A convergência de sentimentos

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Ino estava sentada na cama, as pernas dobradas e as mãos sobre as coxas. Usava apenas uma lingerie de cor amarela e os cabelos ainda estavam molhados do banho que havia tomado recentemente. Ela tentava relaxar e se concentrar, fazendo uma meditação. Para que a missão fosse um sucesso, precisava desafogar a cabeça cheia de pensamentos, ou o controle mental e seus jutsus não surtiriam efeitos e ela apenas perderia chakra à toa.

A kunoichi tentou novamente usar seu jutsu. Criou os selos com as mãos, movimentos rápidos e precisos, apontando em direção à janela, onde havia um passarinho enfiando o bico na abertura do bebedouro pendurado por ela na janela.

A tentativa fracassou, fazendo-a suspirar.

Esquecer o que a incomodava era impossível, por isso precisou focar em superar o que estava acontecendo. Talvez fosse necessário mais do que uma hora para alcançar tal objetivo. Quem sabe se ela tivesse ajuda. Ino se levantou da cama e vestiu um robe de seda, caminhando até a porta. Olhou de um lado para o outro e não havia ninguém no corredor. Ela atravessou o corredor e deu leves batidas na porta do quarto em que Sakura estava hospedada, assim que a porta abriu, Ino deparou-se com Naruto.

— Sakura-chan, a Ino está aqui. — Ele gritou, vestia uma camiseta laranja toda suada, denunciando que havia acabado de chegar à Suna. — Ela está tomando banho. Eu só vim pegar minhas mochila que deixei com ela, estou indo falar com o Gaara, acabei de chegar.

Ino balançou a cabeça. Naruto começou a falar sem parar, mas ela não conseguia prestar atenção em nada do que dizia.

— Que ótimo. — Ela falou, movendo as mãos. — Diga para Sakura que depois a gente conversa.

— Certo, mas acho que ela vai demorar, disse que não era para eu incomodar e sair logo daqui. — Ele sorriu, e Ino apenas balançou a cabeça em concordância.

Ao retornar, Ino viu Hinata entrando no quarto dela, com uma sacola na mão. Não pensou duas vezes em ir atrás da Hyuuga.

— Ino-san, tudo bem?

— Na verdade, não. Podemos conversar? — Ino entrou no quarto e encontrou Neji deitado em uma das camas que compunha o quarto duplo. Ele se levantou pra deixa-las a vontade, mas foi forçado a permanecer ali. — Não precisa, Neji, pode ficar. Eu não quero incomodar ninguém. Na verdade, quero incomodar vocês sim, preciso de ajuda.

— No que eu puder ajudar. — Hinata falou, com sua voz doce como sempre.

Ino caminhava de um lado para o outro, com uma mão dentro do bolso do robe, segurando um anel presente de seu pai, a outra mão na cintura. Os longos cabelos caíam pelas costas, movendo-se graciosamente enquanto ela andava. Hinata e Neji estavam sentados na beirada da cama, observando-a ir e vir de forma inquieta. Os primos se entreolharam, sem entender nada.

— Estou com uma certa dificuldade de me concentrar, e não posso prejudicar a missão.

— Que tipo de dificuldade? — Neji possuía um ar analítico, ainda mais com sua postura ereta, muito bem disciplinado. Os cabelos castanhos soltos e comportados, a roupa comum de missão, que em breve seria trocada por um kimono tradicional para a festa que logo iniciaria.

— Eu não estou conseguindo completar meu jutsu de transmissão de mente. — Falou, por fim, encarando os Hyuugas que adquiriram um ar surpreso com a revelação.

— Você tentou com alguém e não conseguiu? — Hinata passou a mão no braço, um movimento natural que costumava fazer, corando levemente. De certo imaginou que Ino poderia achar aquela uma pergunta boba, mas na verdade não era.

— Só com pássaros. — Ino respirou fundo, sentindo-se incomodada.

— Talvez devesse tentar com um de nós. — Neji concluiu, após refletir e Hinata concordou.

Ino pegou uma cadeira se sentou na frente de Hinata, sentiu-se mais confiante em fazer isso com a colega. Novamente ela fez os selos com as mãos e o sinal para execução do jutsu. E então, em alguns segundos, seu corpo relaxou e a cabeça tombou para frente. Havia concluído o jutsu.

Ótimo eu consegui. — Ela comemorou, dentro da mente de Hinata, só que por um momento, sua concentração se esvaiu e o jutsu foi cortado, retornando imediatamente para seu corpo. — Eu não entendo o que aconteceu. — Ino levou as duas mãos à cabeça. — Você está bem, Hinata?

— Sim, está tudo bem, apenas senti como se eu perdesse os sentidos por alguns segundos, ficou tudo apagado.

— Só que eu não consegui manter por muito tempo o jutsu. Isso é um problema, pois o Hokage está contando comigo, Shikamaru também. Todos vocês, afinal.

— E o Kazekage. — Neji completou, recebendo um olhar incisivo.

Ino bufou, levantando-se da cadeira. Agradeceu a ajuda dos dois, prometendo que encontraria Shikamaru para tentar solucionar esse problema antes da festa iniciar.

Ela retornou para o quarto e se ocupou de secar os cabelos, faltavam quarenta minutos para se encontrarem no saguão do hotel em que estavam hospedados. Durante esse tempo, Ino maquiou-se e entoou um mantra que aprendera com a mãe. Era preciso saber equilibrar seus sentimentos, mas aquilo era a última coisa que parecia em equilíbrio no momento. Sentia uma desarmonia entre mente e corpo. Uma tormenta de sentimentos.

Não esperava que Gaara fizesse um tipo de declaração amorosa para ela, ou fosse ligado ao namoro a moda antiga. Eles não possuíam nenhum tipo de acordo ou haviam conversado sobre relacionamento sério, de fato. Afinal de contas, Ino não sabia o que estava acontecendo entre os dois. Mas ela sabia como seu coração se enchia quando era beijada pelo Kazekage.

Os pequenos gestos que ele fazia, ao tocá-la, ou falar sobre coisas que a agradavam, mesmo que não fosse de seu interesse. E como eles transavam sem nenhum tipo de pudor. Apenas eram o que eles eram, sem máscara, sem medo. Vivendo o momento.

Assim sendo, o seu momento havia passado?

E quem era a mulher que ele havia escolhido?

Ao se olhar no espelho, Ino notou que havia borrado o rímel. Ela esbravejou, pegando um lenço para tentar concertar o estrago. Ao ouvir a porta bater, ela pediu que entrasse, não importando se vestia apenas as roupas íntimas.

— Você ainda não está pronta? — Sakura entrou no quarto. — O que aconteceu, Naruto me disse que você parecia aflita.

— Me ajuda a arrumar isso. — Ino pediu, enquanto pegava o vestido de galã azul turquesa do cabide, solicitando em seguida que Sakura fechasse o zíper. — Então todos prontos?

— Sim, mas ainda temos dez minutos.

Sakura finalizou a maquiagem em menos de dez minutos, ajudando-a depois a ajeitar os cabelos que ficaram soltos. Elas desceram as escadas e se encontraram com o resto do grupo. Enquanto aguardavam a carruagem oficial ir busca-los, Ino puxou Shikamaru para um canto.

Ao contar o que estava acontecendo, Shikamaru estreitou os olhos, fazendo um típico ruído com a boca.

— Você tem certeza? — As pálpebras que denunciavam marasmo ficaram erguidas com a revelação.

— Ora, não teste a minha paciência, Shika. — Ino revirou os olhos. — Eu só preciso de um tempo para me concentrar melhor, muita coisa aconteceu de ontem para hoje.

Shikamaru lançou um de seus olhares preocupados, ou poderia ser confundido com aquele momento que ele preferia estar em casa, dormindo. Ino não tinha tempo para decifrar a expressão do amigo.

— Vamos manter o plano, eu vou resolver isso. — Ele deu um pequeno sorriso, deixando Ino mais confiante. — Você é mestre no que faz, confio no seu trabalho.

— É muito bom que alguém ainda confie. — Ino sussurrou, apertando os lábios, sentindo a mão de Shikamaru tocar seu ombro.

— Eu te vi em situações mais delicadas do que essa, e se saiu muito bem.

— A adrenalina é a grande culpada. — A Yamanaka moveu a cabeça, seus cabelos balançaram sedutores.

— Posso te ajudar com isso. — Shikamaru tirou do bolso uma ampola com líquido amarelado, entregando para ela beber. — É uma essência que minha mãe fez para me dar mais energia.

— Nara-dono é mesmo muito esperta, deve te conhecer bem. — Ino virou a ampola na boca, bebendo o conteúdo. — Obrigada, Shika. Mas eu não sei se isso será o suficiente, mas obrigada.

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