconforto, para admirar sua beleza feminina.

Os longos cabelos loiros, presos no alto da cabeça, iam até a cintura exposta, enquanto a franja escorria pela lateral do rosto, cobrindo um de seus olhos. A sensualidade efluía de forma natural pelo seu corpo. Mas sua contemplação foi cortada pela voz displicente dela.

— Tenho que me preparar para essa noite, não podemos conversar depois?

— Sinto muito, não queria incomodar a execução do seu trabalho.

Então a expressão de Ino tornou-se totalmente clara para ser interpretada. Estava irritada, a franja moveu-se mais para o lado, quando ela caminhou com passos pesados pela sala, aproximando-se dele.

Gaara podia ver os olhos azuis estreitos e os lábios comprimidos.

— Não precisa manter essa postura formal, como deixou claro, estamos sozinhos. — Ela esbravejou, levando as mãos à cintura. — Tem dois minutos para falar.

— Entendo. — Gaara desistiu de convidá-la para se sentar, pois não parecia ser uma boa ideia. Muito menos solicitar que ela ficasse mais calma, por experiência própria, não era o tipo coisa que se falava para mulheres como Ino, ou sua irmã Temari. — Gostaria de esclarecer o mal-entendido que ocorreu ontem após o jantar.

— Você diz quando seu irmão sussurrou alto para todos que você ia se casar com uma namorada que até ontem ninguém conhecia?

— Isso. — Gaara não negava a veracidade das palavras dela. Mas ele possuía uma explicação, não era uma que Ino gostaria, mas precisava falar.

— Você não me deve absolutamente nenhuma explicação. — A expressão aborrecida de Ino não combinava com seus traços delicados. Gaara sentia muito por fazê-la passar por aquilo e aceitava sua ira. — Nós não tínhamos nada sério, não é? Essa é a verdade. Eu lhe dou os parabéns pelo seu casamento.

— Ainda não fiz o pedido. — E com isso, teve certeza de que piorava a situação.

— Pois é melhor que o faça logo e seja feliz. — Ino deixou a sala logo em seguida.

Gaara previu que a conversa não seria fácil, mas não considerou o início daquela tormenta.


Notas da autora: Essa história possui 7 capítulo e não tem foco em outros casais, ok? Beijos.

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