I can't feel my face.

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Fazem três dias desde que tudo aconteceu e Finn apenas decidiu não mais olhar na sua cara. Nem mesmo durante as aulas. Finn mudou-se de lugar, passou a sentar do lado oposto ao qual costumava estar e isso te deixou profundamente triste.

Sua amiga disse: "Da um tempo pra ele, relaxa. Logo tudo vai voltar a ser como antes", mas quanto tempo seria necessário para ele voltar?

Seu coração dói porque parece que tudo realmente voltou a ser como era antes. Daquele jeito onde você não existia para Finn e seguia naquela paixão platônica idiota. Depois de ter tanto, é difícil se acostumar com o nada.

Cansada de esperar, você tentou se aproximar a seu modo, mas Finn apenas te ignorava ou sempre arranjava desculpas idiotas para vocês não conversarem. De três dias passara-se uma semana e você simplesmente não sabia mais o que fazer.

Você até tentou seduzir Finn com o jogo que ele tanto queria jogar, mas falhou. Ele te evitava de todas as formas possíveis.

Em uma das noites desesperadoras em que você sucumbiu à saudade, você foi até a casa dele e bateu na porta destemida e determinada, mas perdeu toda sua força quando a mãe do Finn disse que ele não estava, mas você viu a luz do quarto dele acesa. Apenas outra desculpinha esfarrapada para fugir de você.

"Talvez ele não seja o príncipe que você imaginou", sua amiga disse tentando te consolar.

"Ele é exatamente o que é, e é o que eu quero", você a responde afogada em tristeza. É um saco gostar tanto assim de alguém. E é pior ainda gostar sozinho.

Você está deitada em sua cama, encarando o teto, cansada e desgastada, se questionando o sentido da vida enquanto seu coração é impiedosamente amassado pela saudade, pela dúvida e pelo sentimento de se sentir insuficiente.

"O que eu fiz de errado?", você se pergunta.

"Não nasceu sendo o Jack", sua amiga responde sem piedade.

A resposta amarga e simplesmente verdadeira te atinge de modo a te fazer se sentir três vezes pior do que antes e você chora silenciosamente, se lembrando dos poucos e bons momentos que teve com Finn.

A manhã seguinte é nublada e quente, vai chover e isso é um saco. Tudo ao seu redor parece entediante e tosco, e você não consegue dar a mínima para nada. Você apenas segue sua rotina no modo automático, fazendo tudo o que sempre fez e a agoniante sensação de estar presa de novo naquele loop chato de antes te causa uma vontade gigantesca de desaparecer, mas você segue andando e seguindo o fluxo, guiada por uma fina esperança de ver Finn sorrir para você novamente, exatamente como quando chegou ali pela primeira vez.

Ele não o fez.

Você vai para o trabalho, como sempre faz, e tem um dia estupidamente normal e quieto. Não tem nada que faça seu coração acelerar em anseio, porque você sabe que depois dali, tudo o que tem é sua entediante casa, o seu quarto monótono, músicas tristes e jogos manjados, tudo é totalmente sem graça já que Finn não está incluso em seus planos.

Depois de fechar a loja, você caminha lentamente para casa, pelo mesmo caminho de sempre e é surpreendida ao dar de cara com Finn. Ele vinha na sua mesma direção, porém, ele não te viu até que vocês estivessem bem próximos. Ele estava usando os fones de ouvido e caminhando com a cabeça baixa.

Ele parece surpreso ao te ver e nem se quer tenta disfarçar. Você o encara esperando, determinada a não sair dali sem ser ouvida.

Ele diz: "Oi", e ele está totalmente sem jeito.

"Oi", você responde sério e tremendo por dentro.

"Olha, eu...", ele tenta, mas você o interrompe.

I can't feel my face [Finn Wolfhard + You!AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora