Dizem que tudo na vida tem um propósito. O destino está escrito e basta nós segui-lo. As estrelas refletem minha solidão, onde todos podem ver, mas apenas alguns reparam.
Ninguém olha para um cão de rua e perguntam se está com fome. Ninguém deixa de matar uma árvore por ela ser uma vida. Ninguém repara na beleza por mais simples que sejam.
Meus pulsos ardem, mas quem se importa? Eu não.
Minha mãe se foi. Deixou-me para trás. Ela deve estar em um lugar melhor, em um campo com pequenas flores e pássaros coloridos.
Cada corte, cada gota de sangue é um pedido para me juntar a ela. Eu deveria estar no lugar dela, eu não faço diferença para ninguém.
Vejo o céu mudar de cor e o sol tomar o lugar das insignificantes estrelas. Veio se mostrar que brilha mais, mas apenas esta mais perto que elas.
Cada um tem seu destino, mas acredito que se esqueceram do meu.
Moro no final de um beco, com alguns outros bichos. É aqui que chamo de lar, um pequeno pedaço de papelão ao lado de uma parede com um cobertor esfarrapado por cima.
Poderia ter algo melhor, se não tivessem se esquecido de mim.
Às vezes gosto de conversar com a lua. Não, eu não imagino as falas dela, eu simplesmente sinto. É. Como se em algum lugar, alguém se lembrasse de mim e dizia "não desista".
Aos poucos vou morrendo, a cada segundo mais velha. Poderia dizer que apenas espero o tempo passar e me levar junto, mais infelizmente não é assim.
Cada segundo é uma tortura a mais. Cada minuto é mais um tempo na eternidade.
Olho de novo para o céu que agora exibe um sol baixo, mas que esquenta a pele. Menos a minha, como se ele fosse importante de mais para se preocupar comigo.
Poderia morrer de fome e assim não demorar tanto para chegar a minha mãe, mas é muito mais torturante e de tortura já basta a vida.
Corto-me, queria ter coragem suficiente para poder cortar alguma veia importante e acabar logo com isso, mas tem sempre algo que me impede.
Um cachorro magro entra no beco e cambaleia até mim. Pego um pedaço de pão duro que consegui há uns dias atrás e lhe dou. Coitado, comeu como se o mundo fosse acabar. Apesar de que não é tão ruim assim.
Ele se deita ao meu lado e apóia sua cabeça na minha coxa. Acaricio.
- como ta, amigo? - pergunto como se de alguma forma, ele fosse me responder.
Suspiro. Meus pulsos já não ardem mais, o sangue escorrido ja está seco e preciso lavá-lo.
O cachorro preguiçosamente lambe onde se contra os cortes de alguma forma tentando me confortar.
Ninguém repara em como isso é belo. Ninguém está aqui para ver o quão digno de um amigo, um dono, uma família esse cachorro é.
- tudo bem amigo, não foi nada- acaricia sua cabeça e logo ele adormece.
Acho que vou adotá-lo para mim. Vai ser difícil manter, mas consigo.
No início do beco se encontra outra realidade, onde ninguém tem tempo, ninguém tem vida, ninguém espera.
La também se encontra carros, motos, caminhões, e uma pista onde automóvel não param, apenas seguem em frente sem se importar em sua volta.
Calço um tênis dois números maior que consegui em algumas doações e sigo com meu mais novo companheiro pelas ruas. É estranho ter alguém comigo depois de tantos anos, depois de tantas noites sozinhas.
Ando voltas e mais voltas atrás design o para comer, trabalhar é difícil quando não se fez a escola e mal sabe falar. Pouco contato com pessoas me fez assim, por mais que vivo cercado por elas.
Vejo em um restaurante, uma família feliz ir embora é deixar alguns restos para trás. Corro antes que o garçom pegue.
Pego um pedaço consideravelmente grande, não devem ter aguentado comer. Corto ao meio e alimento o cão magricela. Pego a garrafinha de água que esqueceram em uma das mesas e encho no bebedouro.
Ninguém percebeu minha presença. Termino de encher e bebo um pouco da água, o resto vai para meu amigo. Encho a garrafa de novo e levo-a comigo, melhor prevenir do que remediar.
Seguimos sem rumo pela rua, buzinas enchem o espaço com melodias bizarras e sem nexo. Encosto em uma grande ponte e olho os carros passando, pra lá e pra cá. Meu amigo me pede água e sacio sua cede. Temos meia garrafa até amanha.
O tempo passa e o céu perde todo seu esplendor. A tarde ganha vida com pássaros cantantes.
Hora de ir embora.
Junto ao meu amigo, sigo para “minha casa". O céu perde sua cor e logo escurece e estrelas vão ganhando lugar na imensa escuridão.
É tão ruim se sentir sozinha no mundo, não ter ninguém para compartilhar pequenos momentos.
Eu não tive pai, simplesmente não o conheci. E nem poderia.
Minha mãe era garota de programa e eu poderia muito bem viver igual ela, mas isso é impossível para mim. Eu não quis seguir sua "carreira" e por isso fui expulsa da casa onde morava. Confesso que a rua é bem melhor.
Minha mãe não faz a mínima idéia de quem seja meu pai e assim fui obrigada a crescer. Minha mãe era uma garota de programa mais rodeavam o que fazia, dias e dias ela chegava chorando e eu a consolidava e ela sempre me dizia para nunca fazer o que ela faz, ela queria uma vida diferente, mas infelizmente não conseguiu.
Como eu queria estar no lugar dela agora para ela poder fazer o que tanto queria. Ela sonhava alto, sempre se imaginou sendo professora, agora não pode mais realizar seu sonho.
Andando pelas ruas, o céu escuro acima de mim com pontos brilhantes e meu amigo ao lado.
Preciso de um nome para ele, mas amigo o define e vou chamá-lo assim.
Estava perto do beco onde passaria a noite. Era um lugar calmo e tinha uma grande parte coberto fazendo com que não chovesse onde dormia. Era um lugar escuro à noite, frio. Mas já havia acostumado.
Faltavam apenas alguns passos para meu lar amargo lar, quando ouvi passos. Não liguei, claro. Eu era invisível seria impossível alguém estar atrás de mim.
Continuei andando, despreocupada. O poste de luz já estava distante e os passos cada vez mais perto. Meu coração estava acelerado e um medo se instalou em mim.
"Respira Cassy, você é invisível. Apenas uma coincidente direção"
Pensei comigo enquanto obrigava meus pulmões a funcionar corretamente. Baixei a cabeça e entrei no beco com meu amigo logo ao lado.
{: Gente, essa é minha nova história e espero que gostem.
Não é romance. Então se espera a mocinha ser feliz com seu príncipe encantado, não se iludam.
Não tenho dia de postagem exata, depende de quanto eu estiver motivada. Espero profundamente que gostem.Gostou? Votem
Não gostou? Comentem e dêem suas opiniões nos comentários, adoraria ver o que estão achando.
E pela felicidade dessa nova autora, compartilhem com amigos.Gosto muito de ouvir o que acham, então se sintam a vontade com minha história para comentar. =3 :}
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Cassandra
RandomCassandra é uma garota invisível aos olhos da sociedade que luta para sobreviver em sua vida solitaria e hostil.O destina reserva para nossa Cassandra uma vida mas ela não percebe. Poderia dizer que já não acredita. Depois da morte de sua mãe, tudo...