Sobre se tornar um cupido assalariado

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Acho que ninguém entendeu o que estou fazendo aqui, mas me disseram para vir relatar o grande feito que realizei na última segunda-feira. 

Todo mundo aqui 'tá ligado do ponto onde tudo começou, não é? Eu sabia que meu destino era se tornar o mediador daquela luta risca-besta-risca romântica dos dois bobocas. Um dia estava eu, indo todo lindo para escola quando um menino meio emo estava jogado no ponto de ônibus com a maior cara que levou um toco. Senti pena e resolvi conversar um pouco para distraí-lo e o pivete se animou quando viu minha guitarra, viramos amigos quando nos encontramos pela segunda vez. Flertei com ele no início pra ver se havia resolvido os sentimentos incubados que tinha pelo melhor amigo, mas logo notei que o projeto de coelho humano ainda estava sem saber da paixonite que o mais novo tinha por ele quando chegou soltando chamas de ciúmes. Ligando os pontos rapidamente, soube que o outro também tinha sentimentos pelo emo, mas não admitia ou ainda não tinha percebido. Resolvi dar uma flertada com ele também para ver sua reação, como esperado, demonstrou todo seu ciúme e mostrando que não estava ali para amizades esbanjando um sorriso falso que só.

Sabe aquele jogo psicológico que você tem que revelar o caos e depois dar a solução para as pessoas te acharem incrível, um verdadeiro solucionador de problemas e o próprio anjo que caiu do céu? Prazer, meu nome é Choi Yeonjun e eu sou o criador desse esquema.

Sabia que não ia ter chance com nenhum dos dois, logo coloquei meu cavalinho pra se molhar em outra chuva (chuva chamada Choi Beomgyu, mas isso fica para outra história) e fiquei apreciando o caos que instalei com apenas um sorriso, porque todo mundo sabe, meu sorriso é o próprio sol.

Não sei qual foi a semente que eu plantei em sua cabeça, mas Huening se apressou pra confessar seus sentimentos e me pediu ajuda — que eu, como um bom lenhador que não só corta, como também coloca a lenha na fogueira —  o chamei para minha casa, na qual o destino organizou perfeitamente para que fosse bem perto da casa de Soobin. (obrigada por tudo, destino!)

Fiz e refiz o caos entre eles, a cada dia que passava, acreditei que Soobin iria me enterrar vivo e Huening, cada vez mais questionava se seus sentimentos eram mesmo reais ou se ele só queria realizar seus sonhos brega de tocar serenata mesmo. Enfim, foi uma semana inteira de lenga-lenga, me diverti a beça com aqueles dois na minha casa até a sexta-feira. Quase não acreditei quando notei que Soobin finalmente ia fazer algo a respeito quando eu disse que tinha coisas para testar com Huening.

Eu sei, vocês devem estar me odiando agora , mas eu juro pela pizza de calabresa que eu comi ontem que eu estava falando APENAS de testar o amplificador. Não sei que diabos Soobin pensou, mas vi a hora da morte chegando perto de mim quando ele lançou um sorriso sádico. Huening correu para empurra-lo, meus olhos encheram de lágrimas e eu quis gritar "shippo" porque achei que ia rolar uma briga e eles iam se declarar na minha frente, se beijarem e viverem felizes para sempre mas Soobin não teve a coragem necessária para aquele momento. Minha missão como cupido falhou e o garoto foi embora pisando duro.

Kai ficou todo estranho. Até falei que ele deveria ter uma conversa séria com Soobin antes da serenata porque né, seria a melhor forma dos dois se resolverem. Ele foi pra casa e pela carinha de boneco de cera fingindo estar parado quando o segurança vira as costas no filme uma noite no museu, notei que o coitado entrou numa crise existencial. Na manhã de sábado, quis esclarecer que eu não tinha nenhum sentimento nem por ele, nem por Soobin e que estava ali apenas para apoiá-lo. Ning disse que foi só paranóia do momento e que estava determinado a fazer a serenata na segunda-feira, mesmo com toda insegurança e medo de ser rejeitado.

Tadinho velho, não sei o que ele tava pensando, mas com certeza era só abobrinha. Tava tão na cara que Soobin estava na dele, mas não quis estragar nada. Permaneci em silêncio e fui bater na casa de Soobin.

Trocado por uma Guitarra, Balas e um Punhado de DoritosOnde histórias criam vida. Descubra agora