Capítulo 5

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— Se disser mais uma vez que está com a garganta inflamada e que não vai para a escola, eu te meto a porrada. — Disse para Marcelo.

Os dois ainda estavam deitados e já estávamos cinco minutos atrasados para escola. Puxei o edredom de Luciana.

— Me deixa. — Disse ela o puxando de volta.

— Levanta! — Gritei. — Não quero saber, foram os dois que ficaram insistindo para ir naquela festa idiota onde só teve briga. — Respondi. — Anda, já estamos atrasados.

Olhei para cama imóvel, nenhum dos dois se mexiam. Daí tive uma ideia. Fui até o banheiro e peguei o balde que ontem de noite Marcelo trouxe para o quarto para o caso de alguém vomitar, o enchi de água fria do choverio e voltei para o quarto.

— Não vou gritar. Vocês têm tipo... dez segundos para levantarem da cama contando de agora. — Disse e, ainda assim, ninguém se mexeu.

Contei mentalmente cada segundo. Já estava no sexto e o único movimento que vi foi o de Luciana, mas ainda assim para tampar mais a cabeça com o edredom. Beleza, então.

Joguei o balde de água encima da cama, os dois pularam de susto. Foi bem no rosto deles. O cabelo de Luciana basicamente molhou todo, e Marcelo estava me olhando com cara de assustado.

Levou uns três segundos para eles perceberem o que estava acontecendo.

— VOCÊ TÁ MALUCO?! — Gritou Luciana.

— Se demorarem mais cinco segundos para levantarem, vou jogar outro. Vai para o banheiro agora, sua vaca! — Gritei apontando para o banheiro.

— Ah, mas que saco! Eu te odeio! — Gritou ela se dirigindo para o banheiro.

— Eu também me odeio. — Respondi.

Foi engraçado, na verdade. O cabelo dela estava colado em uma parte do rosto, a parte que estava mais molhada. Eu quase ri, se não fosse pela minha insatisfação gigante deles me fazerem chegar atrasado na escola.

Olhei para Marcelo e ele ainda estava meio aéreo.

— Levanta. Vai. — Disse apontando para o banheiro.

— Agora tenho que esperar Luciana sair, né. Não dava para jogar água só nela primeiro não, seu vacilão?! — Disse deitando de volta no travessei molhado.

Ele tinha razão, eu havia esquecido que eles não tomavam banho juntos, assim como eu e Luciana. Estava tão acostumado a ver os dois pelados no banheiro, que esqueci. Eles não tomavam banho juntos porque ele sim era um garoto, amigo de todos os garotos que Luciana pegava, e eles também nem eram tão amigos a esse ponto. Eles ficaram amigos, de verdade, depois de mim. Talvez não faça sentido. Sei lá, não sei explicar. O fato era que eu tomava banho com Luciana às vezes, e também entrava no banheiro com Marcelo tomando banho. Acho que por talvez sermos amigos e dois garotos. Por mais que eu seja gay, não sinto atração nenhuma por Marcelo. Ele é bonito pra caramba, mas é como se ele também fosse meu irmão.

Me deu pena dele e eu realmente fiquei preocupado, então fui até o banheiro, peguei uma toalha, voltei e disse para ele levantar.

— Acho que vou morrer. — Disse ele levantando e sentando na beirada da cama.

— Você acha? Isso é bem feito! Isso é para você e Luciana me escutarem quando eu disser as coisas. Com certeza teria sido bem melhor se tivéssemos ficado lá em casa, isso sim. — Disse tirando sua blusa e o secando.

Eu estava impaciente e com raiva. Íamos chegar muito atrasados na escola, talvez nem conseguíssemos mais entrar.

— Vou ter que pôr esses cobertores todos no sol, seu viado. — Disse se levantando e indo até o guarda-roupa.

Ensino Médio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora