Prólogo

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Entro em minha casa com receio, tenho medo do que está lá dentro, espero que esteja tudo bem, pois eu não aguentaria mais uma perda. Alguns bruxos estão lá fora me esperando, mas a grande maioria já escolheu de que lado ficar e muitos escolheram o inferno como casa. Isso só prova que as marcas da caça às bruxas ainda estão impressas na calma de cada um.

As feridas espalhadas pelo meu corpo ainda doem, mas só uma coisa importa nesse momento, eu preciso fugir com os outros e descobrir uma maneira de libertar o meu povo.

A porta se bate logo atrás de mim, o vento forte abre e fecha as janelas fazendo com que as cortinas balancem em alvoroço, as velas espalhadas pela casa se apagam e apenas um local da casa fica iluminado, o alto da escada. Um homem está parado lá, não consigo ver seu rosto, mas ele está trajando um longo roupão preto e seus olhos cintilam como brasa ardente.

— Quem é você?

— Sou o seu presente e futuro. Sou a luz. Sou a perfeição.

— Se é um dos malditos anjos ponha-se para fora da minha casa.

— Anjo? Não sou um reles anjo. Sou mais que isso Catherine. Sou aquele que traiu o criador.

— Lúcifer — digo —, mas você está preso no inferno.

— Sim estou, mas tenho poder o suficiente para elevar meu espirito até aqui.

— O que quer?

— Você e os bruxos que lhe seguem. Seja minha e eu irei lhe dar sua vingança.

— Morro sem fazer feitiços, mas não me alio a traidores e nem a puritanos.

— Não diga isso, tenho algo precioso que você quer muito.

Uma sombra, muito menor do que Lúcifer aparece ao seu lado. Meus olhos se arregalam no mesmo instante, subo as escadas correndo e tento toca-lo, mas sou jogada para trás, como se o vento quisesse proteger Lúcifer. Bato contra a parede fazendo com que a prateleira de livros caia sobre mim.

— Pense logo, eu não gosto de esperar.

Lacrimosa - Guiada pela luaOnde histórias criam vida. Descubra agora