12.

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— Irresponsável! — John bate na mesa de forma forte, fazendo a água do meu copo jorrar para fora.

     Olho Arin pelo canto dos meus olhos. Ele está esparramado na cadeira ao meu lado, totalmente desinteressado na conversa que acabou de começar, imune ao ataque que acabou de sofrer. Suas pernas compridas estão esticadas e seu corpo quase deitado na cadeira, enquanto ele brinca com uma moeda na mão direita, a girando entre os dedos. Eu sento de forma posturada, com minha coluna ereta e ombros retos — a única forma que aprendi.

     Minha mente confusa foi obrigada a se concentrar e colocar tudo no lugar assim que chegamos no acampamento. Tive que acalmar todos os meus sentimentos e meu corpo ainda aceso pelo beijo. Nós nem tivemos tempo de conversar sobre isso. Bem, se houver algo para conversar. Thryne já estava nos esperando de braços cruzados e uma careta, sem nos dar a chance de dispersar e fingir que nunca saímos do acampamento. Com apenas um inclinar na cabeça, ele nos guiou até o mesmo lugar que estive ontem para conversar com os líderes. Ele não soltou uma palavra, e quando entramos lá, toda a liderança — a equipe do mal — já estava em seus devidos lugares e caímos como uma mosca na teia deles.

— Você tem um pingo de noção do que poderia ter acontecido se tivessem sido pegos? — John continua a falar, as mãos agora apoiadas na mesa e o tom de voz raivoso e alto. Ele fuzila Arin com o olhar, enquanto o mesmo mantém a postura indiferente.

— Parece que nós não fomos. — Arin retruca e abre um sorriso cínico. As vezes, eu me esquecia desse lado de Arin.

     O lado estupidamente imprudente que age como se não desse a mínima para nada, que aceita missões suicidas por acreditar cegamente que ninguém sentirá sua falta. Só que sei que ele se importa. Por trás desta capa indiferente, há um menino assustado. E não é justo que seja tratado com tanto desrespeito.

— Olha... eu queria ver um pouco do Reino e... — Eu tento falar para amenizar as coisas, mas John bate na mesa pela segunda vez, fazendo meu corpo ter um sobressalto, e eu me calo.

— A culpa é nossa... — Robert solta em um suspiro, ignorando totalmente o que eu estava dizendo. — Sabemos como Arin é, não sei porque confiamos nosso bem mais precioso a ele.

— Eu estou bem aqui. — Arin rosna, começando a ficar impaciente.

— Ah, gente... — Kya começa, lembrando que ela também está presente, com aqueles cabelos prateados tão longos que qualquer notaria ela. — Esse é o Arin que gostamos, não é? Estava preocupada que ele realmente tivesse mudado e ficado sem graça. — Ela abre um sorriso largo, exibindo dentes brancos e alinhados, contrastando com o vermelho cor de sangue em sua boca.

      Meu rosto fica vermelho e não posso evitar meu olhar irritado para a mesma. Acho que vejo Arin encolher os ombros de forma desconfortável e constrangida, mas talvez seja apenas minha mente pregando uma peça em mim e mostrando o que quero ver.

— Perder Helena significa perder tudo. Não temos como revogar o Trono sem a dona dele por direito. — Robert continua a falar por todos. Eles não parecem muito fãs de Arin, de qualquer jeito. — Não acredito que você deixou seu egoísmo falar mais alto.

— O quê? Eu estava lá porque eu quis! — Respondo, minha voz subindo um quarto do normal.

— Você é apenas uma criança, ingênua demais para dar três passos sozinha. — John retruca no mesmo momento. Comprimo meus lábios com força, evitando que as lágrimas comecem a cair.

     Eu não vim até aqui para ser humilhada. Eu não vim.

— Olha só, Johnny, culpe meu egoísmo, certo? Culpe Arin, eu sempre levo a culpa de qualquer jeito. — Arin diz, fechando a mão ao redor da moeda. — Mas não a trate assim. Helena é livre para fazer o que quiser.

Espinhos negrosOnde histórias criam vida. Descubra agora