Medo

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[…]

Querido Diário! 

Estou em um lugar alto,  completamente escuro,  exceto pela luz da lua que ilumina meu rosto,  ouvindo um som brutalmente lindo. 

Devo saltar?  

Devo eu pular e acabar com toda dor? 

Juro que ao pensar em saltar me vem o medo, a morte me deseja,  mas ainda temo sua dor. E se saltar não for suficiente?  E se ao invés de acabar a dor,  eu acabe por sofrer mais do que o esperado?  

A morte me chama.   

Sinto ela se aproximar cada dia mais.  

A lua me olha, e o vento que sinto parece afagar meu rosto.  Somente a noite me entende!  Ela sabe o quanto me dói está aqui. 

Me trás paz, a escuridão,  o manto negro do céu me conforta,  os pássaros noturnos enfeitam minha visão ao olhar para cima. 

É isso que o deus deles tanto fala?  Viver é ser feliz?  Pois não o sou.  

Porque o deus deles priva-nos da liberdade? 

Porque tão amaldiçoada é a noite? Se é ela que os nobres corações recorrem, ela que nos recebe com dores e nos cura,  nos guarda, nos resgata.  Amaldiçoado seja a luz do dia, que me trás lembranças de uma vida medíocre.  E se essa fosse minhas últimas palavras! 

Bendita seja a morte,  que conforta a solidão em nós. 

Diário de Um Coração FalecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora