A morte de Eduardo foi uma perda devastadora para Tomás e seu irmão Rodrigo. Tomás ficou abatido e triste por dias, e muitas vezes eu visitava à mansão na esperança de alegrar um pouco os meninos. Joana, por outro lado, manteve um estado de frieza que sempre possuíra, mesmo antes da morte do marido. Nada de bom mudou naquela mulher, e talvez até tenha aumentado sua frieza. Ela se tornou uma mulher mais "santa" e religiosa, uma daquelas viúvas que vestem preto por um tempo.
No entanto, era um fato inegável que ela havia se tornado ainda mais rica, já que todos os bens do marido haviam passado para suas mãos e, eventualmente, para seus filhos. Contudo, o dinheiro pode transformar as pessoas em seres arrogantes, mesquinhos e desprezíveis. Não que eu considerasse Joana um monstro, mas o dinheiro e o poder que ela havia adquirido nos últimos dias a tornaram uma pessoa diferente, para pior. Sua mesquinhez era tanta que ela contratou novamente um avaliador (que já havia trabalhado na mansão) para avaliar cada item da casa e determinar seu valor. Ela não deixou passar nada, e até mesmo notou que um conjunto de patos de porcelana importados, cujo valor era desconhecido, havia desaparecido. A mulher estava obcecada.
Em um dia comum, no meio da semana, eu e Tomás voltávamos juntos da escola. Joana, como de costume, nos observava de longe, como se estivesse constantemente monitorando nossas ações. Às vezes, eu acreditava que ela havia instalado câmeras em todos os cantos da mansão, até mesmo no banheiro. Deixei minha mochila na entrada da casa, onde sempre a deixava, e subi com Tomás para seu quarto. Joana exigiu que deixássemos a porta aberta, e ela vinha conferir o que estávamos fazendo a cada minuto.
Ela sabia que Tomás ainda nutria sentimentos por mim, e apesar de ser uma mulher terrível, ela não tinha a intenção de me impedir de visitar Tomás, especialmente no momento em que ele estava passando após a morte do pai. Pelo menos, era o que eu pensava naquele momento...
- Minha mãe disse que no final do ano iremos a Portugal visitar nossos tios. - disse Tomás, tirando a mochila das costas e jogando-a no tapete. - Eu queria que você fosse conosco.
- Eu acho que minha mãe não tem dinheiro para uma viagem assim. - falei.
- Eu posso pedir para a minha mãe pagar. Eu também tenho parte do dinheiro do meu pai. - ele falou. Às vezes, parecia que Tomás se desconectava da realidade, mas não havia a menor possibilidade de isso dar certo.
- Eu acredito que sua mãe jamais permitiria isso. - avisei, sentando ao seu lado na cama.
Tomás inclinou a cabeça em meu ombro e segurou minha mão. Fiquei com medo de que Joana aparecesse naquele momento e visse aquela cena. Rapidamente, afastei a sua mão e a sua cabeça. Ele olhou para mim com um olhar ressentido e triste.
- Você sabe que se sua mãe ver isso... ela nunca mais me deixará vir aqui. - falei, com muito pesar.
- Eu sei. - Tomás compreendeu que naquele momento éramos como dois passarinhos enjaulados. A qualquer momento, poderíamos ser separados.
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O CEO e a PSICÓLOGA
RomansaTomás, um bem-sucedido CEO e herdeiro da maior rede de eletrônicos de Florianópolis, vê sua vida dar um giro inesperado quando contrata Vanessa, uma recém-formada psicóloga. Por trás da fachada de sua fortuna, Tomás lida com crises avassaladoras de...