Quando a tempestade se desloca

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A comitiva de Konoha foi anunciada na entrada do terraço da mansão da família do Kazekage. Alguns convidados já haviam chegado, todos conhecidos dos membros da Vila da Folha. Ino permaneceu ao lado do Rokudaime, enquanto ele peregrinava por entre os convidados, cumprimentando-os. Todos queriam falar com Kakashi e as conversas as vezes eram bem constrangedoras, principalmente as damas que acompanhavam os senhores feudais.

Kakashi não disfarçava o sorriso por baixo da máscara, e Ino o cutucava, relembrando do motivo de estarem ali.

Eles então chegaram até a mesa em que Gaara estava sentado. O lugar marcado de Kakashi era ao lado do Kazekage, mas foi modificado de última hora e Ino sentou na cadeira. Uma troca de olhares ocorreu, mas rápido demais para que alguém conseguisse capturar qualquer tipo de clima instável entre a companhia do Rokudaime e o anfitrião da noite.

Também estavam sentados à mesa três dos cinco Kages, juntamente com os seus acompanhantes. A cadeira do outro lado de Gaara permaneceu vazia nos vinte minutos seguintes de silêncio constrangedor entre Ino e Gaara. E antes que a expressão mecânica de Ino levantasse suspeitas, foi anunciada a chegada da comitiva do País do Diamante e Gaara ficou de pé para recepciona-los. Trouxe para a mesa, com seu braço devidamente enlaçado ao da herdeira, a jovem que todos tanto queriam conhecer e seu pai, o Daimyo Katsu Fuuko. Eles sentaram e uma conversa amigável iniciou-se, com perguntas curiosas sobre como estava o mais novo país do continente.

O governante do País do Diamante era um senhor de idade avançada, com cabelos brancos espetados e um olhar de raposa velha. Ino desejou poder fazer seu jutsu mental para trocar informações naquele momento.

Por baixo da mesa, tocou a mão do Hokage para tentar ativar a técnica de transmissão sensorial. Mais uma vez um fracasso total. Kakashi sentiu apenas uma confusão de sentimentos e recordações que Ino não desejava ter compartilhado com alguém como o Rokudaime.

— Desculpe, Rokudaime-sama. — Ela sentiu o rosto esquentar. Não apenas pela vergonha de Kakashi ter tido acesso a pensamentos íntimos, mas também por não ter conseguido se concentrar.

Yare... não foi assim tão ruim. — Kakashi riu, despreocupado até o momento.

Enquanto isso, Ino sentia que mais atrapalharia do que ajudaria o Rokudaime, dando uma sensação de incapacidade. Ela encarou a mulher ao lado do Kazekage, que sorria fácil demais, conquistando a atenção de todos.

Katsu Kaori possuía um par de olhos castanho-escuro, levemente erguidos. Seu rosto era delicado e assimétrico, o nariz fino e pequeno combinava com os lábios também finos. Sua maquiagem era suave e destacava principalmente as maçãs que pareciam coradas naturalmente. Os cabelos negros escorriam pelos seus ombros, e o vestido dela brilhava num vermelho sangue divino.

Ino cultivou um desejo feroz crescer em seu peito. Como uma tempestade que se formava em meio ao deserto, calma e vagarosamente, até que atingia picos alarmantes, destruindo tudo ao seu redor. Ela apertou as mãos sobre as pernas, fuzilando a mulher com seus olhos. Kakashi pigarreou, dando um sorriso por baixo da máscara que usava, para chamar sua atenção.

— Está tudo bem? — Ele sussurrou, preocupado.

— Sim, tudo bem. — Ino ensaiou um sorriso e o manteve nos lábios enquanto Kaori falava sobre a nobre tarefa de resgatar órfãos. — Francamente... — Ela cochichou, girando os olhos.

— Kaori-san parece uma jovem com muitos dotes. — Kakashi alfinetou, recebendo um olhar mortal da kunoichi ao seu lado.

Ela é uma farsa, vai por mim.

Uma música iniciou e Gaara tirou Kaori para dançar. Sua indiferença para com Ino deixou-a transtornada, era como se ela não existisse naquela mesa. Desejou arremessar a cadeira nos dois. E quanto mais seus sentimentos se conflitavam, ela perdia o controle mental.

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