eu não sinto ciúmes

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Estou em pedaços, em cacos, me sinto uma garrafa de vidro de um mendigo bêbado que a deixou cair só no chão e partiu-se em inúmeras partes

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Estou em pedaços, em cacos, me sinto uma garrafa de vidro de um mendigo bêbado que a deixou cair só no chão e partiu-se em inúmeras partes. Estou só o pó ou o resto dele. Carrego quatro garrafas e um saquinho com chiclete, pirulito e bala para San. Mas quando eu me aproximo, minha visão está embaçada demais para eu enxergar direito o rosto de quem está sentado no meu lugar, ao lado dele. Mas eu sei que tem alguém, um homem, próximo a ele. Assim que chego junto, percebo que estão conversando em inglês e rindo de algo. Cumprimento ambos, pego meus óculos na bolsa para enxergar melhor que raios está acontecendo e, vendo melhor, o cara é extremamente lindo. Sabe o que é alguém lindo? Isso mesmo. É isso mesmo.

Então... Qual o seu nome? — ele quer saber. — Eu sei que esse fofo aqui é San, da Coreia do Sul, e o seu? É da Coreia também?

Eu ponho as garrafas d'água ao lado dele. Tem um corpo dourado, talvez já acostumado com o sol, atlético em demasia. E os fios de cabelo são castanhos, grossos e encaracolados. Fico um pouco perdido nesse seu olhar em mim, porque não respondo instantaneamente. Engulo em seco com o "esse fofo aqui", mas faço de tudo para dissipar esse pensamento.

Wooyoung e o seu? — finalmente respondo.

Theo — ele sorri. — Prazer te conhecer. Eu estava falando com San algumas coisas... Ele não sabia que existe uma praia com areia escura por aqui. Aliás, você não me disse de onde é.

Nasci na Tailândia — lhe respondo, agora olhando para San e no sorriso que ele dá sem tirar os olhos do outro rapaz. — Ah... Você está falando da Perissa Beach?

Hot damn, você tá informado! — ele ri, mas vira-se para San. Aliás, eu nunca conseguiria traduzir hot damn mesmo. É uma exclamação sobre aprovação de algo ou alguma coisa assustadora. Enfim, viajei aqui. — Então...

Theo! — uma voz feminina irrompe a quietude daqui. Olho para a direção e vejo uma garota sentada numa toalha numa posição diagonal à frente da nossa. — Theo, traz uma garrafa de água, porque a nossa acabou! — e, por incrível que pareça, ela diz isso em francês.

Depois eu vou, porque é longe — ele responde, também em francês.

Tem uma vendinha lá atrás, mas tem que percorrer uma parte da trilha de volta. Lá vende água e outras coisas também — lhe informo no mesmo idioma usado, aproveitando o gancho do francês no ar.

Oh, você fala francês? — Theo sorri para mim, expressando-se em inglês dessa vez. — Oh, valeu por ter me dito. Eu não conheço muito a ilha, minha primeira vez aqui. Eu sou da capital, mas meu amigo me chamou para casa dele aqui e... Eu meio que aceitei dessa vez.

É o seu amigo que só vive de casaco, até mesmo morrendo de calor? — quando San pergunta isso, ele e Theo caem na gargalhada. Não sei se é por conta de alguma piadinha interna aí ou por conta do sotaque do San. Aliás, o sotaque dele é uma graça, faz parecer que ele está realmente se esforçando para falar bem.

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