Ser tomado pela escuridão é realmente assustador, principalmente quando isso se mantém mesmo depois de abrir os olhos. Nada além da pura obscuridade, não importa para qual direção eu olhe. Nenhum sinal de luz, nada. Apenas o vazio. Isso já deveria me deixar apreensivo, mas de algum modo, eu simplesmente não sinto nada. É como se junto daquele ambiente, eu também estivesse vazio por dentro. Sem medo, sem dor, apenas o nada.
Eu estou de baixo da água? Não deveria estar me afogando? Talvez em coma? É assim que é estar em coma?
E como se um soco me acertasse direto na cabeça, eu lembrei de tudo. De como eu estava tranquilamente voltando da escola, e ao atravessar a rua, um enviado do inferno veio em alta velocidade em minha direção. É sério. Eu olhei para ambos os lados, não havia nenhum sinal de um veículo se aproximando. Como aquele maldito havia me alcançado tão rapidamente? Espero que o carro tenha capotado com a batida.
Espera, é isso? Eu morri? É assim que é estar morto? Bem, eu esperava mais nuvens, talvez um grande portão dourado. Até um pouco de fogo. Mas para qualquer direção que eu olhe, há apenas a vasta escuridão. Tedioso.
Não me entenda mal, não é como se eu não estivesse triste por morrer tão repentinamente. Acabei deixando meus pais, meu irmão, meus amigos, toda minha família para trás. Mas é que eu não sinto nada. No mínimo eu deveria estar em posição fetal enquanto me derramo em lágrimas, mas eu não consigo sentir nenhuma emoção.
Que merda.
Depois de algum tempo ponderando sobre toda aquela minha situação, comecei a sentir como se meu corpo estivesse sendo puxado e esticado. Não doía, mas não era algo agradável. Uma luz lentamente se formava acima de mim, aumentando cada vez mais, até o ponto de que toda a escuridão passasse a ser tomada. Uma sensação de fraqueza percorreu pelo meu corpo, o que era ótimo. Pelo menos agora eu sabia que ainda tinha um corpo.
Cada vez mais, meus sentidos pareciam voltar, e no que parecia uma eternidade, eu finalmente consegui abrir meus olhos. Primeiramente tive um pequeno susto, já que minha visão estava bem embaçada, porém eu ainda era capaz de distinguir as enormes figuras que pairavam sobre mim. Eles falavam uma língua que eu desconhecia, mas eu era capaz de perceber o sentimento de carinho, principalmente de uma das figuras que parecia ter cabelos longos, provavelmente uma mulher, devido ao tom calmo e alegre de sua voz.
Naquele momento, meu primeiro movimento foi tentar falar, mas quando tentei pronunciar algo, me assustei quando consegui apenas balbuciar sons.
Eu estou vivo. Isso é certo. Mas como isso pode ser possível? Eu estava morto a alguns minutos atrás!
E como se a realidade me acertasse com todas as suas forças, eu percebi. Eu havia reencarnado.
Quanto tempo se passou desde que eu voltei a vida? Meus pais ainda estão vivos? Meus pais... Minha família... Como está meu irmão? Eles devem ter ficado devastados com minha morte. Eu posso vê-los? Eu posso encontrá-los?... Eu quero encontrá-los... Eu quero vê-los novamente.
E com todos estes pensamentos tomando minha mente, eu berrei. Comecei a chorar o mais alto que pude, lembrando de tudo que havia deixado para trás. As promessas que havia feito ao meu irmão, minha mãe, meu pai. Eu provavelmente não seria mais capaz de vê-los novamente, e isso doía. Doía tanto que me pus a chorar até a exaustão, onde finalmente depois de um longo tempo, caí em um longo sono.
...
Os primeiros meses de minha vida desde a reencarnação foram simples, até por que eu não era nada mais que um recém-nascido. Apesar disso, não foi tão fácil como eu achei que seria. Isso se devia principalmente ao fato de eu lembrar de toda minha vida anterior.
Sempre que eu pensava sobre minha vida passada, começava a chorar. Felizmente, minha nova mãe sempre me confortava.
"O que aconteceu, querido?"
"Olhe esse brinquedo que a mamãe comprou para você!"
"Você quer assistir um desenho com a mamãe?"
Eu não entendia o que ela dizia, mas ainda sim sentia o amor que ela tinha por mim em seu modo de falar. Minha nova mãe era uma linda mulher de pele morena e cabelo crespo, e tinha um jeito amável de ser. Me lembrava muito minha antiga mãe, e isso me deixava triste. Eu não conseguia acreditar que minha vida passada havia simplesmente desaparecido.
Foi ver a tristeza nos olhos de minha mãe devido ao meu constante humor, que me fez aceitar. Minha vida agora era essa. Não tinha mais como mudar isso. Isso me deixava triste, mas agora eu teria meus novos pais para me apoiarem.
E pensar nisso me fez sorrir pela primeira vez em meses.
Tóquio, Japão. 2 anos depois
Dois anos desde que eu reencarnei. Desde meu renascimento, eu fui capaz de descobrir que estava no Japão, este sendo o motivo de eu não conseguir entender de forma alguma a língua que meus pais falavam. Estava muito longe da minha língua nativa que era o português. Felizmente, meus pais perceberam que eu não era tão comum quanto eles achavam. Por isso, desde meu um ano de idade, minha mente foi estimulada por minha mãe, então agora sou capaz de ao menos entender e falar o japonês.
Falando em pais, não foi difícil perceber que meu pai não aparecia muito em casa. Ele era um homem de pele morena e cabelo crespo com minha mãe, além de ter um corpo musculoso como o inferno. Sério, ele poderia competir com muitos fisiculturistas facilmente.
Quando decidi perguntar à minha mãe o por que dele sempre estar fora, ela me disse que ele trabalhava salvando vidas, e por isso não tinha muito tempo em casa. Bem, primeiramente me veio a mente de que ele um médico, bombeiro ou policial.
Nunca estive tão errado em minha vida.
Em um dia qualquer, em uma manhã, eu estava sentado no sofá assistindo à um desenho que minha mãe havia colocado. Eu estava entediado, obviamente, por isso decidi mudar de canal. Com isso, quando achei o controle e troquei para o canal de notícias, me assustei ao ver uma notícia nomeada como:
"Heróis, junto da polícia, montam uma operação contra uma organização criminosa e prendem 15 vilões."
Tive que me esforçar um pouco para ler, mas ao conseguir, fiquei paralisado. Consegui sentir as engrenagens girando em minha cabeça enquanto raciocinava a nova informação em minha mente.
Heróis? Como assim? Eu não só reencarnei, mas reencarnei em outro mundo? Isso é possível? Se sim, em que mundo estou? Algum universo paralelo onde pessoas tem poderes?
Com esses pensamentos percorrendo minha mente, rapidamente desci do sofá e corri até minha mãe, pedindo seu celular. Ela não entendeu o motivo de eu de repente pedir, mas simplesmente achou que eu iria jogar algum jogo e me entregou.
Desta forma, voltei ao sofá e comecei a pesquisar na internet sobre heróis. Rapidamente encontrei uma wiki sobre o surgimento dos heróis depois de alguns anos desde o aparecimento das Individualidades.
Ao ler isso, foi como se as peças se encaixassem.
Eu estava em My Hero Academia.
...Notas: Caso alguns não entendam o que esta fic é, irei dar uma breve explicação.
Esta fic é uma auto-inserção, ou self-insert, no inglês. Não estou me auto-inserindo e sim inserindo um personagem original criado por mim. Este personagem se chama Micael, antes um estudante do 2° ano do ensino médio. Após morrer e reencarnar, ele passou a se chamar Michael Wood.
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Just the beginning
FanficA morte é repentina e assustadora. Agora renascer em um mundo que você originalmente acreditava não passar de ficção, onde os poderes são comuns entre a maioria, é simplesmente desesperador.