Capítulo 1 - Coisas más

79 3 9
                                    


O céu estava azul

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O céu estava azul. Azul tempestuoso, cinza. Cinza como os meus olhos. Encarei o meu reflexo na porta espelhada. Meus cabelos negros e pele alva davam-me um ar quase aristocrático. Sempre achei que a beleza ajudava na minha máscara social, e com vinte e três anos estava em meu auge. Inteligente, bonito e rico. O que mais poderia desejar?

— Você ouviu, Cristian? — A voz de Henrique me trouxe de volta à realidade. Voltei o olhar indagador a ele. — Gisele foi para um intercâmbio em Paris, você não vai sentir saudades?

— Gisele já não me interessa mais. — Fui sincero, dando de ombros em seguida. Esqueci por um momento que Gisele era prima dele, por sorte, o negro de olhos escuros e boa aparência não pareceu se importar, rindo alto quase que imediatamente.

— Você é imune a relacionamentos. — Ele comentou divertido, como se fosse uma grande piada. Idiota.

Henrique Pelegrini era meu amigo, ou algo assim. Mas, muitas vezes, eu só queria que ele calasse a boca. Além disso, Gisele era bonita, mas fiquei com ela somente algumas vezes, nada importante. Eu nem ao menos gostava dela, a garota era irritante, ainda mais que o primo.

— Vou fazer uma festa na sexta. — Arthur sentenciou enquanto sentava-se ao nosso lado.

Henrique ficou animado com a perspectiva de outra das grandes festas do amigo de cabelos loiros e olhos verdes. Arthur era conhecido pelo seu dinheiro em abundância e festas marcantes.

Eu os conhecia desde criança, Henrique e Arthur sempre me foram próximos. Não era por coincidência que estudávamos na mesma Universidade, éramos do mesmo ciclo social, e a Universidade Ruschel apresentava os melhores e mais caros cursos do país.

Henrique voltou a falar, gabando-se das suas conquistas na última festa de Arthur. Pouco me importava. Henrique falava demais, enquanto Arthur falava de menos. De todos os meus amigos, este último era o menos inconveniente.

Enquanto eles falavam, meus olhos voltaram-se para aquela que se tornaria a minha obsessão. A mulher caminhava em passos apressados, por pouco não esbarrou nas pessoas.

Por que a pressa, garotinha?

Apesar dela não estar mais no meu campo de visão, permiti que meus pensamentos a perseguissem. Eu precisava conhecê-la melhor.

◆◆◆

Passei os últimos dias observando-a, sempre distante, vez ou outra ela percebia, mas logo desviava o olhar, visivelmente incomodada. Confesso que era divertido vê-la desconcertada.

As aulas tinham iniciado há uma semana, e todos os dias, desde então, ela passou a maior parte do seu tempo na biblioteca ou em laboratórios de informática. Por favor, Alice precisava descobrir o que era diversão, talvez eu pudesse ajudá-la com isso... antes de me deleitar com o seu sangue e roubar sua alma.

Psicose [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora