Capítulo 7

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André ficou totalmente calado durante o filme, prestando atenção, suponho, a não ser as vezes em que olhava para mim e em seguida voltava a olhar para a televisão.

Marcelo estava sentado ao meu lado no sofá, com a Gabriela em seu colo, enquanto Luciana e Caio estavam deitados no outro sofá. Fabrício estava deitado no chão, no meio de nós, mas acho que ele estava dormindo.

O filme acabou e logo todos foram embora, até mesmo Luciana, dizendo que o Caio iria deixá-la em casa. André, antes de ir embora, me deu um abraço e disse que no dia seguinte devolveria minhas roupas, 'a não ser que eu preferisse ir até o carro com ele'. Eu ri. A roupa havia ficado realmente apertada em seu corpo.

­- Cara, como eu ainda não havia assistido esse filme? - Perguntou.

- Você é tipo... um gay sem cultura. - Debochei.

Ele riu. - Eu sou bissexual. - Disse e piscou para mim.

Eu fiquei sem graça e ele percebeu. - Eu só falo besteiras, né? - Disse. - Desculpe.

- Eu não vejo assim. - Respondeu.

- Esse é meu filme preferido.

- Essa parece uma ótima opção de filme preferido de alguém.

- Você tem um? - Perguntei.

Ele ficou um pouco pensativo. Estávamos sozinhos na varanda na frente de casa. As luzes estavam apagadas, mas ainda assim conseguíamos nos ver devido a luz da televisão pausada. Também conseguíamos ver a rua, iluminada pelo poste de luz, próximo a entrada do portão. Caía uma garoa fina, que fazia o clima ficar frio.

- O Expresso Polar. - Disse

- Por que? - Questionei. Eu já havia assistido esse filme, mas fazia muito tempo.

- Não sei. Eu gostava desse filme quando era criança, sempre pedia para a mãe colocar. - Ele parou por alguns segundos, mas logo retornou a falar. - Acho que é a simbologia do filme e tal... o Natal, papai noel, o significado para pessoas que tornam isso um significado. - Ele parou de novo e me olhou.

- Eu preciso admitir que fiquei surpreso. Para mim, você diria alguma coisa como Star Wars ou Velozes e Furiosos. - Eu ri e desviei meu olhar.

- Tá vendo, você errou de novo. - Ele apontou para mim e riu.

Alguns minutos se passaram e ninguém falou mais nada, eu estava envergonhado, sem saber o motivo. Era quase uma da manhã e aparentemente teríamos horário integral amanhã na escola. Senti quando ele se aproximou mais de mim.

- Posso te abraçar? - Perguntou.

- Você já fez isso.

Ele me abraçou. - Abraçar de novo. - Disse.

Eu envolvi sua cintura enquanto ele segurava minha cabeça entre seus peitos. Era incrível como seu perfume estava entranhado em sua pele, pois aquela roupa era minha e ele não havia passado perfume depois que tomou banho, não que eu tenha visto. Ele também não havia trago nada, suponho ter deixado tudo dentro de seu carro, inclusive seu celular. Seu abraço estava tão confortante. Devido a isso, e os milhões de pensamentos que se passavam na minha cabeça, eu nem percebi o tempo passar. Fui acordado de meu devaneio quando ele disse:

- Eu gosto de você, cara.

Fiquei sem reação. Como se reage a isso? Eu já sabia daquilo, ele mesmo havia me dito enquanto estávamos na festa do João, mas como eu reajo a isso? Eu nem sei o que gostar significa. Acho que é tudo novo para mim. Não 'novo', eu já havia feito isso antes, mas um 'novo' diferente que não sei explicar, e tudo isso tem a ver com João. Eu gostava era dele.

Eu suspirei e o apertei uma última vez até soltar seu abraço. Não acho que ele tenha ficado chateado, pois ele me olhou e me beijou. Ele passou seus braços ao redor da minha cintura e me puxou para perto de novo. Seus lábios eram tão macios! Seus músculos e seu cheiro eram excitantes. Pela segunda vez senti a explosão de sentimentos dentro de mim, como se tivesse um milhão de borboletas em meu estômago. Eu segurei seu ombro e dei espaço para ele. Apesar de não saber o que dizer, sentia ânsia daquilo.

Após alguns segundos, ele intensificou o beijo e me agarrou mais forte. Suas mãos desceram até o cós do meu short e senti quando ele pôs suas mãos dentro da minha blusa. Eu estava excitado, e pela forma como ele me segurava forte, senti que ele também estava. Eu queria tocá-lo, mas será que era a hora certa? Que tipo de relação era essa? Ele queria transar? Eu precisava perguntar, se não, não saberia o que fazer.

- Você quer transar? - Perguntei e me arrependi no segundo seguinte, somente pela maneira como proferi as palavras.

Ele me soltou e me olhou. Seus olhos estavam opacos e profundos como se fossem me puxar para dentro deles.

- não sabe quantas vezes eu sonhei que estava te comendo. - Ele riu e só então percebi o quanto seus dentes eram assimétricos e bonitos. Ele parou e me abraçou de novo. - Eu quero isso, mas só se você quiser também. E só se isso não for a única coisa. - Disse.

Eu estava muito excitado e nunca havia sentido tanta vontade daquilo, mas notei que ele realmente esperava algo de mim. Algo que eu não podia dar, pelo simples e único fato de ser apaixonado por outra pessoa. Eu não respondi, só o abracei de volta e então o soltei em seguida.

- Eu acho melhor você ir, não quero que durma no volante por sair tarde da minha casa. - Tentei fazer uma piada.

- Depois de você, eu provavelmente só sentiria sono se transassemos tanto até que nossas pernas ficassem bambas e não conseguíssemos levantar da cama. - Ele riu e eu o olhei. - Tá legal, não precisa ficar assustado, eu já tô indo. - Disse se levantando. - Te vejo amanhã na escola? - Perguntou.

Eu não sabia mesmo o que dizer. De fato havia ficado assustado. Eu não queria ferir seus sentimentos. Somente assenti com a cabeça e o vi caminhar até o portão. Depois acenar para mim, entrar em seu carro e desaparecer de vista, dobrando a esquina.

Sentei novamente no chão. O que havia acabado de acontecer? A garoa havia ficado um pouco mais forte e assim que sentei, começou a molhar meu pé. Eu olhei para ela. Era tão bonita. De repente, me senti sozinho, e eu nunca me sinto sozinho. Todos os anos de ensino fundamental me ensinaram a lidar com isso. Então por que eu estava me sentindo sozinho agora? Será que eu queria ele de volta? Mas isso não seria certo. Não tenho sentimentos por ele da forma como tenho pelo João. O que estava acontecendo?

Me levantei e entrei em casa. Estava tudo tão silencioso. O relógio marcava 01:27 da madrugada. Desliguei a televisão e subi para o meu quarto. Me deitei e ouvi uma notificação de mensagem chegando em meu celular, que estava em cima do criado mudo. O peguei.

"Hoje foi massa. Vc é lindo. B noite, bb."

Não respondi. Pus o celular de volta em cima do criado mudo, fechei os olhos e suspirei, rezando para conseguir dormir.

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⏰ Última atualização: Sep 14 ⏰

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