A alegoria nos espelhos

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45- A alegoria nos espelhos
XX

É verdade, Helena manipulou o tal feérico e fez ele tomar vomitilhas líquidas, mas ele mereceu. Quem aborda uma criança e basicamente diz que quer dopar a filha do Grão-Senhor da Corte Noturna para que ela se apaixonasse e cassase com ele? Ninguém, óbvio. E inconscientemente, tudo havia funcionado ao seu favor.

Ela não parou para descansar até que estivesse no lugar correto sobre as montanhas. De lá, ela acabou percebendo que a magia não funcionava. Teria que ir apé a partir dali.

- Que inferno.- murmurou pousando. Guardou a vassoura na mochila e iniciou a subida para a encosta. Era íngreme e apesar de ser rochosa, escorregadia. Ela teve que segurar um gemido de frustração enquanto caia mais uma vez. Sua varinha, a que tinham conseguido resgatar durante a batalha, estava presa ao seu pulso. Helena tentou conjurar alguma ferramenta para espetar, mas a magia não funcionava. 

- Srta Granger!- uma voz alta e masculina gritou, a fazendo tomar um susto e se desequilibrar. Seu pé escorregou na rocha e seu joelho entrou em contato com ela violentamente, a fazendo gritar. Ela se segurou em uma rocha e levou a mão ao joelho, choramingando de dor enquanto Ryshand e Azriel subiam a encosta até ela.

Azriel se agachou a sua frente, segurando sua perna e avaliando o corte através do jeans mesmo. Tinha uns 10 centímetros e sangrava bastante. Helena provavelmente mancaria por uns dias. Ele não disse nada enquanto enrolava uma atadura ao redor do corte, apertando bem. Seria temporário.

- Conseguiu o que queria?- Rhysand perguntou para Helena enquanto estendia a mão para que ela se levantasse.

- Sim.- ela sorriu.- Já que estamos aqui, vamos lá, vamos entrar na Prisão? - Ela sorriu largamente, o rosto nem ficando vermelho.

- A cara nem chega a tremer?- o Grão-Senhor perguntou e ela negou.

- Não. Agora vamos, preciso tomar mais sangue daqui a pouco.- ela resmungou e se virou para encosta, mas Rhysand a segurou pelo pulso.

- Nós iremos voltar.- ele disse sério.- Você não vai entrar nessa prisão.- ela deu um tapa em sua mão, ignorando o medo que crescia em seu peito.

- Não preciso de você mesmo.- ela resmungou e voltou a subir, mesmo que lentamente e com dor, o medo cada vez querendo que ela parasse e voltasse com eles.

- Na verdade, precisa sim. Apenas Grão-Senhores, Grã-Senhoras e seus descentes podem adentrar a Prisão.- Rhysand disse com um tom frio e veludo, que fez Helena parar e se virar para ele.

- Olha, eu vou ser sincera. Se eu tiver que me humilhar para poder entrar nessa porcaria, então que seja!- ela se sentou em um rocha lisa o bastante para não machucar sua bunda e encarou os dois feéricos, estendendo o joelho machucado. - Quando eu aceitei ajudar nessa guerra, eu nunca achei que pessoas iriam realmente morrer. Eu nunca percebi o quão perigosa Morgana era até o corpo de Elizabeth Baudelaire ficar irreconhecível do tanto que a apunhalaram. Eu não imaginava. Eu não quero ser a responsável pela morte de mais pessoas. Ao contrário do que você pensa, as baixas não compensam os resultados, Rhysand.- o homem olhou por um segundo para o alto da montanha e a olhou novamente, os olhos violetas mais sérios do que nunca.- São pessoas, que possuem familia e amigos as esperando voltar para casa e bem. Eu fiz uma promessa de proteger a todos, e olha só? Elizabeth, Serena, Cinco e Sophia morreram. Samirah está presa em um sono que eu não sei reverter. Cheryl, Hayley e Lyra deixaram o grupo por não se sentirem seguras.- ela se levantou.- Eu não quero viver com essa culpa. E se o preço por evitar mais mortes é ficar louca e continuar me cagando de medo como estou fazendo agora, que seja. Eu só quero a profecia para acabar logo com isso.- ela, Rhys e Azriel se entreolharam e os dois homens trocaram olhares silenciosos.

Helena Granger: Aventura entre MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora