[ 01 ] convocation

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— Nós temos reunião, não é?

— Infelizmente... - disse Seulgi revirando os olhos, segurando seu copo com café.

— Vamos, Seulgi, não vai ser tão ruim assim... - disse Joohyun, tentando consolar a amiga, se aproximando da mesma e colocando a mão em seu ombro.

— Acho essas reuniões um saco.

— Mas elas são importantes, hoje mesmo nós vamos saber do novo caso. - disse tentando animá-la.

Seulgi odiava reuniões. Para ela, era uma perda de tempo participar, já que toda vez que tentava falar, era interrompida por algum homem. Para ela e Joohyun, não era fácil serem mulheres policiais, já que a maioria dos policiais eram homens, as mulheres da delegacia eram em sua maioria faxineiras ou secretárias. Eram discrimidas por ocuparem um cargo que tradicionalmente era ocupado por homens. Mas felizmente elas estavam ali, realizando os seus sonhos de serem policiais.

— Está na hora, vamos? - disse para as duas, logo depois de checar as horas no relógio.

— Vamos. - disse as duas em coro.

Eram exatamente 10 da manhã. Seguimos para o auditório e lá esperamos por meia hora. A reunião estava marcada para as 10, mas por algum motivo, o senhor Park, o delegado, demorou para chegar. Ele era um fanfarrão, exigia disciplina e excelência dos policiais e demais funcionários, mas não dava o exemplo.

— Bom dia pessoal, desculpe o atraso. - disse o senhor Park, adentrando o auditório de forma apressada.

Revirei os olhos e dei um longo suspiro. Ele sempre fazia isso. Eu o odiava, tanto pelas suas atitudes quanto pelo seu jeito de ser. Há boatos dele sendo tóxico e violento com a sua mulher e até mesmo a própria filha. O senhor Park carregava pastas pretas e um pequeno controle na mão, o qual ele usaria para passar as informações no projetor, o qual já estava sendo ligado pelo técnico de informática. Ele distribuiu as pastas para os policiais e logo após isso, subiu no palanque para começar a sua apresentação.

— Como vocês já devem saber, nós temos uma operação nova a ser deflagrada. - disse o senhor Park enquanto bebia um copo com água. — Bem, chegou a nós uma nova denúncia de lavagem de dinheiro da boate Red House, que fica em Gangnam. Sabemos que essa boate é suspeita de ser ponto de tráfico de drogas e cafetinagem, mas nenhum dos nossos homens...

O senhor Park foi interrompido pelo pigarro nada discreto de Kang Seulgi, uma das poucas mulheres da sala, junto com Bae Joohyun, levando todos da sala a olharem para elas, que estavam sentadas em uma extremidade da sala junto a mim. 

— ... e mulheres, conseguiram provas concretas do que acontece lá. Mas dessa vez nós vamos fazer uma investigação mais profunda que antes. Alguns dos nossos policiais vão se infiltrar na boate e se aproximar do dono, John Suh, mais conhecido como Johnny, ou El Diablo. Abram na página 4 por favor.

Em toda sala foi possível ouvir o barulho de páginas sendo passadas, abri na página que foi indicada e logo foi possível ver o rosto do nosso principal suspeito. Cerrei meus olhos para enxergar melhor o que estava vendo, pois eu tive a impressão que não estava vendo direito ou que a minha visão estava me pregando uma peça. Para a minha enorme surpresa, o nosso suspeito de cafetinagem e tráfico não era um velho de 50 a 60 anos e gordo. Era um jovem, alto, moreno, de olhos bem cerrados e lábios carnudos que tinha nada mais, nada a menos que 25 anos.

— Como que ele conseguiu construir uma das boates mais famosas de Seul sendo tão novo? - indaguei em pensamento.

— Para essa operação, será preciso três policiais investigativos para infiltrar-se na boate, criar um vínculo com o dono, e tirar informações. Eu já escolhi, então não haverá votação ou indicações. Por esse motivo eu demorei a chegar.

— Finalmente um motivo plausível para o atraso. - disse em pensamento

— Os policiais que irão participar dessa operação de espionagem serão Bae Joohyun, Jeong Yoon-oh e Kang Seulgi.

Eu, Joohyun e Seulgi nos entreolhamos assustados, surpresos com a escolha do senhor Park.

Arregalei os olhos mais uma vez, mas dessa vez de espanto. Eu nunca havia feito uma operação tão perigosa. O máximo que eu tinha feito foram interrogatórios de testemunhas, algumas vezes de suspeitos, e também fazia patrulhas, mas nada tão arriscado como um trabalho como policial disfarçado.

Joohyun olhou para o chão sorrindo, enquanto que Seulgi escondia o seu sorriso com a sua mão direita, as duas estavam claramente satisfeitas com as escolhas. Mas eu não, não tinha a experiência necessária.

— Eu acabei de chegar senhor Park, não posso participar dessa operação, sou inexperiente, o senhor não pode me escolher.  - disse após me levantar, me apoiando na mesa e falando em um tom alto, demonstrando a minha revolta e também meu medo.

— Sente-se Yoon-oh. - disse ele apontando para mim. - Eu já fiz as escolhas, vocês vão se infiltrar nessa boate sim, eu já comuniquei a secretaria de segurança, então não haverá desistência de minha parte.

A reunião prosseguiu, mas não prestei atenção na mesma, estava muito distraído com a possibilidade de fracassar com a operação, a minha falta de experiência permitia que a insegurança surgisse.

Depois de duas longas horas, segui até a copa para tomar um café. Sentei na banqueta da copa e deitei minha cabeça em meus braços em cima da mesa, tentando descansar da longa e desgastante reunião. Depois de alguns instantes, ergui a minha cabeça e passei a olhar o meu copo de café, observando todos os detalhes, enquanto me perguntava em como faria isso, eu não sabia ser um bom ator.

— Pensativo Yoon-oh? - disse Joohyun, ao entrar na copa.

Tomei um pequeno susto, estava tão inerte em meus pensamentos que esqueci da realidade por alguns instantes.

— Sim JooJoo, não sei se sou a pessoa certa para essa operação, não sei fingir...

Joohyun sentou ao meu lado e repousou a mão nas minhas costas, como uma forma de consolo.

— Mas é claro que vai conseguir, eu e a Seulgi vamos te ajudar, uma equipe inteira vai te ajudar também. Não precisa ficar assim, além do mais você é um policial brilhante.

— Obrigado Joohyun, mas você sabe que é inevitável não pensar negativo... Mas vou tentar não pensar assim.

— Quando você tiver lá, na boate, você nem vai lembrar das coisas ruins que você pensou antes de pisar lá.

— Espero muito que seja assim...

Mais tarde, naquele mesmo dia, recolhi algumas pastas pretas com informações sobre a boate, sobre as investigações e possíveis suspeitos e principalmente sobre John. Antes de chegar em casa, fui a uma delicatessen para pegar meus croissants favoritos. Enquanto ia comendo pelo caminho, me perguntava se estava pronto para o que me foi designado. Eu sou inexperiente nisso. Mas me lembrei das palavras de Joohyun e logo me enchi de confiança.

Após tomar um longo banho quente, me sentei na minha poltrona, a qual era próxima de um abajur e uma pequena mesa. Fiquei horas e horas lendo as pastas, tentando absorver cada informação e cada detalhe e principalmente o rosto de John. Por algum motivo, eu perdia mais tempo observando o rosto do meu futuro alvo, do que propriamente lendo informações. Eu estava intrigado com a juventude de John, mais uma vez fiz a mesma pergunta quando o vi pela primeira vez: "Como ele conseguiu?"

— Não é a toa que está sendo investigado...

Dancin' With the Devil - NCT 2020/JohnJae Fanfic (PT/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora