𝑁𝑎̃𝑜 𝑗𝑢𝑟𝑒 𝑝𝑜𝑟 𝑢𝑚 𝑎𝑐𝑜𝑟𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜

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Em seus primórdios, Atiny era um império comandado por um rei tirano que conseguiu o ódio de seu povo

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Em seus primórdios, Atiny era um império comandado por um rei tirano que conseguiu o ódio de seu povo. Unidos, seis nobres comandaram um ataque contra o imperador, derrubando-o de seu trono, e num acordo mútuo dividiram o país em seis partes criando, a partir daí, os reinados atuais. O equilíbrio e o apoio que os reinos mantinham entre eles tornaram o país estável novamente, cada um era necessário para manter a paz, dos ditos fracos - como as casas menores - aos mais fortes - como a capital - e foi assim durante séculos. Entretanto, seres humanos são incertos, paz é algo tão frágil quanto o silêncio, a ânsia de poder pode surgir em qualquer um e pode ser ainda mais forte quando se comanda um dos maiores reinos de um país.

A Casa Choi sempre foi dita como uma casa complicada, com integrantes ditos como "esquentados" e muitas vezes arrogantes, porém, isso nunca foi um problema até o reinado anterior ao atual: o antigo monarca era impossível de se lidar, acreditava fielmente que a Casa Choi deveria possuir mais terras pelo grandioso poder militar, além disso, eles deveriam ser a capital. Isso incomodou o monarca da Casa Jeong e as demais casas, que diziam que não: Atiny foi erguida daquela forma e deveria manter-se assim até o fim de sua existência. Contudo, Choi Siwon era um homem teimoso e extremamente ambicioso que não desistiu da ideia de transformar seu reino na capital, conquistando a revolta dos Jeong dando início a uma guerra fria baseada em alfinetadas constantes de ambos os reinos, guerra essa que manteve-se, de forma até mais constante, principalmente do lado dos Choi, mesmo depois da ascensão dos atuais reis ao poder.

As outras casas - apesar de estarem do lado dos Jeong - decidiram não se meter e deixar que " as duas crianças fiquem de birra ", nas palavras da atual Rainha Ahn, afinal os um pouco mais de 30 anos de indiretas nunca deram em nada. E isso era uma certeza quase absoluta, até o fatídico dia que o pavio finalmente acabou e a bomba, que ninguém esperava que fosse explodir, marcasse de vez a história dos atinianos.

♔×♚

Nobres de todas as partes do país aproveitavam a famosa festividade. Uns dançavam no salão, alguns aproveitavam da comida e bebida servida, outros conversavam trivialidades e algumas crianças corriam alegres pelo lugar luxuoso. Algo era fato, a festa anual de confraternização entre os reinos era belíssimo de se ver, não importa em qual dos castelos, seja o límpido castelo branco e cristalino da casa Hwang ou o castelo um pouco mais rústico em tons escuros dos Choi - onde estavam no momento.

— Ainda me impressiona como conseguimos manter o baile anual mesmo diante a guerra fria entre eles. — O olhar da princesa Ahn foi da família Choi, facilmente identificada por ser composta de homens - ainda que o mais novo deles estivesse faltando - trajando ternos vermelho escuro, que conversava com alguns nobres de seu reino aos Jeong, que vestiam azul marinho, e conversavam com alguns dos membros da família Hwang.

Os olhos afiados de Yeji seguiram os da amiga, a princesa Hwang levou a taça de champanhe aos lábios antes de assentir.

— É uma tradição milenar, nem mesmo eles com sua, nas palavras da sua mãe, birra conseguiriam mudá-la.

— Perdoem-me por interromper a conversa altezas.

A voz grave assustou ambas, fazendo Eunbi dar um pequeno sobressalto e Yeji quase cuspir a bebida em sua boca, o dono da voz era um tanto mais alto que a princesa Ahn e aparentava possuir altura próxima da Hwang, possuía quase imperceptíveis olheiras abaixo dos olhos grandinhos, covinhas visíveis - por conta de seu leve sorriso - na bochecha e os cabelos curtos cobertos uma boina, além de vestir um uniforme militar com algumas medalhas ambos em branco indicando ser um dos soldados da casa de gelo.

— Bang Chan! — A princesa que também vestia branco, por pertencer a casa, exclamou — Já disse para parar de aparecer do nada.

— Novamente, peço desculpas alteza — Fez uma leve reverência — Vossa majestade solicita sua presença.

Yeji revirou os olhos pela formalidade.

— Certo, certo, estou a caminho — Deixou a taça que ainda segurava na bandeja de um garçom que passou por si e abraçou a garota de vestido púrpura — Preciso ir, lembre de falar com a sua mãe para ir me visitar.

Eunbi riu e a abraçou mais forte.

— Eu vou.

Esse era um dos motivos da confraternização anual ser tão importante, instigava a interação entre as casas e faziam amizades que eram deixados de lado pela distância florescerem novamente.

— Por que não consegue ser gentil como sua irmã, Park Idiota Seonghwa?

E desavenças também. O maior mistério de Atiny era o motivo, considerando o fato das famílias sempre terem sido amigas próximas, de Kim Hongjoong e Park Seonghwa não se suportarem, qualquer coisinha mínima que o outro fizesse era motivo de eles começarem com alguma briguinha boba. A que acabara de começar deu-se logo após Ryujin, irmã mais nova do Park, comentar sobre os cabelos do herdeiro dos Kim - que a pouco tempo eram um mullet castanho claro e agora estavam mais curtos e pretos - e ele soltar que tinha sido o próprio ao fazer a façanha capilar sozinho. Seonghwa com sua típica cara fechada e com um tom de voz entediado sibilou um "grande coisa" ganhando uma revirada de olhos típica do príncipe trajando verde - na qual vinha uma arqueada de sobrancelha antes - um risinho debochado e a frase anteriormente citada.

— Eu tenho mais o que fazer, Kim Insuportável Hongjoong.

Notando que outra briguinha besta ia desenrolar, Ryujin deu as costas para os dois negando com a cabeça, foi para perto do outro garoto vestindo verde. Apesar de não ser um Kim, Song Mingi sempre estava junto da família real, afinal, iria substituir seu pai - Song Jiwon - na árdua tarefa de conselheiro assim que Hongjoong subisse ao trono, além de ser o melhor amigo dele.

— Esse ódio deles tem algo a mais, não é possível.

Comentou com o Song, que concordou.

— Ainda acho que eles vão acabar namorando. Chocolate?

Ofereceu o doce em seu prato, Ryujin aceitou de bom grado, e eles logo começaram uma conversa aleatória. O baile ocorreu sem problemas e no meio da madrugada todos que não moravam no castelo foram embora, encerrando a festividade.

♔×♚

O sol já raiava lindamente no céu, era um pouco mais de nove horas da manhã. Na parte que dava para os quartos reais, os poucos guardas na entrada do corredor viam um homem de traços suaves, cabelos castanhos, incomuns - para um oriental - íris claras, trajando uma calça preta e camisa social vermelho escuro caminhar com confiança em direção ao quarto do príncipe mais novo da casa Choi. Ninguém ousava para-lo, afinal era de conhecimento geral que Kang Yeosang é o acompanhante pessoal - algo como um secretário/criado responsável pelo bem estar - do príncipe. Abrindo as portas duplas para entrar no cômodo, Yeosang pareceu estranhar o breu do lugar, era muito tarde para Choi Jongho estar dormindo.

— Jongho? — Chamou com cautela antes de ligar a luz — Jongho, está acordado?

Vendo o corpo deitado de bruços na cama grande não manifestar nada, aproximou-se pondo a mão no ombro tentando vira-lo.

O grito que Yeosang deu ressoou em todo o castelo, soldados assim como o príncipe herdeiro Choi San rapidamente apareceram e invadiram o cômodo, o rei apareceu logo depois notando a confusão e recebendo algo de um dos guardas.

Um pedaço de tecido azul marinho, com o emblema de montanhas em dourado, o brasão da casa Jeong.

O rei saiu porta afora logo em seguida e todos ali sabiam, a guerra armada havia sido declarada e o estopim estava ali encharcado com o próprio sangue.

O príncipe Choi Jongho, o doce nobre amado por todo país, morto em seu próprio lar.

Não jure pela lua ♔ SeongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora